Os municípios foram distribuídos em quatro grupos: alta, média-alta, média-baixa e baixa vulnerabilidade
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14.09.2017
por Honório Barbosa - Colaborador
Iguatu. O Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica
do Ceará (Ipece) divulgou o Índice Municipal de Alerta (IMA) referente a
2017, com base em análise de indicadores de chuva, produtividade de
safra agrícola, reservas hídricas, bolsa família, seguro safra e
escoamento de produção. São 32 municípios em alta vulnerabilidade, sendo
os cinco maiores Catarina, Potiretama, Monsenhor Tabosa, Deputado
Irapuan Pinheiro e Solonópole.
Os dados têm referência anual, mas apresentam por base as análises dos
indicadores entre janeiro e junho passado. Os municípios foram
distribuídos em quatro grupos por grau de vulnerabilidade: alta,
média-alta, média-baixa e baixa. Os índices foram concedidos no Grupo
Interinstitucional Permanente para Convivência e Desenvolvimento
Sustentável do Semiárido.
Prevenção
O IMA é um instrumento para orientações preventivas sobre as
adversidades climáticas que atingem o Ceará. No documento, ressaltam-se
os seis anos seguidos de chuvas abaixo da média histórica, perda das
reservas hídricas nos mananciais e agravamento do quadro de estiagem,
além de alerta sobre os efeitos das mudanças climáticas que podem
resultar em aumento da temperatura do ar e redução de 20% nos índices
pluviométricos nos próximos 20 anos.
Para o Ipece, o IMA é uma importante ferramenta de gestão que o governo
dispõe para identificar os municípios que potencialmente vão ser mais
afetados pelas intempéries climáticas, falta de recursos públicos,
hídricos e perdas de produção nos setores agropecuários. A partir desses
dados, seriam priorizadas as políticas públicas.
Quanto mais próximo de 1 for o valor do indicador do IMA, mais
vulnerável será o município e quanto mais se aproxima de zero, ocorre o
inverso. Os dados referentes a este ano mostram uma média geral do IMA
de 0,66 - com valor mínimo de 0,25 e máximo de 0,88.
Uma característica no grupo de alta vulnerabilidade que os técnicos
observaram é que ocorre maior homogeneidade nas questões climáticas,
agrícolas e sociais (bolsa família, seguro safra). Já no quadro de baixa
vulnerabilidade incluem-se 31 municípios, que são menos homogêneos
nessas referências.
Os municípios mais vulneráveis, em sua maioria, estão nas regiões dos
Sertões dos Inhamuns (5), Sertões de Crateús (4), Sertão Central (5),
Centro-Sul (9), Vale do Jaguaribe (5). Todos da região dos Inhamuns
(Tauá, Aiuaba, Arneiroz, Parambu e Quiterianópolis) são de alta
vulnerabilidade.
Menos vulneráveis
O estudo demonstra que os municípios com menor vulnerabilidade estão em
sua maioria na Serra da Ibiapaba, Maciço de Baturité, Grande Fortaleza,
Litoral Leste e Litoral Norte. Na Grande Fortaleza, apenas São Luís do
Curu foi classificado como sendo de média-alta vulnerabilidade; e no
Litoral Leste, a exceção foi Jaguaruana. No Litoral Norte, não aparece
nenhuma cidade nesse grau de vulnerabilidade. As regiões de Maciço de
Baturité, Serra da Ibiapaba, Litoral Leste, Litoral Norte, Litoral
Oeste/Vale do Curu e Sertão de Sobral não possuem nenhum município de
alta vulnerabilidade.
Catarina apresentou maior vulnerabilidade (0,88), em decorrência da
situação hídrica dos mananciais, distribuição das chuvas, utilização de
área colhida com culturas de subsistências e a produtividade agrícola
por hectare. Potiretama aparece em segundo lugar com 0,870 e Monsenhor
Tabosa, em terceiro, com indicador de 0,853.
Os três menos vulneráveis são Ibiapina (0,249), São Benedito (0,361) e
Guaramiranga (0,406). Esses têm melhor situação hídrica, climatológica,
bons resultados na produção agrícola por habitante, produtividade
agrícola por hectare mais elevadas e por conseguinte verificou-se uma
menor perda de safra.
Oportuno
Para o economista da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do
Ceará (Ematerce), Antonio Pereira de Souza, o estudo é oportuno, pois
indica onde os recursos públicos para o combate aos efeitos da estiagem
devem ser priorizados. Outro aspecto que salientou foi a preocupação com
o agravamento das condições climáticas, com chuvas em menor intensidade
desde 2012 e possibilidade de persistência do quadro de perdas das
reservas hídricas em 2018.
O vice-presidente da Associação dos Municípios do Estado do Ceará
(Aprece) e prefeito de Cedro, Nilson Diniz, pontuou que a situação
hídrica vem se agravando no sertão cearense, afetando milhares de
famílias que sofrem com a escassez de água de qualidade, perda da renda
familiar mediante a frustração de safra agrícola e maior vulnerabilidade
social. "Esperamos que esse estudo tenha aplicação efetiva no
direcionamento das políticas públicas", finalizou.
Fonte: Diário do Nordeste
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