A ação é pioneira e a partir do projeto piloto os técnicos querem estendê-la para outros trechos da bacia do Rio
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29.08.2017
por
Honório Barbosa - Colaborador
Iguatu. Recompor a mata ciliar do Rio Jaguaribe em um
trecho urbano de 20 hectares nesta cidade, na região Centro-Sul do
Ceará. Esse é o objetivo do projeto 'Cílios do Jaguaribe', que foi
discutido em reunião na Secretaria de Recursos Hídricos (SRH). A ideia
inicial é implantar uma unidade piloto e um viveiro de mudas nativas
para produção de 120 mil mudas nativas por ano e plantio adensado de
cinco mil pés por hectare.
A ação é pioneira e, a partir do projeto piloto, os técnicos querem
estendê-la para outros trechos da bacia do Rio Jaguaribe, um dos mais
importantes cursos de água do Ceará. A iniciativa partiu do secretário
executivo da SRH, Aderilo Alcântara, e conta com o apoio da secretaria
do Meio Ambiente do Estado. Foi formado um grupo de trabalho específico
para discutir o projeto. No próximo dia 29 de setembro, está prevista a
realização de uma reunião nesta cidade para dar continuidade às
discussões do planto de recomposição da mata ciliar, após apresentação
do projeto, que foi elaborado pelo agrônomo e mestre em Desenvolvimento
Regional Sustentável, Paulo Ferreira Marciel, do Instituto Rio
Jaguaribe.
"O Rio Jaguaribe, ao longo de seu curso, sofre com a poluição,
degradação ambiental, assoreamento e perda da sua mata ciliar", observou
Alcântara. "Não podemos apenas ficar olhando, vendo o tempo passar, sem
uma ação concreta de recuperação e proteção do mais importante rio do
Ceará".
A gerente de Recursos Humanos e Meio Ambiente da Fundação Cearense de
Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), Margareth Menezes, lembrou
que desde 2012 há um trabalho em parceria com o Ministério do Meio
Ambiente a partir de uma área piloto para recuperação de área degrada.
"Vejo o projeto Cílios do Jaguaribe como bem interessante, que deve ser
implementado", pontuou. Para o presidente do Comitê da Sub-Bacia
Hidrográfica do Alto Jaguaribe, César Cristóvão, o projeto é pioneiro e
muito esperado pela comunidade e produtores rurais. "Sem a proteção da
mata ciliar, ocorre a cada ano perda de áreas produtivas, avanço da
erosão nas barreiras do rio", frisou. "Esse projeto precisar sair do
papel, obter recursos e ser implantado".
O autor do projeto, Maciel, mostrou a importância histórica do Rio
Jaguaribe no processo de colonização do Ceará e exploração de atividades
agropecuárias, criação de gado, plantio de arroz e de outras culturas.
As cidades surgiram às margens do rio e, ao longo do tempo, houve
degradação, despejo de dejetos, retirada de areia, da mata ciliar,
colocação de lixo e de entulhos.
"O projeto prevê uma ação coletiva, em parceria entre a Prefeitura,
proprietários e produtores rurais, visando à recuperação, a
sensibilização e à educação ambiental de alunos e da população local",
frisou. "O projeto piloto será de 20 hectares em um trecho urbano da
cidade de Iguatu".
O planto inicial de manejo prevê a proporção por espécies em uma taxa
de 50% arbustivo/pioneiras; 30% arbóreo/mata primária e 20% arbóreo/mata
secundária. Haverá ainda distribuição de mudas para promover
recomposição de áreas no entorno da unidade piloto estabelecida no
projeto. O cultivo será de espécies de origem da Caatinga. "Esperamos
com este projeto iniciarmos um processo virtuoso de revitalização do Rio
Jaguaribe em todo o seu percurso, desde as suas nascentes até a foz",
pontuou Maciel. "A ideia é promover além da reposição de matas ciliares,
um trabalho permanente de educação ambiental nas comunidades
ribeirinhas e extensivamente a todo o Ceará".
A cidade de Iguatu cresceu sobre as margens do Rio Jaguaribe.
Avançou-se de tal modo sobre a bela paisagem lacustre e fluvial que se
chegou a deformá-la, reduzindo ou até extinguindo em muito os espelhos
de água originalmente existentes em nosso município. Com o passar do
tempo veio a degradação de ecossistemas.
Impactos
O crescimento urbano acelerou-se enormemente nas últimas décadas e
trouxe vários impactos relacionados com as atividades econômicas e com o
crescimento populacional desordenado sobre áreas que deveriam ser
protegidas conforme prevê a legislação ambiental pertinente e mais
incisivamente o Código Florestal Brasileiro.
Os impactos previsíveis e muitos deles já detectados transformam e
sufocam um importante manancial hídrico de todo o Estado. Ao mesmo tempo
em que as atividades mais primitivas deram lugar à construção urbana,
entra em cena a deposição de resíduos nas margens e no leito Jaguaribe, o
'rio das onças'. "É preciso urgente intervenção pública para preservar e
recuperar o que for possível", finalizou Paulo Maciel.
Fonte: Diário do Nordeste
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