Além de exigir o imediato pagamento dos R$ 600 aprovados pelo Congresso, parlamentares criticam o presidente por nova provocação contra governadores e prefeitos
Publicado 01/04/2020 11:29 | Editado 01/04/2020 11:49
Em pronunciamento nesta terça-feira (31) em cadeia de rádio e tevê e visivelmente pressionado, Bolsonaro falou em conciliação e mudou o tom do discurso contra o isolamento social da população para combater o coronavírus.
Não custou muito para o presidente voltar ao seu estilo agressivo. Nesta quarta-feira (1º), ele postou um vídeo mentiroso de um apoiador falando sobre o desabastecimento da Ceasa de Belo Horizonte.
Junto com o vídeo, Bolsonaro escreveu no Twitter haver desentendimento entre ele e “alguns governadores” e “alguns prefeitos”, mas a realidade deveria ser mostrada. “Depois da destruição não interessa mostrar culpados”, provocou.
O repórter da CBN Pedro Bohnenberger esteve na Ceasa neste 1º de abril e mostrou uma realidade diferente, ou seja, o local funcionando normalmente.
A postura do presidente irritou lideranças no parlamento. O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) alegou que não dá para acreditar no presidente.
“Bolsonaro não é confiável. O que diz à noite não tem valor pela manhã. Ele não está nem aí com o país, apenas faz cálculo eleitoral para manter sua matilha nas redes. Caso se importasse com o sofrimento do povo, já estaria pagando a renda emergencial”, criticou.
Para o deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA), Bolsonaro não assume suas responsabilidades e quer culpar governadores pela falta de ação do seu governo.
“Bolsonaro ontem falou em pacto. Mas hoje começa o dia atribuindo a governadores problemas econômicos cujas soluções dependem do governo federal. O que mais faz falta? Seriedade ou competência?”, indagou.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou que o presidente não entende a necessidade de união nesse momento de crise.
“Como pode, em pronunciamento, falar em pacto, e começar o dia atacando governadores (…) Deve tomar medidas urgentes e de forma integrada aos governos, a começar pela sanção imediata do Renda Básica Emergencial, que protegerá uma parcela importante da sociedade”, defendeu o senador.
“Paga logo Bolsonaro”
A líder do PCdoB na Câmara, Perpétua Almeida (AC), lembrou que “Bolsonaro já tem como resolver a falta de dinheiro para os desempregados, os autônomos, ambulantes, camelôs, inclusive o tio do churrasquinho q ele abordou numa (cidade) satélite de BSB”.
“É só pagar o que o Congresso aprovou: R$ 600 por pessoa e R$ 1.200 por família. #pagaLogoBolsonaro”, escreveu no Twitter.
“Governo inventa burocracias inexistentes e tenta transferir a sua responsabilidade. Presidente e ministro Guedes (Paulo, da Economia) paguem logo a renda mínima aos milhões e brasileiros que já se encontram em situação desesperadora! #pagalogonolsonaro”, publicou a deputada Professora Marcivânia (PCdoB-AP).
A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) avaliou a situação como grave. “O governo quer pagar a renda emergencial em apenas 16 de abril. Não! Tem que ser agora! 100 milhões de brasileiros aguardam o que aprovamos no Congresso pra por comida na mesa. Seus irresponsáveis!”, protestou.
A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) lembrou que no pronunciamento Bolsonaro disse que se importa com a vida dos mais pobres. “Mentiroso! Se importasse, o benefício já estaria nas mãos das famílias”, criticou.
Ela disse que milhões de famílias precisam com urgência desse benefício. “O presidente queria um auxílio de apenas R$ 200 reais, mas o Congresso aprovou o valor de R$ 600, podendo chegar a R$ 1.200 por família.”
O deputado Renildo Calheiros (PCdoB-PE) diz que o pagamento deve ser imediato. “O governo federal já está autorizado pelo Congresso a gastar o quanto for necessário para salvar a vida das pessoas e garantir auxílio aqueles que mais necessitam. Entrega o dinheiro do povo, Bolsonaro”, conclamou.
“Bolsonaro tem que imediatamente iniciar o pagamento do benefício emergência que aprovamos na câmara. Não dá pra ficar com conversa fiada e as famílias passando por enormes privações”, disse o líder da Oposição na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE).
Ao se referir ao pronunciamento do presidente, o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) disse que é preciso que o Brasil atingisse a triste marca de 200 mortes para que Bolsonaro finalmente reconhecesse que o novo coronavirus é uma realidade.
“Enquanto isso, há pessoas passando fome. Quantos mais precisarão morrer para que ele socorra os que se sacrificam em casa? #PagaLogoBolsonaro”, publicou o deputado no Twitter.
O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) diz que Bolsonaro não só jogou na lata do lixo o ensaio de moderação, como pela manhã publicou um vídeo falso que fala em desabastecimento no Ceasa de Belo Horizonte.
“Ao invés de terrorismo, Bolsonaro deve pagar a Renda Emergencial a quem precisa!”, disse o deputado.
A deputada Maria do Rosário (PT-RS) afirmou que o Congresso Nacional ofereceu plena e total condição para o governo pagar a Renda Básica Emergencial.
“O governo nega deliberadamente pão pra quem tem fome e amplia o risco para quem não consegue ficar em isolamento e para todos. #pagalogonolsonaro”, disse a parlamentar.
Fonte: https://vermelho.org.br/
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