Representantes de partidos e organizações da esquerda latino-americana e caribenha buscam a partir deste domingo (15), em Havana, Cuba, elaborar estratégias que contenham as ações da direita regional, na 24ª reunião anual do Foro de São Paulo.
Por Waldo Mendiluza*
Prensa Latina
O Foro de São Paulo, que se reúne de 15 a 17 de julho em Havana, foi criado em 1990. Agrupa mais de uma centena de forças progressistas do continente e se reúne pela terceira vez na ilha (1993 e 2001), em um cenário semelhante ao que o viu nascer há quase três décadas.
Impulsionado por figuras políticas como o líder histórico da Revolução cubana, Fidel Castro (1926-2016), e pelo ex-presidente e fundador do Partido dos Trabalhadores do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, o Foro de São Paulo surgiu para dar resposta desde a esquerda a desafios como a queda do campo socialista e as consequências do neoliberalismo.
Depois de vários anos com a existência de governos de mudanças e compromisso social na América Latina, a direita voltou ao poder em diversos países, em meio a uma escalada da agressividade dos Estados Unidos, que demonstra a vigência da Doutrina Monroe e seu projeto hegemônico e intervencionista para a região.
Golpes de Estado, cruzadas judiciais e parlamentares, protestos violentos disfarçados de demandas populares e perseguição política fazem parte do arsenal da direita enaltecida por Washington.
Diante do desafio que isto implica, delegados à 24ª reunião do Foro de São Paulo evocam o chamado de Fidel Castro, lançado há 25 anos, quando Havana acolheu a quarta reunião do Foro de Sao Paulo.
‘Que menos podemos fazer e que menos pode fazer a esquerda da América Latina do que criar uma consciência em favor da unidade? Isto deveria estar inscrito nas bandeiras da esquerda. Com ou sem socialismo (…)’, afirmou naquela ocasião.
Precisamente a unidade é o tema que convoca os participantes do encontro anual, que se realizará de 15 a 17 de julho em Havana.
Expectativas da esquerda
A propósito da 24ª reunião do Foro de São Paulo, a Prensa Latina dialogou com representantes do pensamento revolucionário e progressista da região.
Para o cientista político argentino Atilio Borón a reunião se realizará em um cenário de intensa contraofensiva imperialista, que tem como alvos preferenciais produzir a mudança de regime na Venezuela, recrudescer ainda mais os torniquetes do bloqueio a Cuba e isolar o governo do presidente boliviano, Evo Morales.
Igualmente, argumentou, o imperialismo pretende plantar uma cabeça de ponte opositora na Nicarágua, assim como avançar no retorno do Equador à dominação norte-americana com o reingresso dos militares dos Estados Unidos à base de Manta e a ‘liberação’ de Julian Assange da embaixada de Quito em Londres, ‘o que equivale a sua sentença de morte’.
O Foro de São Paulo propiciará igualmente uma discussão fraternal e franca dos acertos e erros dos governos progressistas e de esquerda, para ratificar os primeiros e corrigir os segundos, sublinhou.
De acordo com o coordenador internacional da Rede de Intelectuais e Artistas em Defesa da Humanidade, Pablo Sepúlveda, entre as estratégias devem estar: romper o cerco informativo e propor uma ofensiva que frature ainda mais o sistema capitalista e reivindique o socialismo como um modelo de paz e justiça para todas e todos.
Próceres libertadores
Em entrevista à Prensa Latina o embaixador da Bolívia em Cuba, Juan Ramón Quintana, qualificou o Foro de São Paulo como um espaço deliberativo e democrático muito vigoroso, que mantém acesa a chama das ideias libertadoras dos grandes próceres da independência latino-americana.
Quintana recordou figuras chave da emancipação regional como o venezuelano Simón Bolívar e o cubano José Martí.
*Waldo Mendiluza é jornalista da Prensa Latina
Tradução: Resistência
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