O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad e o ex-governador da Bahia Jaques Wagner podem ser alternativas do partido
08:51
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14.12.2017
/ atualizado às 09:03
por Estadão Conteúdo
Um dia depois de o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4)
marcar o julgamento do recurso de Luiz Inácio Lula da Silva para 24 de
janeiro, o PT passou a reavaliar o cenário envolvendo a candidatura do ex-presidente. A legenda viu aumentar as chances de condenação de Lula na Corte de apelação, o que pode torná-lo inelegível.
Para o partido, a possibilidade mais concreta de Lula ser candidato é
recorrendo a instâncias como o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o
Supremo Tribunal Federal (STF). Por enquanto não se fala no PT em substituir Lula por outro candidato.
No entanto, alguns dirigentes lembram que, se há um ponto positivo no
calendário do TRF-4, é o fato de o julgamento ter início oito meses
antes da eleição. Com isso, haveria tempo para o partido construir um "plano B", que pode ser o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad ou o ex-governador da Bahia Jaques Wagner.
Se o TRF-4 confirmar a condenação aplicada em julho pelo juiz Sérgio Moro - de 9 anos e 6 meses de prisão,
por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, no caso do triplex do
Guarujá (SP) -, Lula poderá ser enquadrado nos critérios da Lei da Ficha
Limpa. O PT, que foi pego de surpresa com a data do julgamento no TRF,
aposta em uma "guerra" na Justiça para manter seu candidato no páreo. O
partido esperava para março a análise do caso.
Nesta quarta-feira (13), em evento em Brasília, Lula disse que não quer
se "esconder" atrás de uma candidatura ao Palácio do Planalto para
evitar ser preso e anunciou a intenção de ir "até as últimas
consequências" para se defender. O petista também intensificou a
pré-campanha e as críticas à Polícia Federal, ao Ministério Público
Federal e ao Judiciário.
A estratégia do PT é investir na imagem de Lula como "perseguido
político". Nos três atos dos quais participou na capital, o
ex-presidente insistiu no discurso de que tudo está sendo feito por PF,
Judiciário e MPF para tirá-lo da disputa eleitoral em 2018. O petista e seus aliados vão insistir na tese de que ele é inocente.
"Não quero que vocês tenham um candidato a presidente que esteja
escondido na sua candidatura porque ele é culpado e não quer ser preso.
Quero ser inocentado para poder ser candidato", disse o ex-presidente,
em reunião com as bancadas do PT da Câmara e do Senado.
Mais tarde, em um evento com catadores do Distrito Federal, o ex-presidente disse que, se estivesse tudo bem no País, não precisaria se lançar à Presidência.
O petista afirmou, porém, que não faria comentários sobre o agendamento
de seu julgamento. "Sempre critiquei a Justiça morosa. Agora que eles
apressaram, eu não vou criticar."
À noite, ele subiu em um palanque montado na rua, na frente do teatro
do Sindicato dos Bancários, e discursou como candidato. "Sendo candidato
ou não sendo candidato, eles vão ter de nos engolir", disse Lula. O
ex-presidente criticou também os acordos de colaboração e afirmou que há
"malandro fazendo delação premiada com tornozeleira" e mantendo seu
dinheiro.
'Revolta'
Condenado pela Justiça, mas em liberdade provisória, o ex-ministro José Dirceu conclamou os militantes a transformar o dia 24 de janeiro em "dia da revolta".
"A hora é de ação, não de palavras. De transformar a fúria, a revolta, a
indignação e mesmo o ódio em energia, para a luta e o combate. Todos em
Porto Alegre no dia 24, o dia da revolta. É hora de denunciar,
desmascarar e combater a fraude jurídica e o golpe político", escreveu
ele.
Segundo o ex-ministro da Justiça Tarso Genro, há tempo para o PT buscar
alternativas. "Se Lula for impedido, o que é uma possibilidade viva na
situação atual, o PT deve lançar outro candidato ou apoiar um candidato
que consiga unificar o campo da esquerda e da centro-esquerda."
Nesse cenário, embora Haddad seja considerado o mais cotado para substituir Lula, a ordem no partido é não falar em alternativa.
Além disso, o ex-prefeito paulistano enfrenta resistências internas.
Wagner, atual secretário de Desenvolvimento Econômico da Bahia, resiste a
uma candidatura ao Planalto. O ex-governador e ex-ministro da Casa
Civil de Dilma Rousseff foi citado por delatores da Odebrecht e da OAS.
Ele nega as acusações. Tanto Wagner como Haddad preparam candidaturas
para o Senado.
Fonte: diário do nordeste
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