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segunda-feira, 30 de abril de 2018

Um ano sem Belchior, um compositor além do seu tempo

A música popular brasileira tem em Belchior um de seus momentos mais densos. O compositor cearense impôs ao cancioneiro brasileiro uma temática complexa, ousada e de forte apelo popular. As letras de Belchior ultrapassam a força da própria canção e invadem o regime das citações sociais de maneira fragmentária e destacada.


Por Gustavo Conde*

  
 É uma organização discursiva espontânea e singular, muito pouco comum para um letrista pertencente ao universo da indústria fonográfica e à cultura popular das narrativas urbanas. Belchior ultrapassa fronteiras formais, instala uma voz poderosa na cena musical e cria um discurso filosófico repleto de intertextos que violenta a percepção do ouvinte tradicional da canção, sugerindo uma ação crítica deste ouvinte, seja com relação a sua existência enquanto sujeito da história, seja com relação à própria canção, numa dialética complexa e de caráter mobilizador.

Belchior escolhe com muita precisão a temática que vai servir de condutor para esta pletora de sentidos. Ele faz uso, em primeiro plano, da história. Suas canções são fortemente contextualizadas no tempo e no espaço. O Brasil dos anos 70 está lá como em poucos outros lugares: as migrações internas, o preconceito, a utopia, a opressão, a cultura como fonte de resistência, a plurivocalidade da canção popular (que se desdobra em tema), a cena familiar e passional típicas de um regime de exceção e exclusão, a amizade revolucionária, a sutileza avassaladora das metáforas que driblam a censura do próprio ‘eu’, enfim, uma organização temática que vai produzir um significado muito peculiar de unidade formal, porque, dentro da sua multiplicidade, vai servir sempre a um sentido fundador e onipresente: o sujeito que não se enquadra nas convenções sociais mas que ao mesmo tempo as respeita e as investe de delicadeza e humanidade.

Em um segundo plano formal, Belchior constrói scripts que conduzirão toda a sua obra de maneira quase obsessiva. Ele lida com dicotomias retoricamente muito poderosas e geradoras de energia narrativa: o velho e o novo, o passado e o presente, o conhecido e o desconhecido, o contemplado e o contemplador, o cantor e o ouvinte, a origem e o fim, o popular e o erudito e a urgência e o vagar.

Todos esses contrários são as molas narrativas que lançam em cena um sujeito tomado por uma tensão filosófica incessante, que estabelece um regime de temporalidades psicológicas vertiginoso, em que os espaços para distensão serão os momentos de resolução das canções, em geral seus finais, em que o eu cancional consegue respirar em meio às suas infinitas indagações existenciais.

Belchior também postula um eu cancional dotado de extrema personalidade, persuasivo, invocador, mobilizador, atentador. Um eu que quer o tempo todo tocar e invadir o espaço de seu outro, seja o objeto desejado na canção, seja o próprio ouvinte da canção. Isso se materializa numa dicção fortemente interpelativa, interlocutória, dialógica. O eu belchioriano é invasivo, revolucionário e dotado de extrema energia simbólica e física – pois ele busca e se debruça via sub narrativas nesse ‘outro’ que habita a canção.

O eu belchioriano, no entanto, vai além. Ele se estilhaça e promove um discurso polifônico, distribuindo a voz múltipla que habita o coração do compositor. A potência de um eu tão complexo e, por vezes, difuso acaba por configurar uma voz extremamente inquieta, como sói acontecer, por exemplo, em Dostoiévski. O eu cancional de Belchior adentra essa sofisticação literária e possibilita essa multiplicidade vocal que, como em Dostoiévski, pode, às vezes, ceder espaço autoral às próprias criações que emanam de uma mente concreta e localizável no mundo (Antonio Carlos Belchior e/ou Fiódor Mikhailovitch Dostoiévski). Em suma, em alguns momentos um dos vários eus coadjuvantes de Belchior toma posse da narrativa cancional e joga o protagonista para uma posição narrativa secundária (isso acontece em “Paralelas”).

Belchior, portanto, não propõe um eu cancional onipresente apenas: ele propõe um regime de eus. Outra consequência dessa formalização enunciativa é uma voz concreta do intérprete de si mesmo Belchior que acabou por se tornar uma referência estética de projeção vocal. Belchior fala enquanto canta. Ele discursa, acelera os tempos, comprime a prosódia, amplifica a métrica, modula a colocatura, busca a “falha” como expressão, adensa o timbre, manipula o curso natural das resoluções rítmicas, raspa a glote em busca de profundidade passional, alterna coloquialismos, inverte posições sintáticas – aqui, já numa contaminação de sua própria concepção intelectiva das canções como unidades de sentido e de tensão.

Por fim, Belchior inaugura um ethos cancional peculiar, comum aos desbravadores de sentido, por assim dizer. Um ethos é um modo de dizer, uma dicção específica dotada de um tom específico que produz um efeito novo com relação ao conteúdo ali propagado. A título de ilustração, eu colocaria entre os desbravadores de sentido, Darwin, Freud e Marx. Esse autores não foram só autores: eles fundaram discursividades, com suas respectivas maneiras de narrar as próprias descobertas científicas.

À sua maneira, Belchior é um fundador de discursividade. Ele planeja sua peça cancional dentro de um rigor estético muito evidente, mas ao interpretar a si mesmo com sua voz única, ele intensifica ainda mais o sentido geral de seu enunciado.

Belchior é até mais que um intérprete de si mesmo no sentido estrito. Sua própria vida foi tomada pela força de sua obra. Como suas letras já relatavam uma autobiografia fragmentária que se confundia com sua própria vida de compositor e cantor celebrado na cena musical, o desdobramento de ambas, vida e obra, tomou o destino de assalto.

Belchior que amou viajar pelo Brasil e fez disso um tema recorrente em suas canções, acabou ele mesmo confinado em um país vizinho – o Uruguai – para viver seus momentos finais como indivíduo de carne e osso. Projetos interrompidos, legado mal resolvido, legiões de fãs órfãs antes mesmo de sua despedida, tudo isso poderia muito bem compor um desdobramento de sua temática cancional. Aliás, de uma certa maneira, tudo isso está lá, edificado em versos premonitórios e de raríssima beleza e força. 

*Gustavo Conde é linguista e colunista do Brasil247.

Fonte: Brasil247


    Flávio Dino: Valorizar o trabalho


      
    Nesta semana que hoje inicia, teremos mais um fato importante em favor dos trabalhadores e da economia do Maranhão: a retomada da operação da Usina de Pelotização da Vale, que estava paralisada há muitos anos. Como temos feito permanentemente, valorizamos esse investimento privado, pois somente mediante a união de todos será possível vencer a recessão que sufoca o Brasil.

    Mantemos no Maranhão uma alta taxa de investimentos públicos, superior à média nacional, e apoiamos o setor privado, e por isso tivemos em 2017 o maior crescimento do PIB do Brasil. Andei pelo sul do Estado na semana passada e conversei com representantes da agricultura empresarial e familiar, sempre encontrando animação com os resultados que estamos colhendo, de onde extraio a crença de que 2018 será ainda melhor.

    Isso contrasta muito fortemente com o que vemos em nível nacional. Caminhos errados fizeram com que a economia brasileira tenha dificuldade de acelerar e gerar oportunidades. Fico pensando que, se o Brasil tivesse seguido o curso normal, e não esse caminho repleto de anomalias institucionais, nossa economia estaria já em franco crescimento.

    A crise econômica que o país está vivendo torna ainda mais trabalhoso manter a sanidade fiscal do estado, como temos feito, o que foi reconhecido recentemente pela agência internacional Moody´s. Só assim, pudemos ampliar a capacidade de investimento do governo estadual em obras que criam postos de trabalho, além da geração direta de vagas por meio da contratação de novos servidores públicos. Com efeito, somos o Estado campeão em concursos públicos nos últimos anos.

    No ano passado, fomos o segundo estado do Nordeste que mais criou vagas de emprego, segundo levantamento do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho. Enquanto isso, o Nordeste todo perdia 14.424 vagas e o país fechava 20.832 postos em 2017. Em março deste ano, obtivemos o melhor saldo de geração de empregos formais dos últimos 8 anos no estado.

    Postos de trabalho que também são frutos de políticas específicas. É o caso do Mais Empregos, que em sua primeira fase, gerou mais de 500 oportunidades de trabalho. Em 2017, lançamos a segunda etapa do programa, agora com adesão de 240 microempresários de todo Estado. Com esse programa, o governo garante o pagamento de R$ 500 por mês, para cada nova contratação feita por empresas cadastradas.

    O Mutirão Rua Digna, além de melhorar as vias de bairros da capital e das cidades de menor IDH do estado, está gerando renda, ao mobilizar mão de obra local de cerca de 1.000 trabalhadores em todas as comunidades beneficiadas.

    Com capacitação, acompanhamento técnico e entrega de equipamentos, o programa Mais Renda já permitiu que 1.700 trabalhadores saíssem da informalidade e tivessem dignidade em suas atividades comerciais.

    São resultados de um governo que tem os pés no chão, mantém suas contas em dia, dentro do máximo possível, e que está construindo um ambiente de negócios mais sadio e propício ao investimento. Acabou a época dos governantes que disputavam negócios com as empresas, protegiam alguns e perseguiam outros.

    Somos um governo que valoriza o trabalho e os trabalhadores, que busca o desenvolvimento para todos e que acredita no Brasil. Por isso mesmo, consideramos que o 1º de maio que se avizinha é uma data especial de homenagens e de lutas para que tenhamos um Brasil mais justo e com mais chances para todos

    Artigo do Governador do Maranhão, Flávio Dino

      1°de maio: dia de lutar pelos trabalhadores e pela democracia

      Neste Dia do Trabalhador, primeiro após o duro golpe na CLT com a aprovação da Reforma Trabalhista e da terceirização irrestrita, comunistas reforçam a necessidade de batalhar pelos direitos do povo.


      Por Ana Luiza Bitencourt

      Mídia Ninja
        
      O início do mês de maio é historicamente marcado pela luta. Conhecido como Dia do Trabalhador, ou do Trabalho, a celebração do dia 1º remonta ao ano de 1886, quando milhares de operários mobilizaram uma greve geral e foram às ruas de Chicago, nos Estados Unidos, para reivindicar melhores condições de trabalho. 

      Neste 2018, a tradição de afrontar os patrões e lutar pelos direitos dos trabalhadores através da conscientização precisa ser mantida. Esta é a primeira data alusiva à categoria depois das aprovações da Reforma Trabalhista e da terceirização desenfreada, dois dos principais (de tantos) ataques ao povo brasileiro nos últimos meses.

      Para além da destruição dos preceitos trazidos na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), o que tem se observado no governo ilegítimo de Michel Temer é uma afronta diária à própria Constituição do país, como pontua o líder do PCdoB na Câmara, deputado Orlando Silva (SP). 

      “Neste 1º de maio, lutaremos pela democracia, ferida em 2016 com um golpe parlamentar que tem avançado em uma escalada autoritária, chegando ao ápice com a prisão injusta de Lula. O golpe se estendeu também à CLT, quando destroçaram direitos históricos dos trabalhadores brasileiros. Aquela negociação que eles disseram que teria, não existe. Os patrões impõem padrões terríveis para os trabalhadores e seus sindicatos. Lutemos!”, convoca o deputado.

      O deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA) ainda destaca que o Brasil está sendo desmontado política, institucional e economicamente, e que a mobilização precisa vir de todos os setores da sociedade.

      “Cada dia fica mais clara a necessidade de nos mobilizarmos em torno de um amplo projeto nacional de desenvolvimento, articular amplas forças políticas, e trazer os trabalhadores para serem protagonistas deste caminho. Este 1º de Maio é a oportunidade perfeita para darmos força e vazão a essa ideia”, disse Almeida.

      Neste ano, o tradicional evento unificado do Dia dos Trabalhadores em São Paulo terá como alicerce a defesa da democracia, dos direitos, dos empregos, dos salários e das aposentadorias. O ato promovido pelas centrais sindicais ocorrerá na Praça da República, região central da cidade, a partir das 12h.

      O evento também será interligado com manifestações por todo o Brasil. As inciativas estão sendo organizadas pela Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Intersindical e movimentos que compõem as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo. 

      Fonte: PCdoB na Câmara

        Sambistas lançam livro que resgata a história da música popular


        Sambistas do Instituto Cultural Glória ao Samba lançaram o livro Primeiras lições de samba e outras mais, do historiador da música popular brasileira José Ramos Tinhorão, durante uma roda de samba no Instituto Moreira Salles, capital paulista. O lançamento teve a presença do autor, que acaba de completar 90 anos. No evento, foi festejado também o centenário do compositor Geraldo Pereira, com um repertório de composições de sua autoria que são pouco conhecidas.

        Reprodução
          
        Quando Tinhorão começou a pesquisa sobre o samba, nos anos 1960, para escrever a série de artigos Primeiras lições de samba para o Jornal do Brasil, a bibliografia do assunto era rasa, com apenas dois livros da década de 1930. Foi necessário, então, cobrir uma lacuna de cerca de 30 anos de defasagem sobre o tema. Tinhorão catalogou mais de mil títulos sobre música popular que tinham sido publicados na imprensa até então, além de colher depoimentos com sambistas pioneiros como Heitor dos Prazeres, Bide e Ismael Silva.

        Na época, ele trabalhava como copydesk no jornal, redigindo ou revisando textos, mas gostava muito de música popular desde bem jovem e, de vez em quando, escrevia para o suplemento cultural do jornal. Em 1961, o Jornal do Brasil publicou a série de artigos Primeiras lições de jazz e, quando acabou, a direção lembrou da afinidade de Tinhorão com a música e deu espaço para a nova série sobre o samba.

        “Eu me lembro que eu falei para ele [diretor do jornal] 'você acha que é assim? Sobre jazz, tem uma vasta bibliografia. E nós não temos nada, a música popular das cidades não está ainda registrada'. Você conhece os nomes, Cartola, Donga, João da Baiana, Pixinguinha. Tem nomes, nomes que eram entrevistados às vezes na imprensa, falavam sobre aquele assunto no momento e acabou. Não tinha registro bibliográfico. Aí ele falou 'se não tem, você procura e passa a ter', e me jogou a responsabilidade”, contou Tinhorão.

        O resultado dessa dedicação foi o primeiro grande estudo sobre o samba, na série de artigos que durou um ano no Jornal do Brasil, entre 1961 e 1962. Tinhorão tornou-se próximo dos sambistas e usou um método pouco convencional pra escrever sobre eles, em que não colhia depoimentos, mas convivia com as fontes, alimentando, quase sempre, conversas informais que resultavam em revelações.

        Foi assim que escreveu um ensaio sobre a vida e a obra de Nelson Cavaquinho, um dos destaques do livro. A obra é encerrada com um texto sobre o compositor Geraldo Pereira, que neste ano faria 100 anos de nascimento, e é definido por Tinhorão como “um dos maiores estilistas renovadores do samba” a partir da década de 1940.

        O selo que promove o livro, Instituto Cultural Glória ao Samba, foi criado a partir do agrupamento Glória ao Samba – que se dedica à pesquisa e divulgação do samba tradicional – e tem como objetivo lançamentos que possam difundir a obra dos sambistas pioneiros. Essa primeira publicação homenageia músicos que, em sua maioria, não atingiram o estrelato e nunca viveram de suas músicas, mas que são os grandes criadores do samba, entre eles, Bide, Marçal, Xangô, Mano Décio, Carlos Cachaça, Iracy Sera, Aniceto, Jamelão, Ivone Lara, Monarco. 

        Fonte: Agência Brasil

          Altamiro Borges: A origem e o significado do 1º de Maio


          “Se acreditais que enforcando-nos podeis conter o movimento operário, esse movimento constante em que se agitam milhões de homens que vivem na miséria, os escravos do salário; se esperais salvar-vos e acreditais que o conseguireis, enforcai-nos! Então vos encontrarei sobre um vulcão, e daqui e de lá, e de baixo e ao lado, de todas as partes surgirá a revolução. É um fogo subterrâneo que mina tudo”. Augusto Spies, 31 anos, diretor do jornal Diário dos Trabalhadores.

          Por Altamiro Borges*

          Murilo Thomaz
            
          "Se tenho que ser enforcado por professar minhas idéias, por meu amor à liberdade, à igualdade e à fraternidade, então nada tenho a objetar. Se a morte é a pena correspondente à nossa ardente paixão pela redenção da espécie humana, então digo bem alto: minha vida está à disposição. Se acreditais que com esse bárbaro veredicto aniquilais nossas idéias, estais muito enganados, pois elas são imortais''. Adolf Fischer, 30 anos, jornalista. 

          “Em que consiste meu crime? Em ter trabalhado para a implantação de um sistema social no qual seja impossível o fato de que enquanto uns, os donos das máquinas, amontoam milhões, outros caem na degradação e na miséria. Assim como a água e o ar são para todos, também a terra e as invenções dos homens de ciência devem ser utilizadas em benefício de todos. Vossas leis se opõem às leis da natureza e utilizando-as roubais às massas o direito à vida, à liberdade e ao bem-estar”. George Engel, 50 anos, tipógrafo.

          “Acreditais que quando nossos cadáveres tenham sido jogados na fossa tudo terá se acabado? Acreditais que a guerra social se acabará estrangulando-nos barbaramente. Pois estais muito enganados. Sobre o vosso veredicto cairá o do povo americano e do povo de todo o mundo, para demonstrar vossa injustiça e as injustiças sociais que nos levam ao cadafalso”. Albert Parsons lutou na guerra da secessão nos EUA.

          As corajosas e veementes palavras destes quatro líderes do jovem movimento operário dos EUA foram proferidas em 20 de agosto de 1886, pouco após ouvirem a sentença do juiz condenando-os à morte. Elas estão na origem ao 1º de Maio, o Dia Internacional dos Trabalhadores. Na atual fase da luta de classes, em que muitos aderiram à ordem burguesa e perderam a perspectiva do socialismo, vale registrar este marco histórico e reverenciar a postura classista destes heróis do proletariado. A sua saga serve de referência aos que lutam pela superação da barbárie capitalista. 

          A origem do 1º de Maio está vinculada à luta pela redução da jornada de trabalho, bandeira que mantém sua atualidade estratégica. Em meados do século XIX, a jornada média nos EUA era de 15 horas diárias. Contra este abuso, a classe operária, que se robustecia com o acelerado avanço do capitalismo no país, passou a liderar vários protestos. Em 1827, os carpinteiros da Filadélfia realizaram a primeira greve com esta bandeira. Em 1832, ocorre um forte movimento em Boston que serviu de alerta à burguesia. Já em 1840, o governo aprova o primeiro projeto de redução da jornada para os funcionários públicos. 

          Greve geral pela redução da jornada

          Esta vitória parcial impulsionou ainda mais esta luta. A partir de 1850, surgem as vibrantes Ligas das Oito Horas, comandando a campanha em todo o país e obtendo outras conquistas localizadas. Em 1884, a Federação dos Grêmios e Uniões Organizadas dos EUA e Canadá, futura Federação Americana do Trabalho (AFL), convoca uma greve nacional para exigir a redução para todos os assalariados, “sem distinção de sexo, ofício ou idade”'. A data escolhida foi 1º de Maio de 1886 - maio era o mês da maioria das renovações dos contratos coletivos de trabalho nos EUA. 

          A greve geral superou as expectativas, confirmando que esta bandeira já havia sido incorporada pelo proletariado. Segundo relato de Camilo Taufic, no livro “'Crônica do 1º de Maio”, mais de 5 mil fábricas foram paralisadas e cerca de 340 mil operários saíram às ruas para exigir a redução. Muitas empresas, sentindo a força do movimento, cederam: 125 mil assalariados obtiveram este direito no mesmo dia 1º de Maio; no mês seguinte, outros 200 mil foram beneficiados; e antes do final do ano, cerca de 1 milhão de trabalhadores já gozavam do direito às oito horas. 

          “Chumbo contra os grevistas”, prega a imprensa

          Mas a batalha não foi fácil. Em muitas locais, a burguesia formou milícias armadas, compostas por marginais e ex-presidiários. O bando dos “'Irmãos Pinkerton” ficou famoso pelos métodos truculentos utilizados contra os grevistas. O governo federal acionou o Exército para reprimir os operários. Já a imprensa burguesa atiçou o confronto. Num editorial, o jornal Chicago Tribune esbravejou: “O chumbo é a melhor alimentação para os grevistas. A prisão e o trabalho forçado são a única solução possível para a questão social. É de se esperar que o seu uso se estenda”. 

          A polarização social atingiu seu ápice em Chicago, um dos pólos industriais mais dinâmicos do nascente capitalismo nos EUA. A greve, iniciada em 1º de Maio, conseguiu a adesão da quase totalidade das fábricas. Diante da intransigência patronal, ela prosseguiu nos dias seguintes. Em 4 de maio, durante um protesto dos grevistas na Praça Haymarket, uma bomba explodiu e matou um policial. O conflito explodiu. No total, 38 operários foram mortos e 115 ficaram feridos. 

          Os oito mártires de Chicago

          Apesar da origem da bomba nunca ter sido esclarecida, o governo decretou estado de sítio em Chicago, fixando toque de recolher e ocupando militarmente os bairros operários; os sindicatos foram fechados e mais de 300 líderes grevistas foram presos e torturados nos interrogatórios. Como desdobramento desta onda de terror, oito líderes do movimento - o jornalista Auguste Spies, do “'Diário dos Trabalhadores”', e os sindicalistas Adolf Fisher, George Engel, Albert Parsons, Louis Lingg, Samuel Fielden, Michael Schwab e Oscar Neebe - foram detidos e levados a julgamento. Eles entrariam para a história como “Os Oito Mártires de Chicago”. 

          O julgamento foi uma das maiores farsas judiciais da história dos EUA. O seu único objetivo foi condenar o movimento grevista e as lideranças anarquistas, que dirigiram o protesto. Nada se comprovou sobre os responsáveis pela bomba ou pela morte do policial. O juiz Joseph Gary, nomeado para conduzir o Tribunal Especial, fez questão de explicitar sua tese de que a bomba fazia parte de um complô mundial contra os EUA. Iniciado em 17 de maio, o tribunal teve os 12 jurados selecionados a dedo entre os 981 candidatos; as testemunhas foram criteriosamente escolhidas. Três líderes grevistas foram comprados pelo governo, conforme comprovou posteriormente a irmã de um deles (Waller). 

          A maior farsa judicial dos EUA

          Em 20 de agosto, com o tribunal lotado, foi lido o veredicto: Spies, Fisher, Engel, Parsons, Lingg, Fielden e Schwab foram condenados à morte; Neebe pegou 15 anos de prisão. Pouco depois, em função da onda de protestos, Lingg, Fielden e Schwab tiveram suas penas reduzidas para prisão perpétua. Em 11 de novembro de 1887, na cadeia de Chicago, Spies, Fisher, Engel e Parsons foram enforcados. Um dia antes, Lingg morreu na cela em circunstâncias misteriosas; a polícia alegou “suicídio”. No mesmo dia, os cinco “'Mártires de Chicago” foram enterrados num cortejo que reuniu mais de 25 mil operários. Durante várias semanas, as casas proletárias da região exibiram flores vermelhas em sinal de luto e protesto. 

          Seis anos depois, o próprio governador de Illinois, John Altgeld, mandou reabrir o processo. O novo juiz concluiu que os enforcados não tinham cometido qualquer crime, “tinham sido vitimas inocentes de um erro judicial”. Fielden, Schwab e Neebe foram imediatamente soltos. A morte destes líderes operários não tinha sido em vão. Em 1º de Maio de 1890, o Congresso dos EUA regulamentou a jornada de oito horas diárias. Em homenagem aos seus heróis, em dezembro do mesmo ano, a AFL transformou o 1º de Maio em dia nacional de luta. Posteriormente, a central sindical, totalmente corrompida e apelegada, apagaria a data do seu calendário. 

          Em 1891, a Segunda Internacional dos Trabalhadores, que havia sido fundada dois anos antes e reunia organizações operárias e socialistas do mundo todo, decidiu em seu congresso de Bruxelas que “no dia 1º de Maio haverá demonstração única para os trabalhadores de todos os países, com caráter de afirmação de luta de classes e de reivindicação das oito horas de trabalho”. A partir do congresso, que teve a presença de 367 delegados de mais de 20 países, o Dia Internacional dos Trabalhadores passou a ser a principal referência no calendário de todos os que lutam contra a exploração capitalista.

          *Altamiro Borges é jornalista e presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé


          Blog do Miro

            Política de Temer faz trabalhador trocar direitos por qualquer emprego

            O aumento de empregos com baixa remuneração aprofunda o cenário de precarização enfrentado pelo trabalhador brasileiro no governo de Michel Temer. Segundo o Cadastro de Emprego e Desemprego do Ministério do Trabalho (Caged) as vagas formais que cresceram foram aquelas com remunerações de até dois salários mínimos. No início de 2008, as vagas formais geradas eram de até quatro salários e também de sete a dez salários.


            Por Railídia Carvalho

            Márcio Anastácio
              
            As estatísticas desmentem o “crescimento da economia” e as “boas perspectivas” pregadas pelo governo e analistas oficiais. Ao lado dos números do Caged, vêm os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que, no dia 27 de abril, apontou novo aumento na taxa de desemprego constatada no primeiro trimestre de 2018. Mais 1,4 milhão de pessoas ingressaram na fila do desemprego, que agora passa de 12,3 milhões de pessoas desempregadas para 13,7 milhões.

            “O mercado de trabalho tende a responder um período depois. Primeiro, há, por exemplo, aumento nas vendas, depois no emprego”, justificou à Folha de S.Paulo a economista Vivian Almeida, professora do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec). Bruno Ottoni, pesquisador do iDados e Ibre-FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), confirmou que o impacto da crise recai mais sobre os menores salários. 

            O Caged mostra que a região nordeste é quem lidera o aumento das vagas de baixa remuneração. Ainda de acordo com Bruno, isso acontece porque os salários nessas regiões já são baixos. “Assim o valor do salário mínimo fica mais custoso para o empregador”. Traduzindo: Na hora da crise, o que já está rebaixado fica mais rebaixado ainda. 

            Em recente entrevista ao Portal Vermelho, o economista Roberto Piscitelli, da Universidade de Brasília (UnB), ressaltou que o trabalhador está fazendo qualquer coisa para sobreviver. “Se ‘penduram’ onde é possível, já que o emprego é mais importante para a sobrevivência delas do que eventualmente o nível de remuneração ou as garantias que um emprego formal poderia oferecer”, afirmou ao analisar ao dados do IBGE.

            Clemente Ganz , diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), explicou em artigo publicado neste mês que a queda dos salários pode refletir na redução da massa de rendimentos da economia. “O trabalhador, ao vivenciar a instabilidade de trabalho e renda, deve postergar o consumo de alguns bens, além de ter mais dificuldade para conseguir crédito ou empréstimo”. 

            De acordo com Clemente essa dinâmica afeta o consumo das famílias e consequentemente prejudica o nível de produção interna, que não aumenta, e atinge negativamente o crescimento do país. “Para os trabalhadores de baixa renda, a perspectiva é que mais pessoas de uma família deverão trabalhar e de forma intensa, mas nem por isso conseguirão ganhar e gastar mais”.

            Piscielli definiu como “fajuto” o discurso do governo de que há uma recuperação lenta. Na opinião dele, se o governo quisesse investir na retomada da economia aumentaria o nível de investimentos públicos. “Quando o governo anuncia esses programas de privatização da Petrobras e Eletrobrás, duas empresas chaves dentro do aparato governamental e que são fundamentais na definição de políticas públicas, ele não está impulsionando [a economia e o mercado]. E sem esse impulso, sem uma alavancagem governamental, o setor privado não irá fazer novos investimentos e dificilmente o empresário vai sair na frente e gerar novos empregos”, explicou.


            Do Portal Vermelho com informações da Folha de S.Paulo 

              Encontro Estadual dos Bancários debate desafios e pautas para 2018


              Fortalecer o lado que vai defender os bancos públicos, os direitos conquistados com muita luta, a Convenção Coletiva dos Bancários e, além disso, eleger representação política para tirar o poder que está financiado pelos bancos no Legislativo, Executivo e desvirtuando o Judiciário. Esse é resumo do Encontro Estadual dos Bancários do Ceará, encerrado no último sábado (28), com debates sobre a conjuntura nacional e a Campanha Salarial 2018.

                
              Uma chapa única foi eleita com delegados ao 29º Congresso Nacional dos Funcionários do BB e 34º Congresso Nacional dos Empregados da Caixa (Conecef), ambos nos dias 7 e 8/6, do 24º Congresso Nacional dos Funcionários do BNB (18 e 19/5) e para a Conferência Regional da Fetrafi/NE (12 e 13/5).

              Os bancários e bancárias cearenses se uniram numa inédita união de forças em prol da necessidade de fortalecer a luta e defender o projeto da classe trabalhadora que está sendo atacado. A chapa única da delegação que irá aos demais encontros de bancários tem o nome de “Lula Livre! Marielle Vive!”

              No primeiro painel, Gustavo Tabatinga, Secretário Geral da Contraf-CUT destacou que em 2018 há necessidade de levar para a base o debate sobre o golpe e fortalecer um campo que defende direitos dos trabalhadores. Justifica que, “vivemos um estado de exceção no País, uma crise ética, social, econômica e política, maior do que qualquer outra geração já pode acompanhar”.

              Em sua fala, Gustavo mostrou como é utilizado o poder judiciário, que não tem participação do povo, para criar uma nova ordem no País, lembrando que, quem se apropriou ao longo da história da República desse poder, foi o Capital e as oligarquias. Ele fez ainda um panorama sobre as medidas do governo golpista Temer, que começou com o congelamento dos investimentos públicos por 20 anos, desmantelou a organização dos trabalhadores com a reforma trabalhista e quer aprofundar o golpe desmontando as empresas públicas, entregando ao capital, atingindo em cheio os bancos públicos.

              No segundo painel, o diretor de Formação do Sindicato, Gabriel Rochinha debateu sobre “Os Impactos da Reforma Trabalhista na Campanha Salarial de 2018”, com as demissões ocorrendo descaradamente, a transformação de pessoas em PJ, os direitos até então assegurados sendo desrespeitados e a necessidade de uma forte mobilização dos bancários para enfrentar esses tempos atuais. Ele também destacou a necessidade de fortalecer a campanha deste ano, pois “os bancos estão se movimentando para acabar com os direitos da Convenção Coletiva, e devemos lutar”.

              A importância da comunicação foi o tema do terceiro painel do Encontro, quando as jornalistas Lucia Estrela e Roberta França debateram sobre "As Mídias Sociais e a Campanha Salarial 2018", dando ênfase à atuação da Secretaria de Imprensa do SEEB/CE, à frente o diretor José Eduardo Marinho. Detalhou-se a vasta gama de ferramentas de comunicação que a entidade possui e com papel fundamental de fazer o contraponto à mídia hegemônica, através do jornal impresso Tribuna Bancária, boletins eletrônicos diários, página na internet e redes sociais, e outros. "Nesses tempos difíceis de ataque da mídia golpista, temos que ter instrumentos de contra-ataque, e a comunicação sindical tem feito esse papel", destacou Lucia Estrela, assessora de Imprensa do Sindicato.

              Ao final do encontro, o presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará, Carlos Eduardo ratificou que “a grande campanha salarial deste ano também é em 7 de outubro, é a decisão contra a reforma da previdência; para revogar a reforma trabalhista; e para defender a manutenção dos bancos públicos. Essa união precisa ser mobilizadora de todos da categoria, para que juntos tenhamos noção de que lado nós estamos. O lado do patrão está organizado para tirar nossos direitos. O bancário não aceita que se acabe a cesta alimentação, o vale refeição, os reajuste dos salários, os empregos por conta da nova lei trabalhista, patrocinada pelos banqueiros. Essa visão aproximou muito até pessoas que pensam diferente. Vamos defender Nenhum Direito a Menos; pela Liberdade de Lula; e pela Democracia, pela liberdade que não permita mais assassinatos de Marielles. Somos bancários e não banqueiros, e temos que nos unir para assegurar nossas conquistas!”





              Fonte: SEEB/CE

                Secitece: Centec realiza formação para professores das Fatecs e CVTECs


                O Instituto Centec, através da Diretoria de Ensino e Pesquisa (DEP), com o intuito de aprimorar o trabalho dos docentes e gestores nos aspectos científicos-pedagógicos e otimizar estratégias com a finalidade de solucionar problemas e criar mudanças significativas em toda a comunidade escolar e acadêmica deu continuidade, na última semana, à Formação Continuada de professores das Faculdades de Tecnologia (Fatec) e dos Centros Vocacionais Técnicos (CVTEC).

                  
                Na ocasião, aconteceu uma palestra com o professor substituto da Universidade Federal do Cariri (UFCA), Jeferson Antunes. Ele é graduado em Licenciatura Plena em História e pós-graduado em Desenvolvimento Regional Sustentável. Atualmente, coordena o projeto de Extensão do Laboratório Interdisciplinar de Jogos Colaborativos, da UFCA, realizando pesquisas na área de metodologias educativas, ensino cooperativo, jogos cooperativos e tecnologias da informação e da comunicação.

                A formação foi realizada simultaneamente na sede do Centec, em Fortaleza, com a presença dos professores do CVTEC São Gonçalo do Amarante, em Quixeramobim, para os docentes da Fatec Sertão Central, e em Juazeiro, com o corpo de professores da FATEC Cariri e dos CVTECs Crato e Barbalha.

                Durante a abertura, a secretária executiva Vanessa Lima representou o presidente do Centec, Silas Alencar. As ações de formação continuada acontecerão durante todo o ano de 2018. O próximo encontro será no dia 18 de maio, e a palestrante convidada será a professora Zuleide Fernandes de Queiroz, que abordará o seguinte tema: “A Educação Profissional e Tecnológica no contexto contemporâneo político-educacional”.



                Fonte: Assessoria da Secitece

                  Comitê Estadual discute projeto eleitoral e ações para próximos meses


                  O Comitê Estadual do PCdoB-CE realizou no último sábado (28) mais uma reunião ordinária. Os dirigentes debateram o quadro político nacional e internacional, analisaram o andamento do projeto eleitoral no Ceará e definiram as ações prioritárias tanto para a direção estadual quanto para comitês municipais e organizações de base que devem mobilizar militantes, filiados e amigos do PCdoB e de seus pré-candidatos, garantindo o êxito da “Campanha dos 100 Dias” deflagrada pelo Comitê Central.

                  A Campanha dos 100 Dias deverá mobilizar  todos os organismos partidários.A Campanha dos 100 Dias deverá mobilizar todos os organismos partidários.
                  Luis Carlos Paes de Castro, presidente do PCdoB-CE, iniciou sua intervenção destacando o término da primeira etapa do processo eleitoral, que exigia a desincompatibilização de pré-candidatos de cargos públicos e o final do prazo de filiações para pessoas que pleiteiam disputar as próximas eleições. “Nosso projeto eleitoral está em plena construção, com adesão de novas lideranças, confirmação de nossos pré-candidatos e diálogo com outras legendas”, ratifica.

                  O dirigente destaca que as eleições deste ano serão realizadas num clima de muita tensão e aprofundamento da luta de classes no Brasil e no mundo. Ele cita a guerra comercial entre Estados Unidos e China, os movimentos feitos pelo imperialismo e seus aliados na tentativa de isolar a Rússia e a China, os ataques à Síria e a questão da península coreana. O diálogo entre os líderes das duas Coreias que culminou, nesta semana, em acordos de paz, “tem evoluído positivamente, abrindo caminho para a desnuclearização da região e o estabelecimento de uma paz duradoura, além de apontar para uma redução da influência americana na região”, enaltece.

                  Segundo Paes, apesar de os Estados Unidos insistirem em vender uma imagem de que o mundo está bem, a verdade é que as contradições se aprofundam, cresce o emprego precário e as massas trabalhadoras perdem poder de compra e direitos sociais, “na mesma proporção em que aumenta a concentração de renda nas mãos de um punhado de bilionários em escala planetária e, embora a influência da direita ainda seja grande, a tendência no médio e longo prazos é de crescimento da resistência popular e de avanço das forças comprometidas com a paz e o bem-estar social”.

                  “No Brasil a situação não é diferente. A condenação sem provas e a recente prisão de Lula mostram dois aspectos contraditórios do atual momento político. Por um lado força e por outro fragilidade do consórcio golpista. Força porque ainda controlam a maioria do Congresso Nacional, setores importantes do Poder Judiciário, do Ministério Público, da Polícia Federal e da grande mídia, capitaneada pelo Sistema Globo de Comunicações, o que permite encaminhar seus projetos de conteúdo antinacional e antipopular, ao mesmo tempo em que destroem o Estado Democrático de Direito e rasgam a Constituição de 1988. Por outro lado, o aspecto da fragilidade reside em que todas essas medidas de caráter antinacional e antipopular são rejeitadas pela maioria do povo. Temer não consegue dez por cento de apoio popular, ele e os demais candidatos do campo golpista são batidos fragorosamente por Lula que, por isso mesmo, foi condenado injustamente e está preso”.

                  Segundo Paes, tentam impedir Lula de ser candidato porque não encontram um nome que aglutine todas essas vertentes que sustentam o golpe com alguma expectativa de vitória. “Não querem cometer o mesmo erro de 1950, quando tentaram mas não conseguiram impedir a candidatura de Getúlio Vargas que terminou por vencer o pleito por ampla maioria. Assim, como não conseguem impor sua vontade pela via democrática, apelam para recursos cada vez mais autoritários, o que põe em risco até mesmo o pleito eleitoral deste ano”, ressalta.

                  Diante deste cenário, Luis Carlos Paes ratifica que a “resistência ao golpismo, em todos os sentidos, deve continuar sendo prioridade, aliada à defesa da democracia e da liberdade de Lula. Enquanto persistir este programa golpista não teremos estabilidade no Brasil. Vamos buscar ações que aglutinem forças, dentro dos partidos, com os movimentos sociais e todos os setores democráticos, procurando construir uma ampla frente que vai se forjando em cada batalha e nas conversações sobre um novo projeto de desenvolvimento para o Brasil”. Ele cita a mobilização contra a prisão de Lula e todas as batalhas e mobilizações em curso, chamando atenção, neste momento, para as comemorações do 1º de Maio, que poderá reunir milhões de pessoas em todo o Brasil.

                  Batalha eleitoral

                  O presidente do PCdoB-CE destaca que é neste cenário de instabilidade e dificuldade política que acontecerão as eleições deste ano. “Enfrentaremos uma dura batalha eleitoral”. Ele reforça que as articulações do Partido já estão sendo encaminhadas no sentido de garantir as atuais duas vagas na Assembleia Legislativa do Ceará, e ratificar a vaga do PCdoB no Congresso Nacional, com grandes possibilidades de ampliar o número de comunistas tanto no parlamento cearense quanto na Câmara dos Deputados. “Estamos tendo diálogos importantes, realizando um debate amplo de alternativas, reforçando nossas fileiras com novas filiações, cumprindo uma agenda que será fundamental para a consolidação de nossas candidaturas. Tudo isso nos fortalece e nos coloca em boas condições para enfrentar esta batalha que será muito dura”, considera.

                  O dirigente reforçou a importância deste período de pré-campanha, que já deve estar em pleno andamento. “É neste período que nossos pré-candidatos devem construir suas campanhas sob os mais diferentes aspectos. Estamos num momento decisivo que será coroado com a realização da convenção eleitoral no início de agosto. A partir de então se dará a campanha aberta com a popularização do nome e do número do candidato e a consolidação do voto”, sugere.

                  Paes acrescenta ainda que este período de pré-campanha deve envolver não só os militantes, mas os amigos do partido e dos candidatos e que o ideal é que todas as ações devam combinar a pré-campanha dos federais, dos estaduais e da Manuela, pré-candidata à Presidência da República pelo PCdoB. “Ela deve estar conectada e inserida em todas as batalhas, atividades e cenários. Deveremos acionar todos os municípios para realizarem atos e ações que envolvam os pré-candidatos e fortifiquem o Partido neste período”, reforça.

                  Campanha dos 100 Dias

                  Com o projeto eleitoral em construção nesta fase de pré-campanha, a secretária estadual de Organização, Teresinha Braga Monte detalhou a direção do partido sobre a “Campanha dos 100 Dias”. Lançada em 16 de abril, data do lançamento da Carta Compromisso de Manuela D’Ávila, a campanha dos ‘100 Dias de Mobilização Militante’ se dará através de todos os organismos partidários (direções estaduais, comitês municipais e bases) até a data da Convenção Estadual, ainda a ser definida. “A ação nacional tem o objetivo de reforçar a pré-campanha em todo o país, focada nos candidatos do PCdoB. Cada cidade deverá discutir, planejar e organizar ações para promover os pré-candidatos comunistas”.

                  Teresinha reforça que as ações de pré-campanha devem estar ligadas aos acontecimentos diários de candidatos, dos movimentos sociais, do povo, do cidadão e da cidade como um todo. “Podemos estar no 1º de Maio, nas mobilizações populares, nas atividades locais e nacionais como a Conferência Nacional do PCdoB sobre a Emancipação da Mulher, o Congresso da UJS e o Congresso do Povo”, exemplifica.

                  As ações nas bases do partido deverão envolver amigos e militantes do partido no sentido de amplificar as propostas comunistas para as eleições e viabilizar o projeto eleitoral. “A plataforma “OCUPA” – www.ocupa.org.br/manu - surge como moderno e eficiente espaço de debate, aliando tecnologia ao diálogo, onde todos poderão contribuir e conhecer as propostas do PCdoB”, reforça.

                  Teresinha Braga Monte também destaca ferramenta www.manupelobrasil.org.br, que garante o financiamento coletivo na pré-campanha eleitoral do PCdoB. Pelo site, as contribuições ajudarão não só a candidatura de Manuela, mas também impulsionarão as pré-campanhas dos candidatos nos Estados.

                  Ao longo do dia, foi aberta a fase de intervenções, onde os comunistas discutiram o informe político e também sobre a estruturação do Partido em todo o Estado.





                  De Fortaleza,
                  Carolina Campos