O livro branco da China sobre as negociações comerciais com os EUA “desmascara a falácia dos argumentos norte-americanos em prol da guerra comercial”, disse à Xinhua o vice-presidente nacional do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Walter Sorrentino.
O livro branco, intitulado “Posição da China sobre as Consultas Econômicas e Comerciais China-EUA“, inclui três partes, abrangendo danos causados pelos atritos comerciais provocados pelos Estados Unidos; o recuo de Washington em relação às consultas e o compromisso da China em realizar reuniões confiáveis com base na igualdade e benefício mútuo.
Para Sorrentino – que também é secretário de Política e Relações Internacionais do Comitê Central do PCdoB – trata-se de “uma peça esclarecedora, ao mesmo tempo uma resposta altiva e ativa da China”.
“No conjunto, esta posição projeta a intenção da China em liderar um novo estágio da globalização, de multipolaridade cooperativa, além de acelerar o desenvolvimento mundial e promover a economia e comércio mundial com um grande aporte de investimentos para conexão de infraestrutura e logística em extensas áreas do mundo, que é a Iniciativa do Cinturão e Rota”, acrescentou.
Segundo ele, o livro branco ressalta que a China “tem um projeto claro para sua nação, uma estratégia madura para alcançá-lo e o empenho para avançar na construção do socialismo com características chinesas sob a liderança de seu Partido Comunista à frente de todo o povo”.
“Daí provém sua força e capacidade para liderar uma nova era na globalização, do desenvolvimento compartilhado em prol de um destino comum da humanidade, como ela própria formula sua estratégia”.
O vice-presidente nacional do PCdoB considera que “a economia mundial não saiu da crise, após quase 11 anos desde a sua deflagração” e que “vivemos em um período de estagnação ou recessão do crescimento global, o desemprego assola o mundo, assim como a fome e a concentração de renda”, e alertou que “podemos viver um novo repique da crise”.
Nesse quadro, “o protecionismo e a guerra comercial promovida pelos EUA são a face mais visível de grandes desarranjos da economia mundial sob prevalência do neoliberalismo”. (Donald) Trump dá uma resposta falsa aos problemas dessa crise nas economias capitalistas centrais e à consequente crise da globalização neoliberal vigente desde o fim do século passado, que foi capitaneada unilateralmente pelos EUA”.
Sorrentino considerou que “o protecionismo e a guerra comercial integram uma estratégia de longo alcance dos EUA, que é a de uma escalada por disputar a hegemonia numa nova era, a da Revolução 4.0, cujo vértice de poder está na hegemonia tecnológica”.
Segundo ele, “tal estratégia promove uma guerra contínua e multidimensional posta em marcha pelos EUA, que tem por alvo global isolar a China e suas parcerias estratégicas com a Rússia e o BRICS, por exemplo. Todo movimento geopolítico dos EUA está ligado a essa lógica. É uma situação que traz grande instabilidade para a economia e as relações internacionais para todo o mundo, assim como de guerras por todos os meios.”
Ele ressaltou que o papel da China na questão do comércio “é importante porque se tornou a maior economia do mundo em paridade de poder de compra, sabe o que quer e se dispõe a liderar uma globalização de multipolaridade cooperativa, desconcentrando o poder mundial e abrindo oportunidades estratégicas de desenvolvimento autodeterminado, soberano e sustentável para as nações em desenvolvimento ou em luta contra o neocolonialismo”.
Para Sorrentino, “a disputa promovida por Trump deprime a economia e o comércio mundial. No caso da América Latina, dada a dependência econômica e a luta por desenvolvimento soberano, representa um grande obstáculo”.
O vice-presidente nacional do PCdoB, disse ainda que, ante este cenário de protecionismo impulsionado pelos EUA, a formação aposta em “fortalecer as relações comerciais com a China, a integração com o BRICS, com investimentos em infraestrutura e logística da iniciativa do Cinturão e Rota”.
“São fatores que, bem aproveitados, favorecem o desenvolvimento soberano e sustentável, com autodeterminação nacional. No Brasil, nós consideramos que não devemos ser dependentes de ninguém, e mais interdependentes no compartilhamento das vantagens do desenvolvimento autônomo e soberano, em prol de um novo tipo de governança de um mundo multipolar que desconcentre poderes, onde se imponha o multilateralismo”, concluiu.
Fonte: Xinhua, via i21
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