800
participantes, 18 países, sete caravanas, dez encontros nacionais
preparatórios, 19 mesas, 120 debatedores, 13 círculos de palavra, 20
percursos culturais, palcos abertos, encontros de redes, galerias
abertas, muralismo, feira de artesanato e economia solidária…
Por Alexandre Santini*, ANF
Foto: Coop La Comunitária
3º Congresso Latino-americano de Cultura Viva se realiza em Quito
Essa foi a dimensão do 3º Congresso
Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, realizado entre os dias 20
e 25 de novembro em Quito, no Equador. Após as edições na Bolívia
(2013) e El Salvador (2015), o Congresso na capital equatoriana
consolida uma trajetória de larga duração na construção de um movimento
político e cultural na América Latina.
Existem no continente latino-americano pelo menos 120 mil organizações e coletivos populares que desenvolvem atividades nas áreas de cultura, educação e comunicação comunitárias em territórios urbanos e rurais, mobilizando cerca de 200 milhões de pessoas por ano em eventos e atividades regulares e permanentes. Na maioria dos casos, esses grupos existem sem que haja um apoio continuado e reconhecimento adequado por parte das políticas públicas e legislações culturais vigentes nos países da América Latina.
A experiência brasileira dos Pontos de Cultura e do Programa Cultura Viva apontou um caminho comum para as políticas culturais: reconhecer e fomentar estas experiências de forma perene, garantindo a sua autonomia e promovendo a integração e articulação em rede. A política pública criada no Brasil levou à criação de programas de reconhecimento e apoio a Puntos de Cultura e iniciativas de cultura comunitária na Argentina, Peru, Bolívia, Equador, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Chile e Uruguai.
Movimentos e coletivos culturais articulados em torno da Cultura Viva Comunitária vem se consolidando também em países como México, Guatemala, Chile, Cuba e Espanha. A incidência nas políticas culturais segue sendo uma estratégia importante, e o diálogo intersetorial esteve presente no Congresso com a realização dos encontros de uma rede de gestores locais e do Conselho Intergovernamental do programa de cooperação internacional IberCultura Viva, vinculado à Secretaria Geral Ibero-Americana (SEGIB) e que reúne hoje 11 nações.
Nesta edição do Congresso, os avanços mais importantes, no entanto, se deram na dimensão organizativa e política do movimento, que é hoje um laboratório de criação e invenção de novas estratégias, ambientes e mecanismos de participação para a organização das esquerdas e dos setores populares no século XXI a partir da cultura. O encontro aprofundou também a dimensão conceitual , filosófica e espiritual da Cultura Viva Comunitária enquanto uma alternativa civilizatória baseada na sabedoria ancestral dos povos originários afro-ameríndios, nos princípios do sumak-kawsay (bem-viver) e do equilíbrio entre a humanidade e a natureza.
Trata-se de um movimento político cultural, com uma agenda específica voltada para o desenvolvimento de políticas públicas, mas com um programa mais amplo de alternativa ao modelo de desenvolvimento vigente, à esquerda e à direita, na América Latina, a partir de três conceitos amplos e inspiradores: descolonização, despatriarcalização e desmercantilização.
Congresso de 2019 será na Argentina
Em assembleia geral do Conselho Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, espaço participativo de organização do movimento, foi aprovado por unanimidade que a quarta edição será na Argentina. O país desenvolve desde 2010 uma política nacional de Puntos de Cultura, e esteve desde o início na construção de um movimento de Cultura Viva Comunitária na América Latina.
É um grande desafio, no momento em que a onda conservadora que atravessa o continente tem no governo Macri um dos principais símbolos de sua restauração. No entanto, a cultura política e a tradição de lutas do povo argentino, refletidas em um movimento amplo e autônomo de redes de cultura comunitária, que este ano reuniu cerca de 300 pessoas em um encontro preparatório para o Congresso de Quito, será certamente uma inspiração importante para este movimento continental que, segundo um de seus lemas principais, “não veio para decorar a democracia, mas, sim, para transformá-la”.
Existem no continente latino-americano pelo menos 120 mil organizações e coletivos populares que desenvolvem atividades nas áreas de cultura, educação e comunicação comunitárias em territórios urbanos e rurais, mobilizando cerca de 200 milhões de pessoas por ano em eventos e atividades regulares e permanentes. Na maioria dos casos, esses grupos existem sem que haja um apoio continuado e reconhecimento adequado por parte das políticas públicas e legislações culturais vigentes nos países da América Latina.
A experiência brasileira dos Pontos de Cultura e do Programa Cultura Viva apontou um caminho comum para as políticas culturais: reconhecer e fomentar estas experiências de forma perene, garantindo a sua autonomia e promovendo a integração e articulação em rede. A política pública criada no Brasil levou à criação de programas de reconhecimento e apoio a Puntos de Cultura e iniciativas de cultura comunitária na Argentina, Peru, Bolívia, Equador, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Chile e Uruguai.
Movimentos e coletivos culturais articulados em torno da Cultura Viva Comunitária vem se consolidando também em países como México, Guatemala, Chile, Cuba e Espanha. A incidência nas políticas culturais segue sendo uma estratégia importante, e o diálogo intersetorial esteve presente no Congresso com a realização dos encontros de uma rede de gestores locais e do Conselho Intergovernamental do programa de cooperação internacional IberCultura Viva, vinculado à Secretaria Geral Ibero-Americana (SEGIB) e que reúne hoje 11 nações.
Nesta edição do Congresso, os avanços mais importantes, no entanto, se deram na dimensão organizativa e política do movimento, que é hoje um laboratório de criação e invenção de novas estratégias, ambientes e mecanismos de participação para a organização das esquerdas e dos setores populares no século XXI a partir da cultura. O encontro aprofundou também a dimensão conceitual , filosófica e espiritual da Cultura Viva Comunitária enquanto uma alternativa civilizatória baseada na sabedoria ancestral dos povos originários afro-ameríndios, nos princípios do sumak-kawsay (bem-viver) e do equilíbrio entre a humanidade e a natureza.
Trata-se de um movimento político cultural, com uma agenda específica voltada para o desenvolvimento de políticas públicas, mas com um programa mais amplo de alternativa ao modelo de desenvolvimento vigente, à esquerda e à direita, na América Latina, a partir de três conceitos amplos e inspiradores: descolonização, despatriarcalização e desmercantilização.
Congresso de 2019 será na Argentina
Em assembleia geral do Conselho Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, espaço participativo de organização do movimento, foi aprovado por unanimidade que a quarta edição será na Argentina. O país desenvolve desde 2010 uma política nacional de Puntos de Cultura, e esteve desde o início na construção de um movimento de Cultura Viva Comunitária na América Latina.
É um grande desafio, no momento em que a onda conservadora que atravessa o continente tem no governo Macri um dos principais símbolos de sua restauração. No entanto, a cultura política e a tradição de lutas do povo argentino, refletidas em um movimento amplo e autônomo de redes de cultura comunitária, que este ano reuniu cerca de 300 pessoas em um encontro preparatório para o Congresso de Quito, será certamente uma inspiração importante para este movimento continental que, segundo um de seus lemas principais, “não veio para decorar a democracia, mas, sim, para transformá-la”.
*Alexandre
Santini é Gestor cultural, dramaturgo e escritor. Formado em Teoria do
Teatro pela UNIRIO e mestre em Cultura e Territorialidades pela UFF. Foi
diretor de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura
entre 2015 e 2016. Atualmente dirige o Teatro Popular Oscar Niemeyer, em
Niterói (RJ). Artigo publicado na ANF (Agência de Notícias das Favelas)
Fonte: Portal Vermelho
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