Cagece concluirá análise das propostas e decidirá os responsáveis pela elaboração dos documentos
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02.11.2017
/ atualizado às 01:22
Os estudos para instalação de uma planta de dessalinização de água
marinha para a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) estarão aptos a
serem realizados até a próxima terça-feira (7). A Companhia de Água e
Esgoto do Ceará (Cagece) recebeu no dia 9 de outubro as propostas de
manifestação de interesse de dois consórcios, liderados pelas empresas
GS Inima Brasil e Acciona Agua S/A. A estatal confirmou ontem que o
prazo para a conclusão da análise das proposições é 30 dias. Assim, até
terça-feira a Cagece deve informar qual dos dois consórcios irá elaborar
os estudos ou se os dois terão permissão para realizá-los.
Após a autorização pela companhia, a empresa ou as empresas, por meio
do regime de Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI), terão até
150 dias para desenvolver e apresentar os estudos. Dessa forma, se o
cronograma for seguido à risca, os documentos relacionados à planta
estarão prontos até o início de abril de 2018.
Concluídos os estudos, o governo poderá lançar um outro edital, dessa
vez para convocar empresas interessadas em investir na construção da
usina de dessalinização.
A Cagece só irá remunerar as empresas pelos estudos que forem
utilizados pela companhia. No caso de os dois consórcios serem
escolhidos para a elaboração dos documentos, a estatal poderá fazer uso
de alguns estudos de um determinado consórcio e outros documentos de
outro consórcio.
Risco
"Pode ser que a Cagece acredite que o nosso estudo seja completo e
remunere apenas a nossa empresa. Entendemos que queremos correr o risco
(de elaborar os documentos e não ter remuneração) por entendemos que
somos a empresa mais qualificada para isso", diz a executiva de novos
negócios da Acciona Agua no Brasil, Virginia Sodré.
A respeito dos estudos que a empresa pretende elaborar, a executiva diz
que eles vão começar "primeiro com a avaliação da qualidade de água,
para conhecermos melhor a qualidade dessa água do mar e como podemos
captar uma água de melhor qualidade, a depender da profundidade. Também
inclui investigar as correntes marítimas, a presença de águas ou não na
região, como o agente vai fazer a captação, com custo de captação e de
operação mais otimizados".
Redução do investimento
Os estudos também irão incluir, entre diversos outros aspectos, "quais
serão os custos da obra civil e de todo esse sistema, os custo de
operação, e como a gente consegue reduzir o investimento inicial e
reduzir o custo de energia a ser consumido pela planta de
dessalinização", explica a executiva. Além disso, vamos estar estudando
todos os impactos ambientais, o descarte da salmoura no meio ambiente",
acrescenta ela.
A respeito do custo da água dessalinizada para o cearense, Virginia
Sodré afirma que ainda é "imaturo falar qualquer valor". A executiva
afirma que a Acciona, caso realize os estudos, irá trazer sua
"experiência nacional e internacional para fazer uma planta bem
otimizada". A empresa possui mais de 80 plantas de dessalinização, em 33
países.
"Nós enxergamos que a dessalinização tem crescido muito, é uma matriz
fundamental. Várias regiões do mundo no que tem densidade hídrica baixa
tem optado por isso", acrescenta. "A dessalinização é como o seguro de
saúde: você não entra nele quando está com a doença. Ela está sendo
provida para reduzir a vulnerabilidade relacionada à água", afirma.
Crise hídrica
A instalação de uma planta de dessalinização de água para consumo
humano na Região Metropolitana de Fortaleza visa o incremento de água
para o sistema integrado de abastecimento, diante das dificuldades
hídricas pelas quais o Estado vem passando nos últimos cinco anos.
Segundo o governo do Estado, o novo sistema vai gerar inicialmente 1m³
de água dessalinizada por segundo. Isso significa um incremento de 12%
na oferta de água da RMF, beneficiando cerca de 720 mil pessoas.
Custo
O governo estima que a planta irá demandar um investimento da ordem de
R$ 500 milhões e só deve operar a partir de 2020. Um valor mais preciso
do aporte a ser feito surgirá após a conclusão dos estudos sobre a
planta.
Também é uma incógnita quanto irá custar a água após ela ser
dessalinizada. Fontes ouvidas pelo Diário do Nordeste afirma que a usina
envolve o investimento inicial e o custo de manutenção, considerados
fixos, além do gastos necessários para a operação do empreendimento, que
seriam variáveis. Todos esses valores devem acarretar em um acréscimo,
ainda sem estimativa de valores, no que será pago na conta de água do
consumidor.
O custo de operação da planta seria variável porque ela deve entrar em atividade apenas em momentos de seca.
Fonte: Diário do Nordeste
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