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sábado, 29 de junho de 2019

Acordo entre UE e Mercosul não terá efeito imediato, diz Kliass

Na última sexta-feira (28), diplomatas de países ligados a União Europeia e Mercosul assinaram um acordo de livre comércio que demorou, ao menos, 20 anos para ser concebido. Os termos do acordo ainda não são públicos. Paulo Kliass, doutor em economia pela Universidade de Paris, disse que é preciso ter cautela.

Foto: Alan Santos/PR
"Os termos do acordo ainda não são públicos. É preciso ter cautela", diz Paulo Kliass, doutor em economia pela Universidade de Paris."Os termos do acordo ainda não são públicos. É preciso ter cautela", diz Paulo Kliass, doutor em economia pela Universidade de Paris.
“Ainda não tivemos acesso aos termos deste acordo. É preciso ter em mente em que ele demorou 20 anos para ser elaborado e, de repente, no governo Bolsonaro, que é contra o Mercosul, contra a União Europeia, extremamente subserviente aos Estados Unidos, o acordo é assinado com rapidez", alertou.

Kliass disse também que acordos comerciais entre países ou, como nesse caso, entre blocos, demoram anos para gerarem efeitos concretos: as consequência ficarão evidentes de médio a longo prazo. Além disso, afirmou que, apesar dos termos não serem de conhecimento público, a eliminação ou diminuição das tarifas de importação e exportação podem gerar impactos negativos na economia local.

“Tarifas são mecanismos de defesa da economia local. O Trump, por exemplo, estabelece tarifas, cotas e outros mecanismos para proteger a economia doméstica” destaca Paulo. No caso do Brasil, em que há 30 anos assistimos um processo de desindustrialização, o resultado pode ser negativo.

“O fato concreto é que, com mais redução de tarifas e com a pouca competitividade de produtos como automóveis e eletroeletrônicos, a indústria local pode ser estraçalhada”, afirmou Kliass.

Agronegócio

Ao contrário do setor industrial, que pode sofrer consequências graves com o acordo, o agronegócio poderá ser beneficiado. Para Paulo Kliass, o papel neocolonial do Brasil na geopolítica internacional deve ser reforçado de acordo com o que se conhece dos termos.

“De certo modo você estimula esse tipo de economia [agronegócio], de outro, você enfraquece a produção de alto valor agregado. O saldo global disso é o reforço da dependência neocolonial do Brasil. Este acordo afirma que é bom produzir bens de baixo valor agregado como soja, carne, álcool, milho, trigo, para exportar e com a ilusão de, ao fazer essa abertura, você estar dando um novo patamar de tecnologia para o mercado brasileiro. Mas não é o que acontece quando se perde na produção de bens de alto valor agregado”, explicou.

Desemprego

Do ponto de vista do emprego, Paulo Kliass acredita que não será possível perceber efeitos concretos desse novo acordo em operação. O economista acredita ser uma aposta do governo para o crescimento da economia na atividade exportadora. ”Não há demanda de consumo interno pelas famílias, nem investimento interno, então, a única saída é a demanda externa”, disse.

Kliass ainda alerta que o agronegócio, que deverá ser beneficiado, gera poucos empregos em relação ao nível de investimento realizado.

“Ao contrário da agricultura familiar, que gera muitos empregos e que não será beneficiado com o acordo. É difícil dizer que esse acordo será gerador de empregos. Os efeitos econômicos dele provavelmente só serão sentidos após o primeiro governo do Bolsonaro. Esses acordos são lentos”, finalizou Paulo Kliass.



Fonte: Brasil de Fato

    Bolsonaro, o mais impopular

    Pesquisa Ibope-CNI ajuda a desfazer o mito de um presidente capaz de “governar com as massas” – e ajudará a corroer ainda mais apoio ao Planalto no Congresso. Veja, em detalhes, os números e seu significado.


    Por Antonio Martins*


    Foto: Pedro Ladeira/Folha Press
    Ibope revela: a oposição a Bolsonaro é muito maior entre os setores populares.Ibope revela: a oposição a Bolsonaro é muito maior entre os setores populares.
    Desde que Bolsonaro chegou ao Palácio do Planalto, e ficou clara sua incapacidade colossal, um fantasma atormenta certos setores da oposição. O presidente estaria, no fundo, encenando uma peça, para “convocar o caos”, derrubar o sistema político e instalar um governo francamente fascista? A nova pesquisa de popularidade presidencial divulgada hoje pelo Ibope ajuda a desfazer esta fantasia. Governo péssimo resulta, realmente, em perda rápida de apoio. Em menos de seis meses de governo, o percentual de apoio ao presidente (os que julgam sua gestão “ótima” ou “boa”) despencou para 32% da população. Esta fatia otimista já se reduziu, agora, ao mesmo tamanho da parcela que vê Bolsonaro como “ruim” ou “péssimo”. É o pior resultado já alcançado por um presidente eleito pelo voto, a esta altura do mandato, desde a redemocratização. Após o primeiro semestre no Planalto, Lula tinha 44% de bom e ótimo (48% no segundo governo). Dilma, 48%; FHC, 42%; Itamar, 35%; e mesmo Collor de Mello, após dar calote nas poupanças da população, chegava a 34%. Abaixo de Bolsonaro hoje, só FHC em seu segundo mandato (15%, em plena crise cambial) e Dilma 2 (5%, após aplicar o estelionato eleitoral de 2015).

    Sem estilo e sem confiança: Dois outros resultados da pesquisa deveriam contribuir para desfazer a crença na suposta força do ex-capitão. Cresceu expressivamente (de 40%, em março, para 48%) o percentual dos que desaprovam sua “maneira de governar” (46% a aprovam). E já são 51% (contra 45%, há três meses) os que “não confiam” em Bolsonaro (46% ainda confiam). Ou seja: não se confirma a hipótese de que a agressividade, as quebras toscas de protocolo, os xingamentos e as patetadas em geral sejam “populares”.

    Quanto mais “povão”, mais oposição: Aliás, o Ibope revela: a oposição a Bolsonaro é muito maior entre os setores populares. No Nordeste, os que consideram o governo “ótimo” ou “bom” já baixou a 17%; e no Norte e Centro-Oeste, despencou de 33% para 20%. Nas capitais (que incluem vastas periferias), 37% julgam o presidente “ruim” ou “péssimo”. Entre as mulheres, 57% “não confiam” em Bolsonaro (54% dos homens ainda “confiam”). Ao contrário do que às vezes se crê, o capitão segue forte, mesmo, entre as elites: os mais brancos e os mais ricos – aliás, o público principal das manifestações em seu favor. Na região Sul, por exemplo, 52% julgam seu governo “ótimo” ou “bom”. Entre os que têm curso superior, incríveis 43% pensam que o restante de seu mandato será auspicioso…

    O que mais desgasta o ex-capitão: O Ibope sondou, por fim, o apoio da população a políticas específicas do governo. Os resultados são um bom roteiro para guiar a ação política de oposição a Bolsonaro. Por exemplo: 59% desaprovam as taxas de juros (contra apenas 32% favoráveis), o que revela amplo espaço para denunciar a ganância dos bancos e dos banqueiros instalados no governo. O sistema de impostos é rejeitado por 61%, o que indica a popularidade de uma Reforma Tributária redistributiva. 56% estão descontentes com a Saúde (e, portanto, estão propícios a lutar contra o congelamento dos gastos sociais). 55% declaram-se insatisfeitos com a (inexistente) política de combate ao desemprego. Após as jornadas de maio, dos estudantes e educadores, 54% já rejeitam a política educacional. O único ponto em que Bolsonaro ainda tem apoio majoritário é, segundo a pesquisa, a Segurança Pública – um tema que a esquerda costuma abandonar, por preconceito.

    Más notícias na pior hora: Os sinais de desgaste acelerado do Planalto vêm num momento particularmente delicado para Bolsonaro. Os preparativos para as eleições municipais de 2020 já começaram. No Congresso, deputados e senadores dão os primeiros sinais de que temem as urnas e hesitarão em votar projetos impopulares. O governo está perdendo tempo precioso para aprovar seus projetos mais importantes – entre eles, a Contrarreforma da Previdência. No segundo semestre, tudo será mais difícil: a oposição do eleitorado crescerá, os parlamentares cobrarão mais caro para votar contra os interesses da maioria, o Executivo terá enormes dificuldades para manter o discurso de que “não faz concessões”. Está aberto o caminho para uma oposição muito mais efetiva – que seja, inclusive, capaz de partir para as alternativas. A dúvida é: haverá esta oposição, enfim?


    *Jornalista, editor do Outras Palavras. Foi fundador da edição brasileira do Le Monde Diplomatique.

      Celso Amorim: imagem do Brasil perante o mundo é muito negativa

      O ex-ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, comentou à Rádio Brasil Atual sobre o "desastre" da presença do presidente brasileiro Jair Bolsonaro na reunião do G20. Já em entrevista à BBC News, Amorim critica o recente acordo entre o Mercosul e a União Europeia. Para ele, o acordo foi firmado "no pior momento possível", no período de "grande fragilidade negociadora", e teme que isso gere condições mais favoráveis para o bloco europeu do que para os países sul-americanos. 

      Foto: Clauber Cleber Caetano]/PR
      O Acordo de Paris trata de compromissos para redução de emissões de gases de efeito estufa no esforço contra o aquecimento global.O Acordo de Paris trata de compromissos para redução de emissões de gases de efeito estufa no esforço contra o aquecimento global.
      Para o ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim, o desastre do governo brasileiro no G20 marca o contraste entre a atual imagem do Brasil no cenário internacional e o papel de destaque alcançado em período recente.

      “Antes todo mundo queria aparecer do lado do Lula. Agora é o contrário. Parece haver um esforço de líderes mundiais para não aparecerem ao lado do presidente do Brasil nessas reuniões”, disse o diplomata em entrevista à jornalista Marilu Cabañas para o Jornal Brasil Atual nesta sexta-feira (28), lembrando que o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva foi um dos principais articuladores do G-20, que viria a substituir o antigo G-7 como principal foro de decisões internacionais entre os grandes países.

      Ele diz que o respeito do Brasil às normas internacionais, posto em xeque com Bolsonaro, começaram muito antes do governo do PT, do qual participou. “Começou com Collor, continuou no governo Itamar, e até no governo Fernando Henrique Cardoso.” A contradição, segundo Amorim, é que o atual governo finge utilizar conceito de soberania para violar normas internacionais, e ao mesmo tempo viola a nossa soberania, ao entregar o patrimônio brasileiro a estrangeiros, como no caso da venda da Embraer para os norte-americanos da Boeing, ou ainda a entrega do pré-sal às petrolíferas estrangeiras.

      Segundo ele, em nenhuma outra época o Brasil teve uma imagem internacional tão ruim como agora, talvez comparável apenas ao período da ditadura, quando as denúncias de tortura, morte e desaparecimento de opositores manchavam a imagem do país. O ex-chanceler afirma que o governo brasileiro só não é excluído dos encontros internacionais, tornando-se um “pária”, devido às suas dimensões territoriais, populacionais e econômicas.

      Amorim diz que essa percepção negativa traz prejuízos para as empresas brasileiras com negócios no exterior. Ele teme também que o enfraquecimento do Brasil no cenário internacional leve a fazer concessões excessivas em negociações comerciais e diplomáticas com outros países. No caso do Mercosul, soma-se ainda a fraqueza econômica da Argentina, que voltou a recorrer ao FMI, o que fragiliza ainda mais o poder de negociação do bloco.

      "UE fechou acordo depressa demais"

      Em entrevista, o ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim falou sobre o acordo entre o Mercosul e a União Europeia. Para ele, o contrato foi firmado "no pior momento possível". 

      "Em momento de grande fragilidade negociadora", disse Amorim, temendo que isso gere condições mais favoráveis para o bloco europeu do que para os países sul-americanos. "Acho que por isso a União Europeia teve pressa. Porque sabe que estamos em uma situação muito frágil. E quando se está em uma situação frágil, se negocia qualquer coisa. Isso me deixa preocupado. Eu temo que tenham sido feitas concessões excessivas", disse à BBC News Brasil.

      "O momento é o pior possível em termos da capacidade negociadora do Mercosul, porque os dois principais negociadores, Brasil e Argentina, estão fragilizados política e economicamente", diz Amorim.

      Para Amorim, o alinhamento do Brasil aos Estados Unidos do presidente Donald Trump também deve ter contribuído para que os europeus se apressassem a firmar um acordo. "Com toda a adesão do Brasil (aos EUA), talvez tenham visto nisso uma oportunidade de agir logo, como quem diz, 'vamos pegar agora o que dá, e depois a gente discute o resto'", considera Amorim.

      O ex-ministro foi entrevistado pela Rádio Brasil Atual. Ouça a íntegra abaixo:



      Com informações do Brasil de Fato e BBC News

      Flávio Dino sobre Vaza Jato: "é profundamente imoral"

      Pelo Twitter, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), comentou sobre os mais recentes vazamentos de troca de mensagens divulgada pelo The Intercept, em parceria com a Folha e a Revista Veja. Nas mensagens, procuradores criticavam a conduta parcial do juiz Sérgio Moro na Lava Jato, mas que não faziam nada a respeito. Dino questiona se pelo menos "remorso" ou "vergonha estão sentindo"? 

      Reprodução
      Flávio Dino critica tabelinhas de procuradores e juiz na Lava Jato.Flávio Dino critica tabelinhas de procuradores e juiz na Lava Jato.
      Flávio Dino critica as "tabelinhas" dos procuradores. Ele que é advogado, professor de Direito da Universidade Federal do Maranhão e que foi juiz federal, diz que a perseguição política ao ex-presidente Lula demonstrado nas mensagens além de institucional "é profundamente imoral".







      Do Portal Vermelho

        Clubes destinam menos de 1% de seus orçamentos para o futebol feminino

        As dificuldades enfrentadas pela seleção feminina antes e ao longo da Copa do Mundo da França apontam para um diagnóstico claro: renovar o grupo é um desafio. Se formar novos talentos é um papel dos clubes, o cenário a curto prazo se apresenta desanimador. Os 20 times participantes da Série A investem no máximo 1% de seus orçamentos no futebol feminino.

        Corinthians, atual campeão brasileiro, é um dos clubes da Série A que sequer revelam valores investidos no futebol femininoCorinthians, atual campeão brasileiro, é um dos clubes da Série A que sequer revelam valores investidos no futebol feminino
        As finanças revelam a dificuldade do assunto nos clubes, conforme levantamento do jornal O Globo. Nenhuma das instituições discrimina em seus balanços os investimentos no futebol feminino, que geralmente aparece em meio a outras modalidades, sob o guarda-chuva de “esportes olímpicos” ou denominação similar.

        Procurados, apenas 13 dos 20 clubes indicaram quanto pretendem investir na modalidade este ano. Quatro disseram que não revelariam valores: Goiás, Athletico-PR, Corinthians (atual campeão brasileiro) e Fortaleza. E três não responderam até o fechamento da pesquisa: Botafogo, Chapecoense e Fluminense.

        O Santos é quem reserva a maior parte de seu orçamento à modalidade e foi o único a detalhar o investimento. Em 2018, o clube gastou R$ 3.929.545 com o departamento, entre salários, viagens, alimentação e outras despesas. Para este ano, o valor será parecido. Ainda assim, o aporte feito pelo campeão brasileiro de mulheres em 2017 representa pouco mais de 1% da receita prevista para o ano.

        Nos outros clubes, a fração é ainda menor. O Flamengo, cuja equipe funciona em parceria com a Marinha, investe apenas R$ 1 milhão por ano para custear a modalidade – o valor equivale a um mês do salário de Gabigol.


        Times feitos às pressas

        Além da quantia gasta, o modo como os clubes estruturam seus departamentos revela o caráter incipiente da relação com o futebol feminino. Doze deles montaram equipes ou firmaram parcerias entre 2018 e 2019, a fim de atender às cobranças da CBF e da Conmebol. A partir desta temporada, os clubes precisam manter uma equipe feminina (em qualquer categoria) para disputar torneios masculinos organizados pelas entidades.

        Antony Menezes, treinador do time do Vasco, acredita que essa regra estimulará o comprometimento dos clubes com a modalidade: “Devido a essa obrigatoriedade para os clubes, tudo aumentou: competições estão surgindo, e a procura por atletas está em alta”, diz.

        No entanto, há inconstância mesmo entre projetos mais consolidados. O Santos montou seu primeiro time feminino em 1997, mas o departamento foi desativado em 2012, para ser retomado em 2015. No mesmo ano, o Flamengo se aliou à Marinha para voltar a ter uma equipe feminina, o que já havia acontecido durante a gestão Patrícia Amorim (2010-2012). O Vasco, que já teve Marta, e Grêmio são exemplos de clubes que voltaram a apostar no futebol feminino depois de hiato.

        “O investimento é pequeno porque não existe arrecadação para este produto, e o mercado não está acostumado a associar suas marcas à modalidade”, avalia Nina de Abreu, coordenadora de futebol feminino do Atlético-MG. “Os departamentos comercial e de marketing dos clubes brasileiros devem tratar o futebol feminino como um produto diferenciado.”

        Gerar receitas exclusivas para o futebol feminino é mesmo um desafio. Nesta temporada, o São Paulo firmou, com uma floricultura, o primeiro contrato exclusivo para o time delas – uma barreira que o Cruzeiro, por exemplo, não conseguiu quebrar. A equipe feminina celeste joga com o uniforme “limpo”.

        Duda Luizelli, gerente de futebol feminino do Internacional, cita os recordes de público nas ligas europeias (Atlético de Madrid x Barcelona teve mais de 60 mil pessoas nesta temporada) para afirmar que há uma demanda reprimida pela modalidade. Para ela, os clubes brasileiros estão despertando para essa realidade: “Os grandes clubes do País já perceberam que o futebol feminino pode ser rentável. Muita gente vai ganhar com isso no futuro.”

        Da Redação, com informações do O Globo

        Comissão na Câmara aprova projeto de Jandira sobre Pontos de Cultura



        Foto: Reprodução
        A Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados aprovou na quarta-feira (26), por unanimidade, o parecer da deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) ao Projeto de Lei 4824/2016, que fortalece e regulamenta as ações de Pontos e Pontões de Cultura nas escolas públicas do país.
        O relatório da comunista aprova o projeto, de autoria do senador Fleury (DEM-GO), estabelecendo que a presença cultural dos Pontos nas unidades públicas ocorra em comum acordo com o calendário escolar e o plano pedagógico, sem efeito vinculante.
        Para Jandira, que é autora da Lei Cultura Viva – a legislação transformou o programa do então Ministério da Cultura em política de Estado – a proposição está em consonância com o art. 215 da Constituição Federal, que confere ao Estado a responsabilidade de garantir a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes de cultura.
        “A aprovação da Lei Cultura Viva foi uma conquista da sociedade. Acreditamos que a iniciativa do Senado Federal com este projeto contribuirá para enriquecer esse dispositivo legal, ao estimular a aproximação entre a oralidade, a tradição, a memória e a identidade do povo brasileiro e o ambiente escolar”, avaliou Jandira.
        Agora resta à Comissão de Constituição e Justiça a análise do projeto antes de seguir para votação em Plenário.

        Orlando Silva defende direito ao trabalho de comunidade LGBTI+

         16º Seminário LGBTI do Congresso Nacional com a participação do deputado Orlando Silva
        Pablo Valadares - Câmara dos Deputados
        O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) destacou a importância do direito ao trabalho e defendeu a construção de caminhos que permitam superar toda e qualquer forma de preconceito no 16º Seminário LGBTI do Congresso Nacional. “É necessário que consigamos introduzir nesta pauta diversa que a comunidade LGBTI+ possui, sobretudo a garantia de todos os direitos. Como o direito ao trabalho, um direito elementar para todos os seres humanos e que a comunidade LGBTI+ sofre o preconceito, a discriminação, ferindo a alma e inviabilizando muitas vezes a vida”, considerou.
        De acordo com Nathália Vasconcellos, da Rede Brasil Trans, 90% dessa população emprega-se na prostituição e cobrou iniciativas do Poder Público que possam garantir a empregabilidade das pessoas trans.
        Entre os temas abordados no seminário, o resgate histórico do contexto do Levante de Stonewall, nos Estados Unidos; da resistência à ditadura civil-militar; e da construção e organização dos coletivos precursores do movimento LGBTI no Brasil e no mundo.
        Participantes cobraram proteção do Estado brasileiro ao jornalista norte-americano Glenn Greenwald, fundador do site The Intercept, e seu companheiro, o deputado David Miranda (Psol-RJ). Na oportunidade, o parlamentar contou que ele e sua família estão recebendo constantes ameaças de morte desde que Greenwald publicou conversas mantidas no Telegram entre o ex-juiz e atual ministro da Justiça Sergio Moro e procuradores da Lava Jato, entre os anos de 2015 a 2018.
        O jornalista estava presente e lamentou o assassinato da ex-vereadora Marielle Franco, negra, periférica e bissexual assumida, e salientou que a tristeza e raiva por conta da morte dela se transformaram em determinação de mulheres com o mesmo perfil ocuparem cargos públicos. O ex-deputado Jean Wyllys, que coordenou as últimas 8 edições do seminário e reside na Europa, após ter renunciado ao mandato nesta legislatura por conta de ameaças de morte e campanha difamatória contra ele, também foi homenageado e participou virtualmente do seminário.
        Glenn Greenwald ressaltou a importância de autoridades de assumirem a orientação sexual, independentemente do preconceito. “É nossa responsabilidade usar nossa plataforma pública para mostrar à juventude que você pode ter uma vida completa e ter orgulho de quem você é”.
        Orlando Silva celebrou a decisão recente do Supremo Tribunal Federal (STF) com relação a criminalização da homofobia, mas ressaltou que ainda considera insuficiente, inclusive do ponto de vista do combate à violência. “ Temos comissões importantíssimas da Casa que também se somam a construção de uma agenda LGTB+. Acredito que essa diversidade de comissões é reveladora da diversidade de pautas que nós precisamos construir com a comunidade LGBT+ no Congresso Nacional. A presença da bancada do PCdoB aqui é a renovação do compromisso com a agenda de luta da comunidade LGBTI+, que é a luta de todos os brasileiros”, afirmou.
        Confira o vídeo da fala do deputado:

        O presidente da Aliança Nacional LGBTI, Toni Reis, solicitou aprovação do Congresso Nacional de lei que criminaliza a homofobia e a transfobia e prevê mais segurança jurídica para essa população.

        Flávio Vinícius: Paulo Freire e o "pobre de direita"

        "Governo estimula e o consumo acontece

        Mamãe de todo mal e a ignorância só cresce"
        (Criolo)

        O educador Paulo FreireO educador Paulo Freire
        Em sua obra principal, Pedagogia do Oprimido (1968), ao analisar o processo de libertação cultural dos homens que sofrem a opressão, Paulo Freire observa que “raros são os camponeses que, ao serem ‘promovidos’ a capatazes, não se tornam mais duros opressores de seus antigos companheiros do que o patrão mesmo” (2005, p. 36). Seria este um exemplo do tão polêmico “pobre de direita”?
         
        Paulo Freire não emprega essa oposição entre esquerda e direita. Seu trabalho desenvolve-se em torno do binômio oprimido e opressor. Sem entrar em maiores detalhes a respeito das diferenças entre essas categorias sociais, e do rigor cientifico do termo pobre de direita, o conceito de oprimido deve ser aqui identificado com aquele homem localizado na camada mais vulnerável da sociedade, o que se denominou na linguagem popular como ‘pobre’.
         
        E o que leva o oprimido a aderir ao comportamento do opressor? O homem oprimido, segundo Paulo Freire, é o resultado de uma situação de opressão. E nesse contexto, reproduz os valores e as práticas dominantes nessa sociedade desigual e autoritária. "Para eles, o novo homem são eles mesmos, tornando-se opressores de outros" (FREIRE, 2005, p. 35).
         
        Somente uma revolução cultural permanente, mais tarde sintetizada no conceito de concientização, seria capaz de cessar essa ordem social injusta. E essa revolução tem a educação como um dos vetores fundamentais de transformação. É diante desse desafio que faz sentido a famosa sentença atribuída a Paulo Freire: "Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor". O surgimento do homem livre, nem opressor, nem oprimido, passa por uma educação libertadora.
         
        Pensamento crítico versus ideologia do consumo

        Parte da polêmica em torno do chamado pobre de direita vem de sua rejeição ao projeto político que mais beneficiou o trabalhador e os setores vulneráveis da sociedade. Nunca antes na história do país o trabalhador teve tanto poder de consumo como nos governos populares de Lula e Dilma (2003 a 2015). 
         
        E aí reside o problema. A política de combate às desigualdades nesse período estava assentada na inclusão social por meio do consumo. E não de uma visão critica sobre as desigualdades e a ordem social que garante a sustentação desse status quo. Assim como o projeto pedagógico na educação, em seus mais diversos níveis, estava alinhado a uma perspectiva de emancipação individual dentro desse padrão de sociedade do consumo, mediante a formação profissional para o mundo do trabalho.
         
        Dentro dessa ideologia de mercado, vendida como uma revolução social, ser livre é poder comprar ainda mais. O homem de sucesso é aquele que detêm o poder de consumir acima da media da sociedade. O dinheiro, portanto, é a porta de entrada para o mundo da liberdade. 

        Partido do ponto de vista freiriano exposto acima, podemos compreender o pobre de direita como resultado de uma política que, longe de romper com as bases da sociedade desigual e injusta, reforça esse padrão. E ainda cria uma percepção superficial da identidade de classe daqueles trabalhadores que alcançaram, mesmo que timidamente, um patamar superior de sua condição econômica, quando o governo propaga que ele faz parte de uma “nova classe média”, ideia tão criticada pelo sociólogo Jesse Souza (2019, p. 114). 

        Sem compreensão crítica de sua própria condição social, muitos desses trabalhadores estão hoje ao lado daqueles que propõem a destruição dos diretos laborais, do sistema de seguridade social e do patrimônio nacional que foi construído com o sangue e o suor do povo brasileiro.

        Ainda sob o prisma do educador pernambucano, é fundamental pensar a sociedade fora dos limites impostos pelo sistema em vigor. Superar a ordem social opressora a partir de uma ruptura com a educação tradicional, compreendida em sentido amplo, para além da escola. E persistir na formação de um sujeito crítico que compreenda sua posição social e as relações de poder que movimentam a roda da fortuna ou do infortúnio.

        Leia também:
        SOUZA, Jessé. A elite do atraso. Rio de Janeiro: Estação Brasil, 2019.
         
        FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.



        Flávio Vinícius é filósofo e Secretário de Movimentos Sociais do PCdoB Ceará.

          Glenn Greenwald promete mais vazamento nesta sexta contra Sérgio Moro

          Em resposta à uma nota publicada nesta sexta-feira (28) no Estadão, dando conta de que o “pior já havia passado” em relação ao juiz Sergio Moro sobre os vazamentos de conversas dele pelo The Intercept Brasil, o jornalista e editor do site Glenn Greenwald prometeu divulgar até o final do dia desta sexta-feira mais revelações.

          Danilo Verpa/Folhapress
          Glenn Greenwald promete mais vazamentoGlenn Greenwald promete mais vazamento
          “O pior já passou. A versão de integrantes da inteligência do governo dá conta de que já se esgotou o arsenal do The Intercept contra Moro. Os próximos capítulos seriam sobre conversas entre Deltan Dallagnol e outros procuradores”, diz nota publicada na coluna do Estadão.

          No entanto, Glenn Greenwald avisou no Twitter que o que vai ser publicado será bombástico. 
          "A versão de integrantes da inteligência do governo dá conta de que já se esgotou o arsenal do The Intercept contra Moro. Rindo muito. De todos os dias para afirmar isso, hj é o pior dia possível para eles. E obviamente, eles não têm ideia do que temos, então por que fingir?”, afirmou o jornalista.

          Prosseguiu: “O desespero aqui é triste. Vamos esperar até o final do dia - hoje - e depois me dizer se o que o @Estadao publicou aqui hoje é verdade ou não. Eu acho que a resposta será bem clara”.

          O editor do Intercept ainda ironizou: “Também é muito importante sobre isso: a única maneira que os ´integrantes da inteligência´ poderiam pensar que sabem o que temos é se eles têm as conversas originais entre Moro e Deltan. Como pode ser se Moro e Deltan afirmam que destruíram todas as cópias e nenhuma existe?




          Da redação

            Tensões dominam reunião do G20 no Japão

            Ao lado do anfitrião, Donald Trump posa para a fotografia. Mas apesar da aparente boa relação entre o presidente norte-americano e o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, a história deste G20 poderá ficar marcada por outros eventos.



            Os líderes das 20 maiores economias do mundo reunem-se a partir desta sexta-feira em Osaka para dois dias de uma cimeira que vai sentar à mesma mesa chefes de Estado, como Trump e Xi-Jiping, Macron, Merkel e o estreante Bolsonaro.

            Prevê-se que as tensões comerciais entre a China e os Estados Unidos dominem o encontro anual, onde as divergências sobre questões climáticas também já dividiram vários líderes no passado.

            A abrir o evento, mais uma fotografia, desta vez de família. Juntos, dão início à cimeira, onde, até este sábado, vão procurar algum consenso para as questões que os dividem.

            A informação é da Euronews

            Festival de comunicação em Cuba debate redes sociais

            As redes sociais e a vida diária, o fluxo informativo na Internet e a ''crise'' da chamada imprensa tradicional, centraram hoje aqui o debate do VI Festival Internacional de Comunicação Social.

              
            O professor da Universidade Carlos III de Madri, Ángel García, alertou que se informar através das redes sociais representa dois perigos: a dúvida da veracidade dessas notícias e a manipulação. A informação é da agência cubana Prensa Latina.

            Até janeiro deste ano existiam 2 bilhões 271 milhões de usuários ativos em Facebook e bilhões em Instagram em nível mundial, exemplificou o acadêmico espanhol em sua coletiva.

            García citou um estudo em seis países sobre o fluxo de notícias da Digital News Reports, da agência de imprensa inglesa Reuters, o qual reflete que a preferência de acesso aos conteúdos noticiosos é através dos celulares e os tablets.

            62 por cento dos usuários de Espanha, Estados Unidos, Reino Unido, França e Alemanha informam-se só nas redes sociais e deixam a um lado os jornais tradicionais, daí a chamada "crise"' desses meios, afirmou.

            O autor de livros como "A televisão em Espanha. Marco legal", acrescentou que Instagram, Facebook, Twitter e outros espaços influem na maneira na qual um usuário consome determinada notícia.

            Vulnerabilidade

            Essa informação é "conduzida" porque há interesses por trás da mesma e isso promove determinadas tendências na rede que podem ser falsas ou negativas, afirmou ante o auditório reunido no Palácio de Convenções.

            García chamou também a regular os dados pessoais ante a "relevante vulnerabilidade" à se expõe a cada usuário, contrastar a informação e ter em conta os riscos legais de toda atividade em Internet.

            O VI Festival Internacional de Comunicação Social se realizou em Havana com perto de 900 participantes de Cuba, Argentina, Espanha, Colômbia e Equador.

            Temas como o direito à informação, a privacidade em Internet, a comunicação política e a ética fazem parte do evento