Apenas dois discursos foram contra, alegando as observações feitas pelo TCE no parecer favorável à aprovação
01:00
·
15.09.2017
A Assembleia Legislativa cearense aprovou ontem (14), por 36 votos a
favor e três contra, a prestação das contas do governador Camilo Santana
(PT), referentes ao exercício de 2016. Esse tipo de votação, que
conforme manda o Regimento Interno da Casa, ocorre de forma secreta,
despertou questionamento de deputados da oposição que pediram que o
painel fosse aberto para saber como cada um de seus pares votou e,
assim, detectar eventuais "traições". Declararam voto contrário os
deputados Capitão Wagner (PR), Renato Roseno (PSOL) e Heitor Ferrer
(PSB).
Estavam ausentes na votação sete deputados, entre governistas e
oposicionistas. Foram eles: Augusta Brito (PCdoB), Aderlânia Noronha
(SD), Carlos Matos (PSDB), Danniel Oliveira (PMDB), Ely Aguiar (PSDC),
Walter Cavalcante (PP) e Odilon Aguiar (PMB). Este está afastado por
licença médica.
O Tribunal de Contas do Estado (TCE), em maio passado, emitiu parecer
favorável à aprovação das contas com 44 recomendações sobre pontos
questionáveis, alguns deles já citados nas contas do exercício de 2015.
Nas Contas de Governo, o Tribunal de Contas só emite parecer, cabendo o
julgamento dos números aos deputados estaduais.
O deputado Elmano de Freitas (PT) foi o relator da matéria na
Assembleia. Para o petista, as recomendações do Tribunal na "grande
maioria representam assuntos relacionados com a contabilidade, orçamento
e finanças, estando voltadas basicamente para o aprimoramento dos
processos de planejamento e execução dos orçamentos".
Ações
Mas não é assim que entendem alguns de seus pares na Assembleia. O
deputado Renato Roseno (PSOL) foi o primeiro a subir à tribuna, ontem,
para criticar o Estado pelo descumprimento dos limites constitucionais
não só em relação ao percentual mínimo de aplicação de recursos em
investimento e na Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento
(FUNCAP), mas também com o Fundo de Financiamento às Micro, Pequenas e
Médias Empresas do Estado (FCE).
Para o deputado Heitor Ferrer (PSB), o fato de o Estado ter descumprido
a Constituição estadual já é motivo de reprovação das contas do Poder
Executivo. Ele chamou a atenção também para a reincidência de
recomendações feitas pelo TCE há anos e que o Estado não vem cumprindo,
tornando o TCE um "Tribunal faz de conta".
Já o deputado Roberto Mesquita (PSD), embora seja contrário à gestão de
Camilo Santana e faça críticas a algumas de suas ações, principalmente
na área da segurança, que considera um "fracasso", afirmou que não
poderia rejeitar as contas do governador. Ele reconhece as falhas
apontadas pelo TCE e a repetição de ocorrências que, na avaliação dele,
poderiam levar a uma tomada de contas especial ou a um processo de
improbidade administrativa. No entanto, ressaltou o esforço do governo
de manter as contas no azul, mesmo com o aperto financeiro.
Equilibrado
A análise do TCE mostra que o Governo Cearense teve um saldo positivo
no caixa, no ano passado, de R$ 1,01 bilhão, cujo superávit foi possível
devido à Lei de repatriação de recursos no Exterior, fechando 2016 com
um crescimento de 10% na Receita Corrente Líquida, se comparado a 2015.
No quesito gastos com Educação, o percentual aplicado pelo Executivo
Estadual, em 2016, foi de 26,21%, superando o percentual mínimo de 25%
estabelecido pela Constituição. Na área da saúde, o aporte feito atingiu
13,89%, acima do limite de 12%.
O líder do Governo na Casa, deputado Evandro Leitão (PDT), rebateu as
críticas de que o Estado reduziu investimentos e defendeu que o selo de
Estado bem equilibrado dado ao Ceará é garantido por órgãos que avaliam a
questão fiscal em todas as unidades da Federação.
"Fica claramente evidenciado que a situação fiscal do Estado, cumpre
todos os seus limites definidos pela LRF (Lei de Responsabilidade
Fiscal). Acredito eu que alguns deputados não tenham conhecimento da
quantidade de obras em curso no Ceará. Temos 500 obras sendo realizadas
no Estado, são obras de infraestrutura, na área da educação, na área da
economia, obras que impactam na vida dos cearenses ".
Outras
O Governo também saiu vitorioso, ontem, com a aprovação de dois
requerimentos de urgência à tramitação de Projetos de Lei do Executivo.
Um deles trata da criação de programa para erradicação da pobreza
infantil e o outro muda o nome Ceará Portos para Companhia Industrial e
Portuária do Pecém.
Fonte: Diário do Nordeste
Nenhum comentário:
Postar um comentário