Novas conversas reveladas pela reportagem do The Intercept Brasil mostra o procurador Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa da Lava Jato, mobilizando os movimentos de direita para influenciar na escolha do novo relator da operação no Supremo Tribunal Federal (STF), apenas um dia após a morte do ministro Teori Zavascki, antigo responsável pelos processos da operação no STF.
O site revela conversas de Dallagnol com lideranças dos grupos Vem Pra Rua e do Instituto Mude. O objetivo era influenciar a escolha do novo relator da operação no tribunal. No final, o ministro Edson Fachin foi transferido para a 2ª Turma e acabou sorteado relator da Lava Jato. Dallagnol comemorou o resultado em 2 de fevereiro numa conversa com Fabio Oliveira, do Mude: “Fachin foi coisa de Deus”.
A líder da Minoria na Câmara, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), reagiu com indignação diante da mais nova revelação. “Desrespeito total com Teori! Um dia após a morte do ministro do STF, Deltan já se movimentava para influenciar no substituto. Vergonha!”, publicou no Twitter.
A presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), diz que o novo vazamento demonstra que os integrantes da operação e o então juiz Sergio Moro se achavam os verdadeiros dono do poder.
“Mais mensagens reveladas por The Intercept, mostram que a República de Curitiba se considerava o centro de poder no Brasil. Deltan era o Procurador Geral e Moro era o Supremo. Disputavam com essas instituições, sem qualquer inibição. Aventureiros, queriam piratear o poder”, diz a deputada.
As mensagens
Mensagem trocada com o líder do Mude, Fabio Alex Oliveira, Dallagnol disse:
“De início, agradeci o apoio do movimento etc. 1. Falei que não posso posicionar a FT [força-tarefa Lava Jato] publicamente, mesmo em off, quanto a Ministros que seriam bons, pq podemos queimar em vez de ajudar."
Em conversa com Anna Carolina Resende, ex-integrante da Lava Jato na PGR, Dallagnol indica que chegou a fazer o pedido para que o ministro Luís Roberto Barroso solicitasse a troca de turma do STF para que pudesse disputar a relatoria da operação no lugar de Teori.
“Ele ficou alijado de todo processo. Ninguém consultou ele em nenhum momento. Há poréns na visão dele em ir, mas insisti com um pedido final. É possível, mas improvável."
Dallagnol também conversou com a procuradora Thaméa Danelon, integrante da Lava Jato em São Paulo, que seria necessário pressionar o ministro Alexandre de Moares, recém escolhido para o STF, para que ele mudasse de opinião com relação à prisão em segunda instância.
“Temos que reunir infos de que no passado apoiava a execução após julgamento de SEGUNDO grau e passar pros movimentos baterem nisso muito."
A procuradora respondeu:
“Ok. Eu posso passar para os movimento. Para o Vem pra Rua e Nas Ruas."
Em outro diálogo, Dallagnol pediu para a procuradora estimular que os grupos divulgassem em suas redes o apoio ao pacote de alterações legislativas 10 medidas contra a corrupção.
“Se Vc topar, vou te pedir pra ser laranja em outra coisa que estou articulando kkkk. Um abaixo assinado da população, mas isso tb nao pode sair de nós? o Observatório vai fazer. Mas não comenta com ng, mesmo depois. Tenho que ficar na sombra e aderir lá pelo segundo dia. No primeiro, ia pedir pra Vc divulgar nos grupos. Daí o pessoal automaticamente vai postar etc."
Da redação com informações do UOL
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