Inquérito policial citou que o presidente tinha o poder de comando no grupo batizado de "quadrilhão do PMDB"
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12.09.2017
Brasília. A Polícia Federal concluiu, ontem, um
inquérito instaurado sobre integrantes do PMDB e considerou que há
indícios de crimes cometidos pelo presidente Michel Temer e outros
membros do partido. Também foram implicados no relatório os ministros
Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da
Presidência) e os ex-deputados Eduardo Cunha, Geddel Vieira Lima e
Henrique Eduardo Alves -os três últimos estão presos em decorrência de
diferentes investigações da PF. O alvo do inquérito são políticos do
PMDB da Câmara dos Deputados.
Para a Polícia Federal, os integrantes da cúpula do partido se
organizaram com o objetivo de obter "vantagens indevidas" na
administração pública direta e indireta. Entre os crimes atribuídos ao
grupo, estão corrupção ativa, passiva, lavagem de dinheiro, fraude em
licitação e evasão de divisas.
O relatório afirma que Temer tinha poder de comando no grupo e utilizou terceiros para executar tarefas sob seu controle.
"Ao lado de Eduardo Cunha, os elementos analisados nos autos demonstram
que o presidente Michel Temer possui poder de decisão nas ações do
grupo do 'PMDB da Câmara', tanto para indicações em cargos estratégicos
quanto na articulação com empresários beneficiados nos esquemas, para
recebimento de valores, sob justificativa de doações eleitorais", diz a
PF.
'Divisão de tarefas'
O relatório afirmou que, como toda organização criminosa, há "divisão
de tarefas", e Temer tem em Padilha, Moreira Geddel prepostos, em
situações como a "captação de recursos da Odebrecht e OAS (concessão dos
aeroportos)". "De forma consistente, foi apontado como uma das figuras
centrais beneficiadas em pagamentos pelo grupo JBS, inclusive com
possível recebimento", afirma o relatório. A PGR (Procuradoria-Geral da
República) deve apresentar nova denúncia contra Temer ainda nesta
semana, que é a última de Rodrigo Janot à frente da instituição.
O inquérito, apelidado de "quadrilhão do PMDB", deve oferecer subsídios para essa nova peça de acusação.
Ele teve origem em investigações da Operação Lava-Jato sobre supostas
irregularidades na Petrobras, mas apontou também influência do grupo
sobre a Caixa Econômica Federal.
Em julho passado, Janot pediu para ampliar o rol de investigados no
caso e citou suspeitas relacionadas a Temer. O ministro Edson Fachin, do
STF, respondeu, duas semanas depois, que a inclusão formal de
investigados era desnecessária.
O operador Lúcio Funaro, que se tornou delator, foi ouvido em junho e
fez acusações contra os peemedebistas. Disse, por exemplo, ter pago
"comissões", por empréstimos concedidos pela Caixa, a Geddel, que ocupou
uma vice-presidência do banco até 2013. Em junho, Temer foi denunciado
pela primeira vez por Janot, sob acusação de corrupção envolvendo a JBS,
mas a Câmara decidiu suspender o trâmite no dia 2 de agosto.
Na semana passada, a PGR denunciou cinco senadores do grupo conhecido como PMDB do Senado.
Geddel
A PF relaciona, em relatório concluído ontem (11), o "bunker" do
ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) com a atuação do grupo do PMDB na
Câmara.
Funaro havia afirmado em depoimento em junho que repassou R$ 20 milhões
de propina ao peemedebista em troca de aprovação de empréstimos na
Caixa Econômica Federal. A PF disse, então, que como os valores
encontrados no "bunker" superam a cifra citada por Funaro "faz inferir
que o saldo remanescente pode ter se originado de outros esquemas
ilícitos destacados ao longo do relatório, relacionados com a atuação do
grupo do PMDB na Câmara", diz trecho do documento.
"Inclusive envolvendo a ciência e participação do irmão de Geddel, o deputado Lucio Vieira Lima", completa.
Após a divulgação sobre as conclusões do inquérito policial , a
Presidência da República divulgou um comunicado, dizendo que Michel
Temer "não participou e nem participa de nenhuma quadrilha".
Fonte: Diário do Nordeste
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