O movimento é bem maior do que no início das obras de revitalização, que duraram seis meses
00:00 · 30.10.2017 por Patrício Lima - Repórter
Mesmo com a proibição da Prefeitura, a Feira da José Avelino continua a funcionar no Centro de Fortaleza, menos de um mês após a entrega da obra de requalificação do local. Ambulantes e compradores, principalmente de outras cidades, lotam a via para comprar roupas e outros artigos, em contrapartida à determinação municipal pelo ordenamento do logradouro. A movimentação se intensifica de quarta para quinta-feira, e de sábado para domingo, especialmente entre 22h e 5h.
Confirmando este cenário, o Diário do Nordeste flagrou, no sábado (28), o retorno dessa movimentação, que é bem maior do que durante antes das obras de revitalização, que duraram cerca de seis meses. A maioria dos ambulantes opta por revender seus produtos em horários em que a fiscalização da Prefeitura não está presente, para evitar problemas. Alguns deles já dispensam o cuidado e anunciam livremente. Por volta de 18h30, quando a Guarda Municipal e fiscais da Prefeitura partem, é possível observar uma aglomeração instantânea e o início das negociações no local. Vendedores gritam: "liberou! liberou!".
Um deles revela que é um "jogo de gato e rato" e que alguns ficais têm feito "vistas grossas" para as vendas no local. "Eles podem voltar a qualquer momento, inclusive com reforço. Isso gera um clima de tensão, mas é a única forma de garantir nosso sustento", destaca ele, que acredita que independentemente das ações do Município, a Feira da José Avelino vai continuar.
Mais cedo, sem temer a fiscalização, outros ambulantes ofereciam livremente seus produtos, mesmo com a presença da Guarda Municipal e de fiscais. Um deles, que preferiu não se identificar, afirma que, depois dos confrontos e tensões recentes, há uma maior flexibilidade na fiscalização. "Estamos mais flexíveis que antes. Deixamos eles venderem, se não ficarem parados na via. A orientação que temos é de que não se pode vender produtos na rua como antes", finaliza.
Edimar Avelino, que vende tecidos há 15 anos na feira, relata que os vendedores sofrem intimidação dos funcionários municipais. "Eu compro produtos para revender pagando impostos, e quando eles (a Prefeitura) tiram a feira do local, eles mesmos perdem" aponta. Visto como uma das soluções para os ambulantes da Feira da José Avelino, o Centro Fashion Fortaleza também foi criticado pelos vendedores. "Quem vai pra lá, acaba voltando. Não tem quem aguente porque é caro pra quem vende e pra quem compra", explica.
A funcionária pública Diana Rocha ajuda a família com a venda de produtos nos arredores da Rua. Para ela, a forma com que os agentes expulsam os trabalhadores é inadequada. "Eles chegam com gosto de gás. São muito despreparados. Quando vêm, o cenário é de guerra".
Intensificação
Por meio de nota a Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis) informou que tem intensificado a fiscalização na Rua José Avelino e entorno para garantir o reordenamento e a requalificação do Centro histórico da cidade. "A fiscalização na área é realizada 24 horas por dia, com o efetivo, em média, de 30 fiscais e 50 auxiliares, e com o apoio da Guarda Municipal de Fortaleza e da Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC). Já foram registrados cerca de 500 autos de infração com apreensão de mercadorias desde maio - quando as obras foram iniciadas naquela região", diz.
Ainda segundo a Agefis, com o fim das obras na José Avelino e Alberto Nepomuceno, a fiscalização tem atuado estrategicamente com equipes fixas e volantes para impedir o retorno do comércio ilegal na região. "Na noite desse sábado (28), durante a troca de turno da equipe, alguns ambulantes tentaram realizar o comércio irregular na área, mas, logo em seguida, a situação foi controlada", finalizou.
(Colaborou João Duarte)
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