Em visita ao País, ex-presidente dos EUA alertou para o perigo do avanço de movimentos nacionalistas no mundo
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06.10.2017
São Paulo A distância entre os cidadãos e o poder político é o
combustível que alimenta o crescimento de movimentos nacionalistas e
autoritários no EUA, e também é uma ameaça no Brasil. A afirmação foi
feita pelo ex-presidente americano Barack Obama, que identificou como
seu maior arrependimento no poder não ter sido capaz de aproximar
pessoas em polos opostos do espectro político. "Democracia é duro",
disse ele.
"Fomos bem-sucedidos em evitar uma grande depressão (depois da crise
iniciada em 2008, quando ele foi eleito), mas não foi tão rápido assim, e
as pessoas foram cada uma para seu canto", disse, acrescentando à lista
de arrependimentos o chiste: "Não ter tingido o cabelo antes". Obama
falou em um evento realizado em São Paulo, ontem, pelo banco Santander e
pelo jornal "Valor Econômico". Também respondeu a questões formuladas
pela organização. Segundo Obama, a população americana se vê alijada da
"Washington distante". "Não é surpresa que movimentos nacionalistas,
potencialmente autoritários, tenham feito progresso", disse.
O Brasil, completou, "também corre esse risco".
Trump
O ex-presidente não citou nominalmente o sucessor, Donald Trump, mas
criticou vários aspectos de suas políticas, como a negação do
aquecimento global.
Obama afirmou que a internet "tribalizou a política", ajudando a instaurar "o melhor e o pior dos tempos".
Obama fez uma defesa do capitalismo e, usando um clichê, ressaltou a
necessidade de atender a quem ficou para trás na globalização. "Em um
mundo em que 1% detém a riqueza, há instabilidade". Citou como política
possível o programa de universalização da saúde conhecido como
Obamacare, que Trump tenta desmontar.
"É meu maior orgulho", disse, adicionando à lista outra realização que
Trump ameaça, o acordo nuclear com o Irã, para ele exemplo de como a
diplomacia pode prosperar.
"Infelizmente, quando cheguei à Casa Branca, a Coreia do Norte já
estava além, com um programa de armas nucleares. É um perigo real",
disse.
"Não se resolve tudo com tanques e aviões". Segundo ele, não faltam
"soluções técnicas", mas sim políticas. Citou como exemplo a fome na
África, que poderia ser resolvida em alguns países se os povos "não
estivessem atirando uns nos outros".
O cachê de Obama, estimado em US$ 400 mil para um evento recente nos
EUA, não foi revelado. A plateia de cerca de mil pessoas pagou até R$
7.500 por um ingresso. Mais tarde, Obama recebeu 11 jovens escolhidos
pela fundação que leva seu nome para discutir temas como
sustentabilidade.
Fonte: Diário do Nordeste
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