Uma
pesquisa realizada pela Oxfam Brasil e pelo Instituto Datafolha
identificou as percepções dos brasileiros e brasileiras sobre as
desigualdades no país. O estudo, feito com 2.025 pessoas, em agosto de
2017, trata de temas como diferenças socioeconômicas, meritocracia,
racismo, distinção de gênero e apoio do Estado. Uma das conclusões da
levantamento é que as desigualdades são sentidas pelos brasileiros de
maneiras diferentes para diferentes grupos.
EBC
Os entrevistados precisaram se
colocar em uma posição dentro de uma escala de 0 a 100, na qual 0
corresponde às pessoas com a renda mais baixa do país e 100 às pessoas
com a renda mais alta do país, ou seja, os muito ricos.
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O que é desigualdade?
Ao responderem essa pergunta, a maioria dos participantes se referiu às
desigualdades socioeconômicas. Por outro lado, 15% dos entrevistados não
souberam responder à pergunta, o que o relatório aponta como indicador
da "importância de se fazer o debate sobre as desigualdades com o
conjunto da sociedade".A Oxfam Brasil ainda destacou alguns pontos que
enxerga como necessários para combater as desigualdades no país:
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Meritocracia e desigualdades
Duas afirmações confirmaram para o
estudo, que, para os brasileiros, as desigualdades não são apenas o
produto de diferentes capacidades e níveis de esforço individual.
“No Brasil, uma pessoa de família pobre e que trabalha muito
tem a mesma chance de ter uma vida bem-sucedida que uma
pessoa nascida rica e que também trabalha muito”
Concorda totalmente (23%)
Concorda em parte (15%)
Discorda em parte (13%)
Discorda totalmente (47%)
Não concorda nem discorda (1%)
Não sabe (1%)
“No Brasil, uma criança de família pobre que consegue
estudar tem a mesma chance de ter uma vida bem-sucedida
que uma criança nascida em uma família rica”
Concorda totalmente (28%)
Concorda em parte (15%)
Discorda em parte (14%)
Discorda totalmente (41%)
Não concorda nem discorda (1%)
Não sabe (1%)
Racismo e desigualdades
Através da afirmação abaixo, o estudo concluiu que "o racismo é
percebido como fator que influencia na desigualdade de renda". Entre os
entrevistados que concordaram com a frase, 56% eram negros.
“Negros ganham menos que brancos no mercado de trabalho
pelo fato de serem negros”
Concorda totalmente (34%)
Concorda em parte (12%)
Discorda em parte (11%)
Discorda totalmente (39%)
Não concorda nem discorda (2%)
Não sabe (2%)
Discriminação de gênero
Uma das afirmações fazia uma comparação salarial entre homens e
mulheres, a fim de entender se os brasileiros acreditam ou não que há
desigualdade causada pela discriminação de gênero .
“Mulheres ganham menos que homens no mercado de trabalho pelo fato de serem mulheres”
Concorda totalmente (44%)
Concorda em parte (13%)
Discorda em parte (10%)
Discorda totalmente (31%)
Não concorda nem discorda (1%)
Não sabe (1%)
A Oxfam Brasil ainda destacou alguns pontos que enxerga como necessários para combater as desigualdades no país:
Titubação: diminuição da incidência de
tributos indiretos; aumento dos tributos diretos; aumento do peso da
tributação sobre patrimônio na arrecadação total; aumento da
progressividade do IRPF para as camadas de rendas mais altas, criando
faixas e respectivas alíquotas; eliminação dos juros sobre capital
próprio; fim da isenção sobre lucros e dividendos distribuídos; avanço
no combate a mecanismos de evasão e elisão fiscal; e fim de paraísos
fiscais;
Gastos Sociais: orçamentos públicos das esferas federal, estadual e
municipal com recursos adequados para políticas sociais, e que governos
os executem; expansão de gastos públicos em educação, saúde, assistência
social, saneamento, habitação e transporte público; revisão do teto de
gastos imposto pela Emenda Constitucional 95; e medidas que melhorem a
qualidade do gasto público, tornando-o mais transparente, mais
eficiente, mais progressivo e com efetiva participação social;
Educação: drástico aumento na oferta de vagas em creches e escolas
infantis, tanto pelo efeito educacional na criança quanto pelo papel de
inclusão da mulher no mercado de trabalho; priorização de políticas
sobre a preocupante evasão escolar – sobretudo de jovens negros – e a
baixa qualidade do ensino público no País; aumento do alcance do ensino
superior, sobretudo para jovens negros e de baixa renda; e implementação
do Plano Nacional de Educação, o PNE;
Combate à discriminação: políticas afirmativas para reverter o quadro de
discriminação e violência; maior inserção em ambientes excludentes,
como universidades, serviço público, mercado de trabalho, entre outros;
combate à violência institucional, sobretudo à violência de policiais
contra jovens negros e no atendimento à saúde da mulher negra; e
inclusão da igualdade de gênero e valorização das diversidades nas
políticas públicas como base fundamental para a superação da
discriminação racial, de gênero e outras;
Mercado de trabalho: direito ao exercício do trabalho decente no Brasil;
revisão da reforma trabalhista aprovada recentemente, nos pontos em que
ocorreu perda de direitos; salário mínimo em aumento contínuo em termos
reais;
Democracia: mecanismos de prestação de contas e transparência, incluindo
uma efetiva regulação da atividade de lobby e o fortalecimento das
instâncias de participação da sociedade civil; combate à corrupção, algo
central para o fortalecimento do poder público como agente de
redistribuição de renda, riqueza e serviços; mudanças no sistema
político, em debate amplo com a sociedade, no sentido de aprofundar
nossa democracia, possibilitando a concretização das suas três
dimensões, representativa, participativa e direta.
*Gráficos: Annie Castro e Giovana Fleck
Fonte: Sul 21
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