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quinta-feira, 28 de maio de 2020

Eleito como bolsonarista, deputado cearense aponta esquema de ‘fake news’ ligado ao Planalto

As informações foram prestadas ao Supremo Tribunal Federal no inquérito das fake news que resultou em operação da Polícia Federal nesta quarta (27)

O depoimento do parlamentar aponta para uma coordenação de atos nacionais e regionais
Foto: Helene SantosEm depoimento prestado em juízo, o deputado federal Heitor Freire (PSL/CE), que já integrou um núcleo próximo ao presidente Bolsonaro, revelou a existência de um grupo conhecido como “gabinete do ódio”. O grupo coordenaria ações nacionais e regionais de propagação de 'fake news' e ataques a figuras públicas e instituições. As informações prestadas pelo parlamentar cearense constam na argumentação presente na decisão de hoje, do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que resultou em operação da Polícia Federal.  
A ação determinou cumprimento de mandados de busca e apreensão contra blogueiros, parlamentares e empresários, todos com ligações ao governo Bolsonaro e ao próprio Palácio do Planalto.
O inquérito investiga a existência do grupo que, segundo o ministro, coordenaria ações como a “disseminação de notícias falsas, ataques ofensivos a diversas pessoas, às autoridades e às instituições democráticas, dentre elas o Supremo Tribunal Federal, com flagrante conteúdo de ódio, subversão da ordem e incentivo à quebra da normalidade institucional e democrática”, revela o ministro no inquérito ao qual esta coluna teve acesso.  
No depoimento, Heitor Freire, eleito deputado federal em 2018 por meio do movimento bolsonarista no Ceará, confirmou a existência do chamado “gabinete do ódio”, apontando inclusive nomes dentro da estrutura. Segundo Heitor, no depoimento, o grupo “se especializou em produzir e distribuir fake news contra diversas autoridades, personalidades e até integrantes do STF”. A atuação, segue o depoimento, consistia em coordenar nacional e regionalmente a propagação dessas mensagens falsas ou agressivas.  
Fonte: Diário do Nordeste
A estrutura, de acordo com o depoimento que consta no processo, conta com uma grande quantidade de páginas nas redes sociais, “que replicam quase instantaneamente as mensagens de interesse do gabinete”. A organização conta com colaboradores de vários estados, a grande maioria sendo de assessores de parlamentares federais e estaduais.  
As informações que ajudaram no convencimento do ministro Alexandre de Moraes para a operação ocorrida nesta quarta-feira (27) detalham o que seria a atuação dos grupos. Os assessores, segundo disse Heitor à Justiça, administram diversas páginas nas redes e grupos de whatsapp que divulgam postagens ofensivas, quase sempre orientados “pelo aludido grupo de assessores da Presidência” da República. 
No depoimento, o parlamentar, que participou da coordenação do movimento político de direita em Fortaleza e da campanha do presidente Bolsonaro, não cita o Ceará nominalmente como estado em que o esquema se repete. Ele apontou Bahia, Pernambuco, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, embora tenha dito ser provável que aconteça em todos os estados. 
Rompimento 
O distanciamento de Heitor Freire do grupo mais próximo do presidente ocorreu em outubro do ano passado, após o vazamento de uma conversa dele com Bolsonaro. No episódio, Heitor negou que tivesse vazado a conversa, mas a explicação não convenceu os aliados mais próximos de Bolsonaro, inclusive aqui no Ceará, como passaram a tratar Heitor como “traidor”. 
Atualmente, Freire mantém a defesa do governo federal em sua atuação parlamentar, mas de maneira mais discreta. A informação do depoimento dele circulou em grupos de whatsapp de apoiadores de Bolsonaro no Estado, o que despertou a ira de alguns. 
Resposta 
Por meio de sua assessoria de comunicação, o parlamentar confirmou o depoimento prestado, mas preferiu não comentar o assunto.

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