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sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Por associação, eleitor de Bolsonaro faz diminuir rejeição de Temer

Uma análise mais política do conjunto de dados trazidos pelo Datafolha permite afirmar que a leve diminuição da rejeição de Temer foi fruto da associação que o eleitor de Jair Bolsonaro passou a fazer entre o presidente eleito e o presidente ilegítimo que deixa o poder no dia 31.

Sintonia entre o presidente eleito e o presidente golpista se fez notar com nitidez na fase de transiçãoSintonia entre o presidente eleito e o presidente golpista se fez notar com nitidez na fase de transição
O Datafolha divulgou na noite desta quinta-feira (27) uma nova pesquisa sobre a percepção dos brasileiros em relação ao governo Temer. A popularidade do emedebista continua pífia, apenas 7% acham seu governo bom ou ótimo. Mas este número já foi pior. Em junho deste ano, Temer amargava apenas 3% de aprovação. Os que acham seu governo péssimo ou ruim são 62% (eram 73% na pesquisa anterior) e 29% julgam o governo regular (eram 21% antes).

A desaprovação de Temer ao fim do mandato (62%) é praticamente a mesma de Dilma (63%) pouco antes do golpe que a tirou do Planalto, em 2016. Porém, para 44% dos entrevistados, Dilma fez um governo melhor que o de Temer. 34% acreditam que os dois foram iguais e 20% julga o governo Temer melhor que o de Dilma.

A pesquisa ouviu 2.077 pessoas em 130 cidades, em 18 e 19 de dezembro. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou pera menos. 

Temer e Bolsonaro: imagens refletidas

Uma análise mais política do conjunto de dados trazidos pelo Datafolha permite afirmar que a leve diminuição da rejeição de Temer foi fruto da associação que o eleitor de Jair Bolsonaro passou a fazer entre o presidente eleito e o presidente que deixa o posto no dia 31. Ambos demonstraram grande sintonia na fase de transição.

A sintonia entre Bolsonaro e Temer redundou no aproveitamento de vários quadros do atual governo para integrar o governo do PSL. As lideranças e partidos que hoje estão com Temer também comporão, em sua maioria, a base de Bolsonaro. Até um ministro do MDB (Osmar Terra, que irá ocupar a nova pasta da Cidadania) foi convidado para compor a equipe do futuro governo. A pauta neoliberal de reformas e de ataques a direitos sociais e trabalhistas também é compartilhada pelos dois grupos. O discurso antipetista comum a todos eles é a cola perfeita para juntar tudo isso numa espécie de espelho em que a gestão Temer se vê refletida no futuro governo. 

O eleitor mais engajado do bolsonarismo percebe esta simbiose e passou a avaliar com mais generosidade o moribundo governo do MDB, diminindo sua rejeição. Não o fazia antes para não contaminar a disputa eleitoral onde Bolsonaro vendeu ao público o falso discurso de "candidato contra tudo que está aí".

Resta saber se o bolsonarismo vai manter a tradicional "lua-de-mel" com o novo presidente quando descobrir que as práticas, as ideias, as reformas e as confusões dos governos Temer e Bolsonaro são mais parecidas do que o eleitor esperava.

Da redação, Cláudio Gonzalez

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