Ficou claro que uma vitória
contundente, como a de Andrés Manuel López Obrador no México é a
conjunção de, ao menos, três fatores: uma vinculação permanente e
irredutível com as frentes de luta populares; uma interpretação profunda
e dinâmica do mal-estar social e uma organização programática baseada
em recorrer metro a metro o território nacional. Tudo isso articulado
por uma personalidade cuja tenacidade não tem fadigas. “A terceira será
da vitória” e assim foi.
Por Fernando Buen Abad*
Forbes
López Obrador teve a votação mais expressiva da
história recente do país e conquistou também maioria parlamentar
A vitória do partido Morena (Movimento de Regeneração
Nacional) e López Obrador é uma rebelião nas entranhas de uma estrutura
democrática severamente destruída pelo corporativismo bi-partidário
(PRI-PAN) e pro uma lista imensa de vícios e corruptelas que levaram à
bancarrota institucional todo o aparato político. Uma rebelião assediada
pela violência macabra desatada pro uma falsa guerra contra o “crime
organizado” que na prática não te sido mais que a militarização
“encoberta” de todo o território para colocar as riquezas nacionais a
serviço das empresas transnacionais e seus cúmplices locais. Uma
rebelião que enfrentou milhares de emboscadas em todos os repertórios
odiosos da depauperação econômica e das guerras midático-psicológicas.
O México padece da virulência do neoliberalismo e os embates coloniais do império ianque. É um país sequestrado por gerentes – impostos pela via da fraude – para entregar recursos naturais, para oferecer mão de obra. No México até hoje ninguém garantiu ao povo a defesa do território e a defesa dos recursos naturais. Ninguém garantiu o exercício independente da justiça. Ninguém freou o crime organizado e sua metástase em toda as estruturas sociais e culturais do país.
Ninguém exerceu reitoria alguma em matéria de democracia comunicacional. Ninguém garantiu o direito à educação, o direito ao trabalho, o direito à saúde, o direito à alimentação... Ninguém assegurou dignidade às pessoas porque uma moral entreguista e rasteira, adoradora do império ianque, serve das formas mais ignominiosas à opressão. Neste contexto López Obrador vence as eleições.
Agora começa o mais difícil. López Obrador se propõe a pacificar o país; acabar com a corrupção e recompor a economia com dignificação trabalhista e salarial. Pretende incluir os mais postergados e a distribuir de forma equitativa os cargos federais. Isso implica derrotar as máfias que sequestraram o governo eo Estado para fazer justiça, por exemplo, aos estudantes de Ayotzinada, aos povos originários, e assegurar que estas ações perdurem para ampliar a participação social no governo mobilizado como organizador capaz de somar força que possa oferecer soluções à força popular que alcançou o triunfo.
Os desafios são muitos e são enormes num país que tem o tecido social profundamente desgastado, mas que, apesar dos pesares, se rebelou contra o establishment para fazer visível sua multiculturalidade e sua plurinacionalidade unidas às “classes médias” para somar a maior votação que nenhum presidente nunca tinha tido no México e que líder de esquerda algum havia conquistado.
O México enfrenta seu futuro imediato mobilizado como nunca, com as praças cheias, com as ruas tomadas, com uma mobilização magnífica que encuba ideias emancipatórias. Contra a fraude, contra o saqueio e contra a exploração históricas... é uma identidade nova, uma festa que começa de baixo, uma situação social inédita.
Bem, pode ser que o nascimento de um novo México, desta vez decidido pelo povo, com as armas de sua democracia em reparação, com uma moral renovada e muita claridade nos desafios, possa derrotar qualquer tentativa de regressão.
Por agora o México é um ponto de inflexão, um desafio à nossa capacidade de luta e unidade dentro e fora do país... Ponto de inflexão para que nos reconheçamos até a tomada do poder impulsionados com nossas próprias forças populares e os trabalhadores do campo e da cidade... para mudar o sistema e mudar a vida.
O México padece da virulência do neoliberalismo e os embates coloniais do império ianque. É um país sequestrado por gerentes – impostos pela via da fraude – para entregar recursos naturais, para oferecer mão de obra. No México até hoje ninguém garantiu ao povo a defesa do território e a defesa dos recursos naturais. Ninguém garantiu o exercício independente da justiça. Ninguém freou o crime organizado e sua metástase em toda as estruturas sociais e culturais do país.
Ninguém exerceu reitoria alguma em matéria de democracia comunicacional. Ninguém garantiu o direito à educação, o direito ao trabalho, o direito à saúde, o direito à alimentação... Ninguém assegurou dignidade às pessoas porque uma moral entreguista e rasteira, adoradora do império ianque, serve das formas mais ignominiosas à opressão. Neste contexto López Obrador vence as eleições.
Agora começa o mais difícil. López Obrador se propõe a pacificar o país; acabar com a corrupção e recompor a economia com dignificação trabalhista e salarial. Pretende incluir os mais postergados e a distribuir de forma equitativa os cargos federais. Isso implica derrotar as máfias que sequestraram o governo eo Estado para fazer justiça, por exemplo, aos estudantes de Ayotzinada, aos povos originários, e assegurar que estas ações perdurem para ampliar a participação social no governo mobilizado como organizador capaz de somar força que possa oferecer soluções à força popular que alcançou o triunfo.
Os desafios são muitos e são enormes num país que tem o tecido social profundamente desgastado, mas que, apesar dos pesares, se rebelou contra o establishment para fazer visível sua multiculturalidade e sua plurinacionalidade unidas às “classes médias” para somar a maior votação que nenhum presidente nunca tinha tido no México e que líder de esquerda algum havia conquistado.
O México enfrenta seu futuro imediato mobilizado como nunca, com as praças cheias, com as ruas tomadas, com uma mobilização magnífica que encuba ideias emancipatórias. Contra a fraude, contra o saqueio e contra a exploração históricas... é uma identidade nova, uma festa que começa de baixo, uma situação social inédita.
Bem, pode ser que o nascimento de um novo México, desta vez decidido pelo povo, com as armas de sua democracia em reparação, com uma moral renovada e muita claridade nos desafios, possa derrotar qualquer tentativa de regressão.
Por agora o México é um ponto de inflexão, um desafio à nossa capacidade de luta e unidade dentro e fora do país... Ponto de inflexão para que nos reconheçamos até a tomada do poder impulsionados com nossas próprias forças populares e os trabalhadores do campo e da cidade... para mudar o sistema e mudar a vida.
*Fernando
Buen Abad é mexicano, diretor de cinema e especialista em Filosofia da
Imagem, Filosofia da Comunicação, Crítica à Cultura, Estética e
Semiótica
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