O PSDB quer saber mesmo se Eunício será ou não candidato, para adotar as providências internas necessárias
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26.08.2017
por
Edison Silva - Editor de Política
O governador Camilo Santana (PT) vai para a disputa de um segundo
mandato com o apoio do ex-governador Cid Gomes (PDT), tendo como
candidato a vice-governador um nome da estreita confiança deste, que é o
deputado José Albuquerque (PDT), presidente da Assembleia Legislativa.
O diretório estadual do PT terá de homologar a coligação, em meio aos
discursos de resistência de alguns petistas, também pelo fato de a
aliança se estender à chapa senatorial encabeçada por Cid, ao lado de um
nome, para a segunda vaga de senador, por certo não tão do agrado do
grupo opositor do ex-governador no partido de Camilo, que, presume-se
ultrapassará esse óbice.
Com o fim da verticalização das alianças partidárias, as direções
estaduais dos partidos passaram a ter o poder de "adotar os critérios de
escolha e o regime de suas coligações eleitorais, sem obrigatoriedade
de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional ...", segundo
estabelece a Constituição Federal, no parágrafo 1º do seu Art. 17. Desse
modo, não há impedimento de PT e PDT terem candidaturas presidenciais
próprias e marcharem juntos para disputar o Governo do Estado e as duas
vagas de senador, sem embargos, naturalmente, das outras questões de
cunho paroquial.
Articulação
Quando Cid Gomes anunciou estar disposto a concorrer a uma das duas
vagas de senador, e lançou o nome do deputado André Figueiredo,
presidente do PDT cearense, para a outra, mesmo sabendo que ele não o é,
sinalizou para todos os seus, inclusive o governador Camilo Santana,
que o território já estava demarcado, e o seu companheiro na disputa ao
Senado da República será escolhido só nos momentos finais da construção
da chapa majoritária governista, descartando toda e qualquer
articulação, por acaso existente, como as citadas em meio às
especulações existentes por conta das relações do próprio Camilo com
empresários e políticos de outras agremiações.
André Figueiredo já havia comunicado a amigos e aos irmãos, Ciro e Cid
Gomes, sua disposição de concorrer à reeleição. Assim, o nome do outro
candidato ao Senado será daquele capaz de agregar valores à campanha
governista. E esses valores não são apenas os eminentemente políticos e
eleitorais, descartando, de pronto, qualquer nome do PT, pois a
agremiação já estaria devidamente contemplada com a indicação do
candidato a governador. E não será surpresa se os governistas vierem a
votar para o Senado em Cid e em um nome atualmente integrante da
oposição.
Confiança
O deputado José Albuquerque, como candidato a vice-governador, cumprirá
uma missão. Diferentemente do momento de formação da chapa majoritária
governista de 2014, quando ele declinou de disputar a senatória ou a
vice-governança, pois reagiu à escolha de Camilo, posto esperar ser ele o
nome para suceder Cid, tamanho o trabalho feito junto a prefeitos e
outros políticos (ele disputava a mesma posição com Domingos Filho e
Mauro Filho), agora o lugar de vice parece lhe atender.
Albuquerque, além de ser da absoluta confiança de Ciro e Cid e ter boa
relação com Camilo, pela quantidade de mandatos que já exerceu na
Assembleia Legislativa, incluindo seis anos consecutivos como presidente
daquela Casa, por certo quer um outro mandato. O de deputado federal
está descartado. Ele já lançou o filho, Antonio José, ex-prefeito do
Município de Massapê, para disputar uma das 22 vagas da representação
cearense na Câmara Federal. E o cargo de senador, no seu grupo político,
está reservado para as necessárias negociações.
Pressa
Pelas demonstrações de lealdade expressas por líderes e liderado, não
há razões para se admitir ter o próximo vice de Camilo, se chegarem a
vencer a disputa, a missão de tolher os seus passos políticos futuros,
mas o fim de um segundo mandato majoritário de um aliado, mesmo nele
sendo depositada certa confiança, sempre motiva preocupação aos líderes
que o indicaram, posto a ameaça de quebra da continuidade do comando do
Poder. Por isso a necessidade de ter um vice, de certa forma, com
condições de pôr um freio, se necessário for, na afoiteza do titular,
principalmente se ele quer continuar tendo mandato eletivo.
Na oposição, notadamente no campo do PMDB e do PSDB, o quadro ainda não
está claro. Há determinação, da parte das lideranças dessas
agremiações, as com melhores estruturas de disputa de cargos
majoritários, da formação de uma chapa competitiva, admitindo-se,
inclusive, a indicação de nomes de outras agremiações, mas está faltando
a conversa determinante para a concretização do objetivo.
O nome do senador Eunício Oliveira, o candidato derrotado por Camilo no
pleito passado, continua sendo o apontado por correligionários seus
para disputar novamente o Governo. O PSDB cearense, dependendo da
posição da sigla, nacionalmente, votará novamente no Eunício.
Mas o senador não confirmou para o PSDB que realmente disputará o
Governo do Ceará. Aliás, hoje, em Massapê, cidade da Zona Norte do
Estado, onde um encontro político reúne lideranças dessas duas e outras
agremiações, Luiz Pontes, presidente do PSDB, pode fazer uma cobrança ao
próprio senador, no palanque, sobre se ele será ou não candidato. Os
tucanos querem decidir logo essa situação para começar a discutir os
seus nomes que comporão a chapa majoritária, por entender já estar no
tempo de intensificar, com nomes, as ações políticas no Interior do
Estado.
Os oposicionistas reconhecem o avanço de Camilo em praticamente todos
os municípios do Estado, com a bandeira de ações administrativas,
fortalecendo politicamente o seu nome, além de aumentar o número de
prefeitos conquistados, não só pela influência do cargo, mas, também,
pelo distanciamento dos adversários, situação bem diferente do mesmo
período anterior da eleição estadual.
Fonte: Diário do Nordeste
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