Recentemente, os prefeitos fizeram mobilização, em Brasília, atrás de mais recursos
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08.12.2017
/ atualizado às 00:24
por Honório Barbosa - Colaborador
Iguatu. A crise financeira enfrentada pelos municípios
cearenses tende a se agravar. O Ministério da Educação (MEC) editou
portaria que estabelece corte em torno de 50% de recursos da
complementação da União do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da
Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb),
referentes a novembro, dezembro deste ano e janeiro de 2018.
O Fundeb é uma das principais receitas das Prefeituras, junto com o
Fundo de Participação dos Municípios (FPM). O corte vai trazer
consequências adversas para os municípios e servidores e deve acarretar
atraso salarial dos docentes em várias cidades do Interior, segundo
previsão do consultor econômico e financeiro da Associação dos
Municípios do Estado do Ceará (Aprece), André Carvalho. "Todos os
gestores foram surpreendidos, foram pegos de calça curta e o governo
federal sequer avisou", pontuou Carvalho.
Segundo estimativa de André Carvalho, o Ceará vai perder R$ 196
milhões, incluindo o governo do Estado e os municípios. Somente para a
Secretaria de Educação (Seduc), o corte é de R$ 49 milhões e para as
prefeituras, R$ 147 milhões. Há nove estados que recebem complementação
do Fundeb. Desse total, cinco (Ceará, Pernambuco, Paraíba, Bahia e
Piauí) perderam recursos, que estavam previstos, mas outros quatro
ganharam na compensação financeira (Alagoas, Amazonas, Pará e Goiás).
A cada ano, nas proximidades do fim de dezembro, o MEC faz projeção por
município e define o valor de compensação do Fundeb para aqueles
estados e municípios que mostram necessitar de mais recursos para
oferecer uma educação básica com mínimas condições. Os valores
pré-definidos têm por base expectativa de receita da União e o cálculo é
feito por quantidade de alunos.
"A complementação é um reconhecimento do MEC para cidades e Estados
oferecerem uma educação mínima", explica André Carvalho. A projeção pode
mudar ao longo do ano e portarias são editadas para ampliar ou reduzir
recursos. No caso atual, o governo federal observou que não precisaria
da complementação anteriormente anunciada.
Vice-presidente da Aprece e prefeito de Cedro, Nilson Diniz, afirmou
que o corte na complementação do Fundeb foi uma péssima notícia. "O pior
que poderia acontecer", pontuou. Segundo o gestor, Cedro vai perder
cerca de R$ 240 mil referentes a novembro e dezembro. "O corte decorre
de existência de recursos acima do previsto, mas estamos fechando um ano
muito difícil e os municípios estão fragilizados".
Recentemente, os prefeitos fizeram mobilização, em Brasília, atrás de
mais recursos e o governo federal assumiu o compromisso de transferir um
recurso extra de R$ 100 milhões para os municípios cearenses, mas
sequer editou a Medida Provisória.
O governo ainda nem liberou o que prometeu aos prefeitos e já cortou
mais, R$ 147 milhões. Cada município enfrenta sua realidade. Icó, que
recebia R$ 591 mil de complementação do Fundeb, recebeu, neste mês,
quase a metade deste valor, ou seja, cerca de R$ 324 mil. A regra vai
valer para os meses de novembro e dezembro em curso e, até o fim do ano,
Icó vai sofrer um desconto na sua receita do Fundeb de R$ 572 mil.
Com base nas portarias editadas pelo MEC, a Confederação Nacional dos
Municípios (CNM) estima que o reajuste do piso salarial dos professores
será de 6,82% para o próximo ano. O cálculo da entidade está baseado na
taxa do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (INPC), acumulada
de 1,83% nos últimos 12 meses, medida em outubro de 2017.
A CNM adianta que, dificilmente, os municípios conseguirão arcar com o
impacto desse reajuste. "Os aumentos reais de salários vão impactar as
administrações, com certeza", reafirma André Carvalho. "O mais grave é
que não há previsão de crédito do recurso extra anunciado pela União
para os municípios", disse o procurador de Icó, Fabrício Moreira. A
Aprece estima que devem vir para o Ceará cerca de R$ 200 milhões extras.
Seduc
Em nora, a Seduc diz que "a Lei nº 11.494/2007, que regulamenta o
Fundeb autoriza a União a definir, anualmente, as projeções, bem como o
Governo Federal refazer os cálculos do Complemento da União para cada
Estado a depender de sua arrecadação própria, o Valor Anual por Aluno. A
Portaria Interministerial nº8, de 29 de novembro de 2017, que reduziu o
valor da complementação para cinco estados, inclusive o Ceará, propicia
maior pressão sobre o reajuste do piso salarial do magistério esperado
para 2018".
"Qualquer redução de recursos afetará as políticas públicas
educacionais implementadas pelo Ceará, que vem executando um conjunto de
políticas e ações, que asseguram a construção de uma educação básica
com foco no sucesso e na integração do aluno. Além disso, o Estado vem
se destacando em âmbito nacional, atingindo excelentes resultados.
Segundo o Ideb, 77 das 100 melhores escolas públicas do Brasil estão no
Ceará, no que se refere aos cinco primeiros anos do Ensino Fundamental",
conclui a nota.
Fonte: diário do nordeste
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