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segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Manuela d'Ávila: A tristeza tem que se transformar em resistência

Após o resultado das eleições presidenciais deste domingo (28), onde Jair Bolsonaro (PSL) foi eleito o novo presidente do Brasil, a candidata a vice de Fernando Haddad (PT), Manuela D’ávilla deu o tom deste próximo período. União e resistência são palavras chave para enfrentar o autoritarismo que pode estar por vir com a eleição do candidato da extrema-direita.

Foto: Vangli Figueiredo | CIRCUS da UBES
"Eles venceram, mas a luta vai continuar”"Eles venceram, mas a luta vai continuar”
“É justo que fiquemos tristes e preocupados, com a gente, com os nossos, com o Brasil. Mas a tristeza tem que se transformar rapidamente em resistência”, disse a deputada. 

Nos últimos dias de campanha, milhares de brasileiros foram às ruas de todo o país, de forma espontânea, para conversar com indecisos e virar votos para Haddad. Manuela afirma que este ritmo de resistência deve continuar de agora em diante. “O espírito desses últimos dias, nos quais milhares foram pras ruas pra virar votos de um modo tão bonito precisa se manter e se multiplicar. Eles venceram, mas a luta vai continuar”. 

Para Manuela, a união dos setores da esquerda será a força deste período que está por vir em defesa da democracia e de liberdade. “Vamos permanecer juntos, resistir e defender a democracia e a liberdade”. 

Por fim, citou versos do poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade: 

“Não serei o poeta de um mundo caduco
Também não cantarei o mundo futuro
Estou preso à vida e olho meus companheiros
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças
Entre eles, considero a enorme realidade
O presente é tão grande, não nos afastemos
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas”


Ouça mais detalhes da fala de Manuela d'Ávila:

manu


Do Portal Vermelho

    Bolsonaro ataca esquerda e mídia em fala com referências religiosas

    No primeiro discurso após ser eleito presidente, o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, afirmou que o Brasil não poderia continuar flertando "com o socialismo, o comunismo, o populismo e o extremismo da esquerda". A fala foi transmitida pelo Facebook. Em seguida, ele juntou-se a familiares e apoiadores e leu pronunciamento oficial. Disse que defenderá a Constituição, a democracia e a liberdade. Não sem antes, num país laico, dar as mãos ao senador Magno Malta, que puxou uma oração.

      
    Ao se dirigir aos internautas, Bolsonaro proferiu discurso repleto de referências religiosas. Começou com um agradecimento a Deus e à equipe médica, que lhe atendeu após ser atingido por uma facada, em evento de campanha.

    "Fizemos uma campanha diferente das outras. Nossa bandeira, nosso slogan, eu fui buscar naquilo que muitos chamam de caixa de ferramentas para consertar o homem e a mulher, a Bíblia sagrada: conhecereis a verdade e a verdade vos libertará", disse Bolsonaro, após comandar uma campanha amparada em mentiras disparadas aos montes pelas redes sociais e pelo Whatsapp. 

    Além de disferir ataque à esquerda, o ex-militar reclamou também das críticas que recebeu da mídia que, segundo ele, o colocou "muitas vezes em uma situação vexatória". 

    "O que eu mais quero é, seguindo ensinamentos de Deus, ao lado da Constituição, e inspirado em grandes lideres mundiais e com boa assessoria técnica isenta de indicações politicas começar a fazer um governo que possa realmente colocar nosso Brasil em um lugar de destaque. Todos os compromissos assumidos serão cumpridos com bancadas" disse.

    Minutos depois, ainda em sua casa na Barra da Tijuca, Bolsonaro se juntou a aliados, e falou para as emissoras de televisão, depois da oração transmitida ao vivo. Desta vez, ele leu um discurso preparado com antecedência, no qual antecipou algumas linhas de sua gestão. O candidato que se coloca contrário às minorias disse que fará um "governo decente", no qual a "liberdade é um princípio fundamental”. 

    “Como defensor da liberdade, vou guiar um governo que defenda e proteja os direitos do cidadão que cumpre seus deveres e respeita a leis. Elas são para todos porque assim será o nosso governo: constitucional e democrático”, declarou ele, que, na semana passada, tinha anunciado que, caso se elegesse, a oposição seria presa ou teria que se exilar. 

    Segundo ele, o governo federal vai reduzir estrutura e burocracia e cortará “desperdícios e privilégios”.“Nosso governo vai quebrar paradigmas, vamos confiar nas pessoas, vamos desburocratizar, simplificar e permitir que o cidadão, o empreendedor, tenha mais liberdade e construir o seu futuro. Vamos desamarrar o Brasil”, colocou.

    Bolsonaro confirmou o discurso da campanha, que indica o aprofundamento do desmonte do Estado. “Precisamos de mais Brasil e menos Brasília”, disse, para em seguida reafirmar a defesa do direito de propriedade, algo que consta na primeira página de seu programa de governo e que aponta para a repressão a movimentos que defendem o direito à terra e à moradia, como o MST e o MTST. Ele também destacou a intenção de realizar reformas, mas não disse a quais se referia.

    Sinalizando que irá intensificar os cortes de gastos públicos, que têm impacto na prestação dos serviços públicos, declarou que seu governo quebrará o “ciclo vicioso do crescimento da dívida” para estimular investimentos e gerar empregos.

    Sobre as relações com outros países, anunciou que libertará "o Brasil e o Itamaraty das relações internacionais com viés ideológico”, algo que reforça a sua narrativa, que remonta a uma distante Guerra Fria. Questionado após a leitura do discurso sobre a divisão do Brasil, Bolsonaro disse que trabalhará para “pacificar o Brasil”.

    Em relação à sua equipe de governo, ele afirmou que três nomes estão acertados. Anteriormente, ele já tinha explicitado que Onyx Lorenzoni será o ministro da Casa Civil, Paulo Guedes o ministro da Fazenda e o general Augusto Heleno, ministro da Defesa.


     Do Portal Vermelho, Joana Rozowykwiat

      Flávio Dino: "Não se perde quando se combate por boas causas"


       

      Projetos importantes para o Estado são desafios para Bolsonaro

      Por   

      Para especialistas, questões estratégicas para o Ceará, como infraestrutura e segurança hídrica, demandam respostas urgentes do governo federal. Saúde e Segurança Pública, áreas caras à população, também motivam cobranças recorrentes do governador Camilo Santana (PT) à União

      Nordeste dá ampla votação a Fernando Haddad

      Após o resultado confirmado nas eleições presidenciais deste ano, o Nordeste se consolida como região de forte e consolidado pensamento e militância progressistas. Em todos nove estados e mais dois da região Norte (Pará e Tocantins) Fernando Haddad (PT) teve ampla vitória.

        
      O Ceará ficou entre os estados que garantiu maior votação a Haddad. Foram 71,10%, cerca de 3,4 milhões de votos, vendendo em todos os 184 municípios do Estado. No primeiro turno, ele foi o segundo mais votado, com 1.616,494 (33,12%), ficando atrás de Ciro Gomes (PDT), com 1.998.597 (40,95%). O Ceará ficou atrás do Piauí (77,05%), Maranhão (73,26%) e Bahia (72,69%). 

      Quatro dos governadores eleitos neste pleito são do PT: Fátima Bezerra (RN), eleita no segundo turno, Camilo Santana (CE), Wellington Dias (PI), e Rui Costa (BA), no o primeiro turno. Flávio Dino (PCdoB) foi reeleito no Maranhão.

      Opiniões

      Em nota divulgada em sua rede social, o governador Camilo Santana enalteceu a campanha de Haddad, agradeceu a votação expressiva no estado e o definiu como um “grande vencedor”. “Finalizada a eleição, externo aqui o meu desejo de que o presidente eleito, respeitando os princípios da democracia, dialogue com todos os estados, com respeito e sem discriminação, e busque a solução dos problemas que afligem o país. Lutarei, todos os dias, pelo melhor para o nosso estado e para o nosso povo. Por fim, agradeço de coração aos cearenses pela extraordinária votação dada ao Haddad (mais de 71% dos votos). Haddad foi um grande vencedor, porque lutou com honradez e deu imprescindível colaboração para o país e para nossa democracia. Desejo boa sorte ao presidente eleito e que Deus abençoe o nosso Brasil”.

      Já o deputado federal Chico Lopes (PCdoB) lamentou o resultado nas urnas, citando as inúmeras denúncias de casos de violência que surgiram em torno da outra candidatura e garantiu: “Vamos resistir!”. 

      “O nosso povo, a nossa gente, os brasileiros e as brasileiras populares e democráticos conquistaram uma grande votação para Fernando Haddad e Manuela D´Ávila, apesar de todas as ilegalidades e covardias de uma campanha extremamente desigual, baseada no medo e no terror, em fake news/notícias falsas e em milionários pagamentos por empresas para disparos de whatsapp, sem resposta da Justiça Eleitoral, pelo menos até aqui. Respeitamos democraticamente a opção de cada cidadão e cidadã. O resultado da eleição para presidente da República mostra que o Brasil segue dividido, não só quanto à política partidária, mas entre duas visões de mundo bem diferentes. E deixa claro que o povo brasileiro não aceitou nem aceitará as ameaças feitas pelo candidato do autoritarismo, de perseguição à oposição, fim das liberdades individuais e coletivas, ‘autogolpe militar’, retirada de direitos, fim do 13o. salário, imposto de renda para os mais pobres, censura aos professores e à imprensa, defesa de machismo, racismo, homofobia, prejuízos a servidores públicos, liberação de armas e de violência, como se tudo isso fosse aceitável. Como se fosse solucionar algum problema em nosso País. Não vai. Parabenizamos a todos que se colocaram do lado certo - o lado do povo, do Brasil, dos mais necessitados, da verdade, da justiça social, dos direitos trabalhistas e previdenciários, dos programas sociais, da educação e da saúde públicas para todos, da democracia, que está em grande risco. É desse lado que sempre estivemos e sempre vamos estar”. 


      De Fortaleza,
      Carolina Campos

      Fortaleza: Jornalistas são agredidas em comitê de Bolsonaro

      Aumentam os casos de violência com perfil de motivação política envolvendo militantes do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) no Ceará. Depois de uma universitária estuprada na Unifor na última semana e o assassinato de um eleitor de Fernando Haddad que participava de uma carreata em Pacajus, duas jornalistas sofreram agressões enquanto trabalhavam na cobertura da festa dos apoiadores na capital cearense.

        
      As duas jornalistas, que trabalham no jornal O Povo e no Sistema Verdes Mares (TV afiliada da Globo no Ceará), sofreram agressões físicas e verbais na noite do último domingo (28). Elas estavam no comitê de Bolsonaro no Ceará, localizado na avenida Antônio Sales. 

      A repórter do O Povo foi derrubada de cima de um equipamento de som da organização e teve os dedos feridos. Ela teria dito ainda que foi agarrada pelo rosto, agredida verbalmente e ter assediada por militantes. Já a jornalista a Verdes Mares ouviu ataques verbais e o carro da emissora foi apedrejado.

      Repúdio 

      O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará (Sindjorce) e a Federação Nacional dos Jornalistas(FENAJ) já se manifestaram condenando os atos. “Repudiamos as agressões cometidas por partidários e eleitores de Jair Bolsonaro a repórteres do O Povo e da TV Verdes Mares durante a cobertura da comemoração pela vitória do candidato eleito do PSL, em Fortaleza, na noite deste domingo. Como haviam alertado as entidades, Jair Bolsonaro e seus correligionários não têm apreço sequer à democracia, muito menos às instituições democráticas, incluindo a imprensa. Lamentavelmente, duas jornalistas foram ameaçadas e agredidas no momento de seu exercício profissional dentro do espaço organizado pelo PSL. O Sindjorce e a FENAJ exigem apuração e punição dos agressores. A violência contra os jornalistas é um atentado à democracia. Não nos calaremos!”


      De Fortaleza,
      Carolina Campos

      Derrota da democracia abre nova etapa histórica para a resistência

      Neste domingo (28), o Brasil foi às urnas, em segundo turno, para escolher o próximo presidente da República. A democracia foi derrotada.


      Por José Carlos Ruy*

      Foto: Juca Martins
        
      A eleição deste domingo mostrou, mais uma vez, as duas caras da brasilidade. Uma, civilizada, progressista e tolerante, votou pela democracia e escolheu a chapa Fernando Haddad/Manuela d´Ávila, não foi vitoriosa.

      A outra face venceu, e elegeu o caminho da intolerância, do arbítrio e do conservadorismo, representados pela chapa de extrema direita encabeçada por Jair Bolsonaro.

      Repetiu-se nas urnas a mesma encruzilhada histórica reiterada durante todo o período de independência, desde o Primeiro Reinado, de D. Pedro I, encruzilhada em se acentuou durante a República Velha, esteve no centro dos embates do período formalmente democrático da Constituição de 1946, e voltou à baila durante o regime discricionário de1964 e a Nova República que o sucedeu: o choque entre o liberalismo contrário ao desenvolvimento social, político e econômico do Brasil, e o desenvolvimentismo cujo programa é o uso da força do Estado e do governo para fomentar o crescimento econômico do Brasil e garantir a democracia com ampla participação de todos. Dito de forma elementar, o conflito entre os interesses das camadas mais ricas da população e as demandas dos trabalhadores e empresários da produção, que estão no pólo oposto. 

      Este é o significado material e concreto do embate entre democracia e neoliberalismo. A democracia significa a defesa dos direitos do povo e dos trabalhadores, da soberania e independência nacional, da participação de todos na formulação de políticas adequadas ao interesse nacional. Ao contrário do neoliberalismo que, ao desprezar a participação popular mais ampla, preconiza o exclusivismo político apenas daqueles que, na escala social, estão nos andares cima.

      O choque entre estes dois programas foi às urnas neste domingo. Muitos, temerosos da democracia mais ampla e de um suposto socialismo que ela poderia significar, acompanharam a pregação do candidato da direita. São aqueles que, mesmo muitas vezes aparentando – e declarando – uma opção pela democracia, temem a participação popular, medo que os levou a apoiar o discurso discricionário contra os direitos do povo, dos trabalhadores, das mulheres, negros, índios, LGBT etc., acenado à profusão durante a campanha eleitoral pelo direitista Jair Bolsonaro e seus acólitos.

      Discurso baseado em mentiras e notícias falsas, que fomentam a violência, o ódio e a intolerância, e ameaça banir os “vermelhos”, socialistas, comunistas e progressistas da vida brasileira, num primeiro passo ditatorial que poderá se desdobrar, como sempre aconteceu, na perseguição implacável contra toda oposição e pensamento independente que venha a encontrar pela frente. No Brasil, foi o que aconteceu sobretudo nas ditaduras do Estado Novo (1937-1945) e dos generais (1964-1985).

      Ditaduras sob as quais inúmeros patriotas e democratas, de todos os matizes partidários, foram presos, perseguidos, torturados, mortos ou exilados, não importando se, no início daqueles regimes de força, tenham ou não apoiado aqueles que vieram a ocupar o governo.

      A eleição deste domingo significa a abertura de uma nova etapa na vida política do país. A opção pela via do arbítrio e do atraso, da ameaça à democracia, da continência à bandeira dos EUA, que representa a prostração do Brasil perante o imperialismo.

      O programa da direita, de Jair Bolsonaro, amplamente repudiado pela inteligência progressista de todas as cores políticas avançadas e democráticas no Brasil, configura a ameaça do pior ataque aos direitos do povo e dos trabalhadores, às conquistas civilizacionais alcançadas pelos brasileiros em décadas de luta. Que a direita vilipendia e ameaça romper em grau e profundidade maiores do que os próprios generais de 1964 ousaram fazer.

      Programa direitista que só foi aprovado com base nas ilusões e mentiras de uma campanha eleitoral cuja lisura foi comprometida pelo enxame de notícias falsas contra a esquerda, a democracia e seus candidatos Fernando Haddad e Manuela d´Ávila, usando recursos das redes sociais à margem da lei que proíbe o financiamento empresarial de campanha, num crime eleitoral amplamente denunciado que maculou a campanha de 2018.

      A resistência contra o autoritarismo que se avizinha desperta as forças democráticas e progressistas da nação, e junta mesmo aqueles que têm reservas quanto ao Partido dos Trabalhadores, mas rejeitam fundamentalmente o autoritarismo da direita. Convergência democrática que se configurou, ao final, no amplo movimento que uniu aqueles que não aceitam as consequências do golpe de 2016 que afastou a presidenta legítima, Dilma Rousseff, do governo e, nesta eleição, foi a matriz do retrocesso que tem em sua origem o traidor Michel Temer.

      Amplo movimento democrático que, a partir de agora, será o grande estuário da resistência democrática, que prossegue, vai aprofundar a luta contra o fascismo e exigir a volta do Brasil aos rumos democráticos com desenvolvimento, direitos para todos, valorização do trabalho, distribuição de renda, inclusão social e valorização altiva da soberania nacional. 

       *José Carlos Ruy é jornalsta e escritor.

      Apuração e resultados do 2º Turno para Presidente em cada município do Ceará - Eleições 2018

       

      Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) disputam o cargo para Presidência da República. No infográfico, você acompanha a votação o desempenho dos candidatos em cada município do Estado do Ceará.