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domingo, 3 de julho de 2022

Lula promete demarcação e fim de garimpo em terras indígenas

 Ex-presidente participa de ato em Uberlândia pela primeira vez ao lado de Alexandre Kalil, candidato ao governo de Minas Gerais.

Reprodução

Pela primeira vez ao lado do ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), candidato ao governo de Minas, o pré-candidato à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, manifestou hoje sua tristeza diante das últimas notícias sobre o indigenista Bruno Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips, e assumiu o compromisso de que em seu governo haverá demarcação de terras e será decretado o fim da garimpagem em terras indígenas.

O compromisso foi assumido na noite de hoje diante de milhares de militantes partidários que lotaram o ginásio do Centro Universitário do Triângulo (Unitri), em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. O evento contou ainda com as presenças do candidato a vice-presidência, Geraldo Alckmin (PSB); do candidato à reeleição ao Senado, senador Alexandre Silveira (PSD); do candidato a vice-governador de Minas, deputado André Quintão (PT), dentre outras lideranças nacio0nais e regionais.

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Uberlândia foi o quarto município mineiro a receber Lula após o lançamento de sua pré-candidatura, tendo visitado Belo Horizonte, Contagem e Juiz de Fora. No ato de hoje também participaram a presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o deputado federal pelo PSD do Amazonas, Marcelo Ramos, a vereadora Dandara, do PT de Uberlândia, além de lideranças indígenas como Célia Xacriabá e pré-candidatos da aliança em torno de Lula em Minas, como o ex-ministro de Transportes do governo Lula, Anderson Adauto, do PCdoB de Uberaba.

O evento foi transmitido ao vivo pelas redes sociais de Lula. Depois de Uberlândia, Lula segue hoje para o Nordeste, onde vai participar de encontros com a militância em Natal (RN), Maceió (AL) e Aracaju (SE).

Drone

Antes do ato a Polícia Militar de Uberlândia prendeu o produtor rural do município, Rodrigo Luiz Parreira, que comandou um ataque de drone que jogou um líquido usado para espantar moscas nas pessoas que se concentravam na Unitri para participar do ato com Lula. Junto com ele também foram detidos seus cúmplices Charles Wender Oliveira Souza e Daniel Rodrigues de Oliveira, que responderão a inquérito. Os dois são da vizinha Ituiutaba e do Estado de Goiás, respectivamente. Todos foram liberados após prestar depoimento

Hong Kong, amanhã será ainda melhor – Histórias de Hong Kong (3)

 Os próximos cinco anos serão um marco importante para Hong Kong de governança à prosperidade, repleta de oportunidades e desafios

John Lee, Chefe do Executivo da Região Administrativa Especial de Hong Kong na China | Foto: Xinhua

O Primeiro dia de Julho de 2022 marca o 25º aniversário do retorno de Hong Kong à pátria chinesa.

Em 8 de Maio deste ano, John Lee Ka-chiu foi eleito o 6º Chefe do Executivo da Região Administrativa Especial de Hong Kong na China, marcando o grande sucesso das três eleições sob o novo sistema eleitoral de Hong Kong, que foram a Comissão Eleitoral, o 7º Conselho Legislativo e o 6º Chefe do Executivo.

John Lee assumirá oficialmente o cargo no dia 1 de Julho. Unirá e liderará o governo e todos os setores da sociedade de Hong Kong. Será aplicada de forma abrangente e precisa a política denominada “um país, dois sistemas”, abrirá um novo capítulo em Hong Kong de governança à prosperidade, fazendo com que Hong Kong tenha um amanhã ainda melhor.

Com a conclusão bem-sucedida das eleições do chefe do executivo e a melhoria de combate contra a pandemia de Covid-19, as perspectivas de desenvolvimento de Hong Kong como centro financeiro internacional são ainda mais brilhantes.

“Um país, dois sistemas” dá a Hong Kong uma grande garantia institucional e maior flexibilidade, permitindo que Hong Kong adote um sistema financeiro mais internacional e moderno, fornecendo produtos de investimento mais diversificados, proporcionando uma situação vantajosa para o capital estrangeiro, doméstico e local.

A Área da Grande Baía de Cantão-Hong Kong-Macau reuniu um grande número de empresas de inovação e tecnologia de destaque e de manufatura avançada. Hong Kong é a primeira escolha para as empresas da Área da Grande Baía de buscar financiamento e suporte de serviços financeiros.

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Além disso, a criação e implementação da Lei de Segurança Nacional de Hong Kong promoverá a estabilidade política e social que beneficiará o desenvolvimento econômico e consolidará o status de Hong Kong como um centro financeiro internacional.

Em Setembro do ano passado, o Ministério do Comércio e Hong Kong assinaram o Memorando de Entendimento sobre a Promoção do Desenvolvimento de Alta Qualidade das Zonas de Cooperação Econômica e Comercial Ultramarinas. O governo central apoia Hong Kong a usar as zonas de cooperação econômica e comercial no exterior como uma plataforma para participar profundamente na construção do “Cinturão e Rota”, e apoia Hong Kong a aderir à Parceria Econômica Regional Abrangente (RCEP) o mais rápido possível, para aproveitar plenamente as vantagens do serviço profissional de Hong Kong e vencer os obstáculos de abrir o mercado de ” Cinturão e Rota “, expandindo o espaço de cooperação internacional de Hong Kong.

Os próximos cinco anos serão um marco importante para Hong Kong de governança à prosperidade, repleta de oportunidades e desafios. A plataforma eleitoral de John Lee contém quatro grandes linhas de políticas, incluindo o fortalecimento da capacidade de governança do governo; melhoria da velocidade, eficiência e quantidade do abastecimento de terrenos e habitação; aumento abrangente da competitividade de Hong Kong e criação de espaço para o desenvolvimento sustentável; construção de uma sociedade inclusiva, atribuindo grande importância ao desenvolvimento da juventude. O esboço de política relevante está de acordo com as atuais necessidades de desenvolvimento de Hong Kong.

Acreditamos que, com o cuidado e apoio do governo central, o novo governo de Hong Kong fará bom uso das vantagens de “um país, dois sistemas”, integrar-se-á totalmente ao desenvolvimento nacional geral, participará profundamente na construção da Grande Baía de Cantão-Hong Kong-Macau, e apanhe o trem expresso do desenvolvimento econômico, liderando os 7,4 milhões de residentes de Hong Kong a se unirem e trabalharem no novo ponto de partida do desenvolvimento, e fazer de Hong Kong uma “Pérola do Oriente” que deixa o país orgulhoso, a população honrada e a comunidade internacional admirada por essa cidade.

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Nova constituição vem para enterrar herança neoliberal de Pinochet, diz CUT Chile

 Para Amalia Pereira, dirigente da Central Unitária de Trabalhadores, o “Aprovo” no plebiscito de 4 de setembro corresponde à expectativa do levante popular em que milhões se manifestaram por um novo Chile

Manifestação pelo "Sim" à nova Constituição no plebiscito de 4 de setembro. No destaque, Amalia Pereira, CUT-Chile. Imagem: AFP/Martin Bernetti e CUT-Chile

Após um ano de intensos debates, a proposta de Nova Constituição será entregue ao presidente do Chile, Gabriel Boric, na próxima segunda-feira (4). Em entrevista, a dirigente da CUT Chile, Amalia Pereira diz que aprovação da nova constituição virá “a fim de construir um país novo, que enterre a herança neoliberal do ditador Augusto Pinochet (1973-1990)”.

Qual a importância da Nova Constituição para o presente e o futuro do Chile?

Em primeiro lugar precisamos reconhecer que esta é uma Nova Constituição em direitos, que vem para abolir a Constituição da ditadura de Pinochet, feita por meia dúzia de pessoas. Agora teremos uma nova Carta Magna baseada nos direitos humanos e ambientais, nos direitos de todos e todas, dos povos originários. Para isso foi importante a participação paritária de 155 trabalhadores, intelectuais, sendo ampla em todos os sentidos da palavra.

Mas temos problemas desde há muito tempo, abusos de desamparo e desproteção do Estado: na saúde, na educação, bem graves no âmbito ambiental e de moradia. As grandes empresas e os poderes econômicos se apropriam dos territórios, acabam ocupando terreno e levando problemas às comunidades. Isso temos mais fortemente na fundição da cidade de Puchuncavi, na região central de Valparaíso, onde passaram mais de 30 anos e ninguém havia se preocupado. Enquanto isso, continuaram morrendo e adoecendo crianças, adultos e idosos devido à contaminação. E não somente ali, mas em muitos locais onde não se deu atenção ao meio ambiente. Houve a privatização da água e somos o único país em que a água é vendida, o que agravou os problemas ambientais graves. Acreditamos que a Nova Constituição vem para sanar isso.

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Vale lembrar que é uma Constituição que aflorou após um estalido social [levante popular que ocorreu com força entre outubro de 2019 e março de 2020] em que milhões tomaram as ruas pela construção de um novo Chile. Depois do levante queremos educação gratuita, saúde gratuita, moradia e dignidade para nosso povo.

Manifestação no Chile, em 2019, por uma nova Cosntituição

Acreditamos que do ponto de vista interno da Assembleia ocorreram alguns desacertos mais de caráter administrativo, já que do ponto de vista da jornada todos os constituintes trabalharam 24 horas, de segunda a domingo, para fazer com que todos sejamos sujeitos plenos de direitos, como foi reivindicado pela sociedade em seu conjunto nas grandes manifestações.

Em relação ao mundo do trabalho, o que é necessário resolver?

A ditadura nos tirou inúmeros artigos do Código do Trabalho, tivemos um Tribunal Constitucional que nos castigou nos direitos fundamentais, suprimiu o diálogo social, o tripartismo, as relações empresa-trabalhador-Estado. O Estado punitivo passou a dar mais direitos a empresas que aos próprios trabalhadores, que ficaram vulneráveis. Ficamos fragilizados ao sermos colocados bem distante da negociação coletiva, do direito à sindicalização automática e à agrupação formal.

Tudo isso faz com que haja uma problemática apresentada nas últimas eleições parlamentares em que a direita fez a sua bancada e o presidente Gabriel Boric não tem o apoio irrestrito que necessita para caminhar. Sendo assim precisa andar com cuidado, porque a reação continua tendo muito poder, a direita com o poder econômico e da mídia. A reação também se aproveita do descrédito dos partidos políticos, das Forças Armadas, da Igreja e de todas as organizações mais antigas da nossa sociedade.

Manifestação no Chile, em 2020

O que ocorreu no levante impactou muito fortemente a todos. Estamos diante de um cenário complicado em todos os sentidos da palavra: político, social, administrativo. E isso incide sobre o governo do companheiro Boric. Vivemos um problema de tributação muito grave em que os ricos pagam menos e nós, pobres, pagamos mais. O Chile tem uma desigualdade muito grande. Em relação a isso nos governos dos presidentes Salvador Allende e Michele Bachelet também se tentou fazer uma Nova Constituição, mas sempre houve uma oposição muito forte da direita, que é quem tem mais presente o seu sentido de classe. Buscam de todas as formas manter seus privilégios.

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Para alterar esta realidade será apresentada a proposta da Nova Constituinte na próxima segunda-feira (4) e já podemos iniciar na quarta-feira (6) a campanha pela sua aprovação.

Os movimentos sociais estão indo à luta pelo Aprovo, mas a reação tem o controle absoluto dos meios de comunicação pelo Não. O que fazer?

Eles vêm com força. Não será fácil para reverter toda essa campanha que, sorrateiramente, vieram impregnando, contaminando, envolvendo com seus tentáculos uma parcela da sociedade. Some-se a isso como a mídia se aproveita de problemas como o do narcotráfico, que atinge nosso país e aflige nossa juventude, com todos os dias tendo pessoas mortas, tanto chilenos como estrangeiros, seja nos bairros populares ou nos mais ricos, e o crescente roubo de veículos. Tudo isso tem se transformado em discurso, com muita gente se tornando presa fácil para a direita. Inclusive problemas internos da Constituinte – como o comportamento de um que precisou retirar-se por mentir que tinha câncer – que é repetido à exaustão acaba influindo na conduta dos seres humanos. O objetivo é baixar a autoestima, vendendo a imagem do chileno como sendo sempre mais do mesmo, condenado à repetição de erros.

Com a desinformação há um controle das notícias, que não chegam a todos. Para que queremos uma Nova Constituição, para que serve? Por que poderá durar 50 ou 100 anos? Os poderes econômicos têm a mídia e os recursos que lutam para nos manter sob pressão, coagidos. Por isso é preciso ir às ruas para romper as amarras.

A convocação de uma nova Constituição foi tema da campanha que elegeu Gabriel Boric presidente do Chiçe

E isso vale para o discurso desta mídia em função dos interesses do capital financeiro e das transnacionais, que fica mais evidente na questão das Administradoras de Fundos de Pensão (AFP).

Exatamente. Os que querem que tudo se mantenha como está vem com o discurso de que a Nova Constituinte irá prejudicar o país, para roubar o dinheiro das aposentadorias. Virá um corralito [restrição de sacar dinheiro] como o da Argentina em 2001. Espalham incertezas, temor e a cultura do terror: vão retirar minha propriedade, retirar meu automóvel, vou perder um terreno, vão me expropriar. Há uma manipulação psicológica para que as pessoas reajam com medo a tudo isso. É um verdadeiro filme de terror.

Daí a importância que os jovens compareçam às urnas. Há em nosso favor o fato de que a votação tem caráter obrigatório e uma grande potência no voto feminino. As mulheres vêm ocupando um espaço importante no processo, o que tem feito a diferença.

Qual a sua expectativa em relação ao plebiscito?

Acredito na vitória do “Aprovo”. Com a compreensão de que esta votação não é para mim, é para meus filhos, minhas netas, minhas bisnetas. Mas a disputa é difícil porque os avanços concretos não ganham espaço, não são divulgados amplamente, como faz a grande mídia quando trata dos seus interesses, isso simplesmente não é informado. Ao contrário, a direita mente de forma incisiva, categórica e irreversível em função dos seus interesses.

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Por isso há muita gente que pode não querer votar, dizendo que vai ser mais do mesmo, e isso nos preocupa. Há um discurso midiático de que o reconhecimento de direitos aumentará o desemprego, quando é o oposto. Some-se a isso o fato de os meios de comunicação serem potentes e estarem nas mãos de poucas famílias [há um duopólio com o El Mercurio Sociedade Anónima Periodística (SAP) e o Consorcio Periodístico de Chile (COPESA) concentram 82% dos leitores e mais de 84% da publicidade no setor], em conluio com as empresas transnacionais.

Muita gente ainda não sabe que precisa ir votar em 4 de setembro ou não tem a dimensão da relevância da Nova Constituição. A ditadura de Pinochet nos deixou infiltrado o vírus do neoliberalismo e está nos custando caro expulsá-lo.

Infelizmente, a mídia busca impregnar massivamente uma situação conformista, contra a qual estamos combatendo fortemente. Daí a nossa luta contra o divisionismo e a fragmentação, para que não sejamos presa fácil, para não ficarmos invisibilizados, durante quatro anos, como no último governo de Sebastián Piñera (2018-2022). Do ponto de vista das centrais sindicais, precisamos buscar a unidade, necessitamos estar unidos em um ponto de convergência, em um ponto comum.

O princípio que teremos agora é a Nova Constituição, a construção de um Estado social, democrático, igualitário, participativo, que se preocupa com os povos originários, com o cidadão sujeito de direitos, que investe na ciência e na tecnologia, com o futuro de todos e todas. Acreditamos que o Aprovo vai ganhar porque o povo está pedindo, porque é uma reivindicação da nossa gente.

Milhares de pessoas se reúnem com Lula em ato político na “Bahia insubmissa”

 Após participar do cortejo do 2 de julho, o ex-presidente Lula reuniu-se, mais uma vez, com a população baiana, na Arena Fonte Nova.

Após participar do cortejo do 2 de julho, o ex-presidente Lula reuniu-se, mais uma vez, com a população baiana, na Arena Fonte Nova.

Publicado 03/07/2022 07:00 | Editado 03/07/2022 08:37

Multidão participa de Grande Ato pela Independência no Arena Fonte Nova, em Salvador, com a presença de Lula, Alckmin e lideranças dos partidos que compõem a Frente Vamos Juntos pelo Brasil. Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação

Após participar do cortejo do 2 de julho de hoje, o ex-presidente Lula reuniu-se, mais uma vez, com a população baiana, só que na Arena Fonte Nova, em um grande ato político, ao lado de figuras como Geraldo Alckmin, seu pré-candidato a vice-presidência, do governador Rui Costa, dos senadores Otto Alencar e Jaques Wagner, de Jerônimo Rodrigues, pré-candidato a governador do estado, de presidentes de partidos, representações dos movimentos sociais, sindicais e parlamentares do PCdoB, entre outros partidos.

Grande Ato pela Independência, com a presença de Lula e Alckmin Foto: Ricardo Stuckert

Conforme Lula, “embora Dom Pedro tenha gritado a independência ou morte lá às margens do Rio Ipiranga, a verdade é que a independência veio a acontecer quando homens, mulheres, índios, negros, e muita gente desse estado [da Bahia], resolveram levantar a cabeça e mandar os portugueses embora, definitivamente, para conquistar a independência”, reiterou.

O pré-candidato à presidência da República completou ainda dizendo que “são tantas lutas pela liberdade que o próximo governador, que vai ser o meu candidato Jerônimo [Rodrigues], poderia adotar o seguinte slogan para sua campanha: ‘Bahia insubmissa’”, disse em sinal de apoio ao pré-candidato.

De acordo com Jerônimo, “o 2 julho é a data da nossa independência, e, daqui a 3 meses, 2 de outubro, nós também queremos celebrar uma nova independência do Brasil. Esse presidente que está aí [Bolsonaro] maltratou muito o Brasil, maltratou muito a Bahia, mas a Bahia tem governo, a Bahia resistiu” contou.

Jerônimo afirmou ainda que, sendo eleito, pretende trabalhar para a melhoria do estado. “Fica aqui o compromisso, meu, de Geraldo [Júnior] e de Otto, nós vamos, Rui e Jaques Wagner, dar continuidade aquilo que você [Wagner] iniciou e que Rui está tratando agora. Mas, já que fui desafiado, vou fazer melhor. Vou ter a chance de fazer melhor porque eu, como Rui não teve, vou ter um presidente da República ao meu lado, ao lado da Bahia”, declarou.

A presidenta do PCdoB, Luciana Santos, participou da agenda de Lula e Alckmin na capital da Bahia

A presidenta nacional do PCdoB, Luciana Santos, também esteve presente no ato de Lula. Segundo ela, “a luta da independência continua mais do que necessária, porque nós estamos diante de um cenário de ameaça à nossa soberania, à nação, e é por isso a necessidade da luta pela independência, de ressignificar esse momento. O povo da Bahia está aqui em peso, como estava lá no 2 de julho, para dizer em alto e bom som: Fora Bolsonaro! Queremos ser feliz de novo. Viva o Brasil, viva o povo”, manifestou.

A presidenta nacional do PCdoB, Luciana Santos, discursa na Arena Fonte Nova

Marcaram presença ainda Davidson Magalhães, presidente do PCdoB-BA, a deputada e o deputado federais Alice Portugal e Daniel Almeida, os estaduais Olívia Santana e Bobô Tavares, o vereador Augusto Vasconcelos, a presidenta do PCdoB Salvador, Aladilce Souza, a presidenta da UNEGRO- BA – União de Negras e Negros pela Igualdade, Ângela Guimarães, a presidenta da CTB-BA – Central dos Trabalhadores e Trabalhadores do Brasil, Rosa de Souza, o presidente da UEB-União dos Estudantes da Bahia, entre outras lideranças.

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Escândalo da Caixa: como Guimarães transformou assédio em modelo de gestão, o 'dossiê KGB' e os bastidores do esquema

 

 



Um roteiro de assédios variados, impossível de escapar. Um esquema implacável. E, se conseguisse escapar de uma investida sexual, havia outro tipo de assédio na esquina: o moral. É assim que funcionárias e funcionários da Caixa Econômica Federal - em cargos estratégicos - resumem o que viveram no trabalho desde que Pedro Guimarães chegou ao banco, em 2019. Eles chamam o período de "inferno".

Mas Guimarães não agiu só. Quando assumiu, o ex-presidente da Caixa levou homens de confiança e os transformou em seus aliados. Para muitos dirigentes do banco ouvidos pela reportagem nos últimos dias, homens (e mulheres) cúmplices de um esquema que ia de aliciamento de funcionárias a acobertamento desses crimes estão, agora, na mira do Ministério Público

A lista nas mãos dos investigadores, segundo o blog apurou, só cresce desde a revelação do escândalo, na última terça-feira (28).

Desde então, o blog foi procurado por dezenas de mulheres e homens que, antes orgulhosos de exibir o crachá da Caixa, hoje amargam danos psicológicos, pessoais e profissionais por terem sido alvo da cultura de assédio implementada por Guimarães nos últimos três anos. Essas pessoas decidiram contar suas histórias.

O blog ouviu diversos relatos, a maioria com um modus operandi comum: uma mulher era alvo do interesse de Guimarães, era sondada por Celso Leonardo e, no momento em que recusava as investidas do chefe, caía em desgraça dentro do banco, com rebaixamentos de funções específicas.

Uma vez deslocada, chegava “carimbada” ao novo setor, o que significava permissão aos novos chefes, cúmplices de Guimarães, para praticarem assédio moral como “punição”.

“Criou-se uma cultura de permissão no banco. Como o Pedro Guimarães fazia, todos os dirigentes se sentiam avalizados a fazer, liberados a praticar o assédio que quisessem. Assédio é um modelo de gestão dentro da Caixa. E, quando você resistia a isso, você era bloqueada na empresa - e foi isso o que aconteceu comigo. Quando eu disse não para o assédio sexual dele, fiquei carimbada como uma das que disseram não. Então, como punição, fui removida e virei alvo de assédio moral de outro dirigente - o Antonio Carlos”, relata uma das vítimas da Caixa.

Um dia após as denúncias, Guimarães entregou ao presidente Jair Bolsonaro uma carta de demissão. No documento, ele nega as acusações de várias funcionárias da Caixa que apontaram situações de assédio. O caso é investigado pelo Ministério Público Federal e será apurado também pelo Ministério Público do Trabalho.

“Dossiê KGB”

O relato acima da funcionária é um resumo de um roteiro repetido de quem passou nas mãos da “gangue de Guimarães”, como muitos desses funcionários os classificam.

Por sofrerem por muitos anos com medo das ameaças de Guimarães, esses funcionários passaram a se organizar nos bastidores e produzir provas materiais, entre mensagens de WhatsApp, vídeos, documentos e áudios do que viveram para entregar ao Ministério Público.

No caso acima, o blog teve acesso a um desses áudios. Antonio Carlos Ferreira, a que a vítima acima de refere, é o vice-presidente de logística da Caixa que, antes, foi presidente do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

Quando deixou o cargo no Coaf, foi para a Caixa por indicação do governo Bolsonaro. No banco, é descrito por funcionários como um dos aliados de Guimarães e um dos responsáveis por uma “perseguição implacável” dos funcionários no âmbito moral.

Ele já foi vice-presidente de Pessoas, posição que deveria justamente zelar e difundir as boas práticas da gestão pública.

Nos relatos colhidos pelo blog, seria dele a atribuição de executar o que ficou conhecido nos corredores da Caixa como “dossiê KGB”.

Assim que ouvi a expressão pela primeira vez, procurei outros funcionários para confirmar a prática. Não só confirmaram, como todos - entre mulheres e homens -, estão organizando o material relatando suas experiências para entregar aos investigadores.

O “dossiê KGB”, que oficialmente era chamado de “Relatório de Integridade”, consistia em usar como desculpa um “filtro, uma pesquisa reputacional” sobre o histórico do funcionário - como, por exemplo, se ele tinha ficha criminal ou pendências na Justiça.

Mas, segundo os relatos das vítimas, o objetivo, na verdade, era fazer uma devassa na vida pessoal do funcionário, questionando-o sobre as amizades, as posições políticas suas e de seus amigos, além da religião. Se fosse considerado de esquerda ou amigo de alguém de esquerda, por exemplo, estava condenado à morte profissional.

"Os 'dossiês KGB' eram motivo de orgulho para Pedro Guimarães. Em reuniões com funcionários nas agendas do Caixa Mais Brasil, ele fazia questão de mencionar essa 'pesquisa', inicialmente feita de maneira oculta por sua consultoria direta e, posteriormente, incluída nos normativos do banco como pesquisa reputacional", denuncia uma funcionária.

Funcionários relataram ao blog casos emblemáticos dessa prática: em um episódio, um homem foi chamado por um encarregado de Guimarães e Antonio Carlos a explicar por que estava, em uma foto nas suas redes sociais, abraçado a um funcionário da Caixa que era de esquerda. Ele não entendeu o questionamento.

“Aí, a pessoa que se prepara, faz mestrado para buscar oportunidades melhor, e acaba numa agência pagando Auxílio Brasil só porque eles decidiram que você não pode abraçar alguém que eles acham que é de esquerda. E se for? E daí?”, lamenta uma das vítimas.

Outro homem, com mais de 20 anos de Caixa, se submeteu a um processo seletivo para ser promovido para uma função em 2020. Passou, mas foi cortado assim que “apareceu” como filiado a um partido “de esquerda” nos anos 2000 - 20 anos antes.

Pior: não sabia do que de tratava quando foi chamado e tomou um susto. Para esclarecer o caso, se dispôs a ir até partido, pedir a tal ficha de filiação e, com o papel em mãos, foi ao cartório. Com o documento oficial- com firma reconhecida- de que aquela assinatura da ficha de filiação não era dele, voltou à Caixa. Mas não adiantou: mesmo assim, ele perdeu a promoção .

O blog questionou a Caixa sobre se Antonio Carlos gostaria de responder e também sobre o que o banco tem a dizer sobre os relatos da existência do “dossiê KGB”, método de perseguição a funcionários usado como critério para promoções e rebaixamentos com base na posição ideológica e na religião. O banco também foi questionado sobre a devassa nas redes sociais dos integrantes da Caixa.

A assessoria do banco apenas se limitou a dizer que “todas as informações serão encaminhadas para análise da Corregedoria do banco, bem como pela empresa independente a ser contratada pela nova gestão”.

Veja os relatos de assédio contra o presidente da Caixa, Pedro Guimarães
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Veja os relatos de assédio contra o presidente da Caixa, Pedro Guimarães

Imagem na lama

Desde que os casos foram revelados, outras mulheres e homens procuraram colegas para se juntar aos relatos e vão engrossar a lista de denúncias ao MP.

Desses dirigentes, caíram Guimarães e Celso Leonardo - mas Antonio Carlos e outros ainda permanecem nos quadros da empresa.

A nova presidente do banco, Daniella Marques, tem prometido, nos bastidores, ser implacável contra a cultura do assédio no banco, e o MP avança no organograma do esquema de homens (e mulheres) que sustentaram o reinado de Guimarães.

As demissões só não foram comemoradas porque a maioria está sob efeito de remédios e ainda vive com o trauma do que viveu. Mas, mesmo sem alegria, respiram aliviados e esperam punições da Justiça.

Assim como repetem um padrão nos relatos do modus operandi de Guimarães - repetem um lema que ficou conhecido nos corredores do banco quando o ex-presidente assumiu.

Ele, que era um “espelho” do modo bolsonarista de viver - pegou carona no discurso do combate à corrupção que ajudou a eleger Bolsonaro em 2018. Dizia, se gabando, que “a Curitiba, ele só ia a passei ou a trabalho”, referindo-se a petistas presos na Lava Jato.

Guimarães também dizia que, em sua gestão, a Caixa saiu das páginas policiais - referindo-se a dirigentes de estatal como Geddel Vieira Lima, que foram presos por escândalos envolvendo esquema de corrupção da Caixa.

“Ele se gabava de que a Caixa não estava mais nas páginas policiais. Acho que a sensação de impunidade e de tratar a mulher como cidadã de segunda categoria, de humilhar os outros... Tudo isso o levou a pensar que assédio era um crime menor. Olha onde está a imagem da Caixa agora”, lamenta uma das funcionárias vítima do assédio de Guimarães e sua “trupe”.


Fonte: https://g1.globo.com/politica/blog/andreia-sadi/post/2022/07/03/escandalo-da-caixa-como-guimaraes-transformou-assedio-em-modelo-de-gestao-o-dossie-kgb-e-os-bastidores-do-esquema.ghtml