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domingo, 30 de julho de 2023
quarta-feira, 26 de julho de 2023
TSE divulga perfil das filiações partidárias; confira os dados do PCdoB

Estatísticas divulgadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de junho de 2023 apontam que mais de 15 milhões de eleitores são filiados em algum partido político no Brasil. Destes, 398.075 mil são filiados ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB).
Os números atualizados apontam que no comparativo com o mesmo período do ano passado, o país registrou queda no total de filiados, o Brasil contava com 16.161.796 milhões de eleitores com filiação partidária. Hoje, todos os partidos, exceto o Partido dos Trabalhadores (PT), seguem essa tendência de queda no número de filiações. Em comparação com junho de 2022, em que 402 mil eram filiados ao PCdoB, houve uma leve queda de 1%.
Agora, o PCdoB ocupa a 15º posição no quadro geral dos 33 partidos registrados no TSE. O MDB continua sendo o partido com mais filiações, com mais de 2 milhões associados, outras seis legendas têm número superior a um milhão: PT, PSDB, PP, PDT, União Brasil e PTB.
Outros partidos com menos filiados são: Solidariedade, PV, Patriota, Psol, Avanti, PMN, Agir, DC, PRTB e PRB. Outras sete legendas estão entre as menores do Brasil: Rede, Novo, PSTU, UP, PCB e o PMB. O Partido da Causa Operária (PCO) é o menor de todos, com 4.700 filiados.

PCdoB
Os dados apontam ainda que os associados ao PCdoB estão espalhados por 4.833 municípios brasileiros e 61 residem no exterior. No Brasil, 1.619 filiados tem registrado o nome social, no PCdoB esse número é 72.
Sobre os dados, a Secretária Nacional de Organização da sigla, Nádia Campeão ressaltou que o partido tem procurado acessar essa base ampla de quase 400 mil em um processo chamado de “revigoramento partidário”. Disse ela, “esta base deve participar do processo de revigoramento partidário. Nas organizações de base. É aí onde a gente consegue agregar o maior número de militantes ou filiados, de forma estruturada”, afirmou a dirigente ao Portal PCdoB.
Segundo Nádia, a orientação nacional fundamental nesse período é fazer uma busca ativa de contatos com esses militantes e filiados e incorpora-los a uma das organizações de base, comitês distritais, comitês municipais. Desta forma, “o filiado participa das diversas lutas que estão acontecendo no país, das atividades partidárias e vai ajudar muito nisso que nós estamos chamando de revigoramento partidário”, explicou.

As estatísticas disponíveis no TSE traçam o perfil destes filiados que também seguem as características dos filiados no âmbito nacional. Confira abaixo:
Perfil dos filiados
Os registrados no PCdoB tem em sua maioria idade entre 45 a 59 anos (36.18%) e de 35 a 44 anos, são 38.919, ou seja, 25.82%. A legenda tem em sua maioria pessoas filiadas há mais de 10 anos e residentes, principalmente, nas regiões Nordeste (152.462) e Sudeste (137.054).
Ao contrário do eleitorado brasileiro que é formado em sua maioria pelo gênero feminino, 52,65% e masculino, 47,33%, quando o quesito é filiação partidária, o número de homens forma maioria, 54% e o gênero feminino é 46% do total.
No quesito gênero, no PCdoB, o percentual é o mesmo quando soma todos os filiados partidários. A maior parte das filiações na legenda, 214 mil são homens (54%), enquanto que 163.810 mil mulheres (46%) são filiadas à sigla.
O nível de escolaridade dos registrados no PCdoB difere um pouco do quadro nacional, a maioria dos filiados na legenda comunista tem o ensino médico completo (37%). Enquanto que nacionalmente, os que tem o ensino médio incompleto formam a sua maioria (26,5%) dos filiados partidários.
As estatísticas do TSE incluem ainda o estado civil das filiações partidárias. No Brasil, a maioria 7.187.454 são casados (45,5%) e no PCdoB, os solteiros formam a maioria: 53% dos filiados e filiadas, enquanto os casados são 38,01% do total.
Organização partidária

A secretária nacional ressaltou as ações partidária no sentido de organizar a militância para os desafios do país. Citou o debate que está ocorrendo em todo o país que envolve a militância comunista, como o processo da 1ª Conferência Nacional de Combate ao Racismo do PCdoB, que está mobilizando todo o coletivo partidário, incluindo etapas municipais e estaduais até chegar na plenária final que acontecerá nos dias 4, 5 e 12 de agosto deste ano. E fundamentalmente, disse Nádia, vai acontecer no segundo semestre deste ano, o processo de realização das conferências ordinárias, municipais e estaduais do PCdoB que vai mobilizar os filiados e filiadas.
Campanha de filiação como prática permanente
Sobre ações que visam aumentar o número de filiados e filiadas, a secretária informou que a campanha de filiação do PCdoB deve ser uma prática permanente e realizada por toda a militância. “A direção nacional procura orientar o conjunto do partido para que filiações sejam uma prática permanente. Quer dizer, convidar lideranças, pessoas que se destacam na luta social, na intelectualidade e propor o ingresso ao partido.
Levando em conta ainda, ponderou Nádia, o trabalho mais massificado de filiações que pode ser realizado através dos programas de TV e Rádio, onde as lideranças políticas fazem o chamamento para novas filiações. Além ainda, destacou, “as tradicionais banquinhas do partido montadas em eventos, atos e manifestações. Mas sem dúvida nenhuma, durante o processo de conferências, é sempre um período privilegiado”, analisou.
Mulheres do PCdoB

Sobre ações que visam a agregar à diversidade brasileira no processo de estruturação partidária, a secretária falou do papel de destaque das mulheres do PCdoB que estão presentes nos órgãos de direção, no parlamento e entre a militância comunista. Falou do grande êxito do PCdoB em ter realizado a sua 3ª Conferência Nacional para discutir a questão da mulher, entre outras ações feministas.

Nádia ainda sobre o processo de Conferência Nacional de Combate ao Racismo que deve ampliar a militância nessa frente de luta antirracista, lembrou do recente Encontro Nacional Sindical que reuniu mais de 300 militantes em Salvador (BA). A dirigente avalia “que as filiações no âmbito dos trabalhadores se farão presente com mais força daqui pra frente”.
Juventude
Nádia destacou a vitória do movimento ligado ao PCdoB que saiu vencedor da 59ª edição do Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE) realizado neste mês em Brasília. E do Encontro Nacional de Juventude marcado para ocorrer no segundo semestre deste ano.

Além da UNALGBT, uma organização do movimento LGBTQIA+, frente de luta do PCdoB, que discute a pauta de direitos e de combate à violência contra essa população.
“Isso tudo converge para que essa diversidade naturalmente esteja presente nas fileiras do partido e ajuda bastante no impulsionamento das diversas frentes”, completou a dirigente nacional.
terça-feira, 25 de julho de 2023
A 26ª Conferência Estadual do PCdoB
por Andrea Oliveira | jul 14, 2023 | 26ª Conferência Estadual, Notícias estaduais

Camaradas,
Nosso Brasil está mudando, o Governo Lula, conquista que teve a participação de todos nós, está retomando os compromissos com a Educação Pública, Gratuita e de Qualidade, com a Ciência, com a Saúde Pública, com a Cultura, com os trabalhadores e trabalhadoras, com a juventude, com as mulheres, com a comunidade LGBTQIA+, com a Democracia, enfim, o Brasil voltou.
É nesse contexto de reconstrução do nosso país, que vamos realizar a 26ª Conferência Estadual e as Conferências Municipais do nosso Partido. Para realizá-las com êxito, de modo a garantir o fortalecimento da organização do conjunto da nossa militância, ampliar a filiação, permitir que possamos fazer política, ampliar a participação nas lutas, ter mais presença no conjunto dos movimentos sociais, e eleger Direções Municipais e Estadual, capazes de dar conta desses desafios, precisamos da participação e envolvimento de todos e todas.
Estamos nesse momento, em que já foram aprovadas as normas, Nacional e Estadual, fazendo esse chamamento coletivo, “Vamos realizar um amplo processo de construção da 26ª Conferência Estadual do PCdoB-CE e das Conferências Municipais”, essa é uma tarefa de todos nós.
Para isso, encaminhamos os documentos abaixo e estamos nos colocando à disposição para juntos e juntas, construirmos esse momento ímpar da vida partidária. Vamos à luta.
Viva o PCdoB!
Comissão Estadual de Organização
Abaixo, todos os MATERIAIS necessários ao processo: Documento Nacional, normas, modelos de Ata, Edital, Relatório de Base e Cédulas de Votação:
Documento Nacional “Lutar pelo êxito do Governo Lula”
Resolução que dispõe sobre a realização das Conferências Estaduais, do Distrito Federal e das Conferências Municipais – NORMA NACIONAL
Convocação da 26ª Conferência Estadual do PCdoB e NORMA para o processo de Conferências Municipais, Distritais e de Base 2023 no Ceará
Modelo de EDITAL da Conferência Municipal baixar .DOC
RELATÓRIO de Conferência de Base baixar .PDF
Modelo de CÉDULA de Votação baixar .PDF
Modelo de ATA da Conferência Municipal baixar .PDF
Governo Lula autoriza 14 concursos que somam mais de 2 mil vagas
Autorizações foram publicadas no Diário Oficial desta quarta (19); ainda outros 5 concursos devem ser autorizados e completar o quadro de vagas anunciado pela ministra Esther Dweck
Publicado 19/07/2023 15:33

O Diário Oficial desta quarta-feira (19) trouxe a autorização de 14 concursos públicos federais. A publicação acontece logo após a ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck anunciar, na terça (18), que o governo estaria recompondo o quadro do funcionalismo público com o preenchimento de 3.026 vagas.
Esta importante notícia visa reestruturar os órgãos públicos, que tiveram seus quadros atacados nos últimos anos. Dweck indicou que desde 2017 foram perdidos cerca de 80 mil servidores civis na administração pública federal.
Leia também: Governo anuncia 600 vagas para Funai e Meio Ambiente
Agora, com os novos concursos, toda a sociedade brasileira ganha com mais estrutura para que o serviço oferecido para a população melhore e acompanhe os desafios trazidos pelo retorno do desenvolvimento econômico que deve seguir o novo governo.
“É o maior anúncio em muitos anos, fruto desse represamento. Nos anos dos governos Lula e Dilma, a frequência de concursos era maior. Então, não precisava fazer tanto concurso [de uma só vez]”, apontou Esther.

No anúncio, a ministra indicou que, das de 3.026 vagas, 2.480 são referentes a novos concursos públicos e as outras 546 são vagas que serão preenchidas por nomeações de concursos já realizados e ainda estão dentro do prazo de convocação.
Leia também: Governo anuncia retomada dos concursos públicos
O concurso com o maior número de vagas é o do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com 895.
Confira abaixo os concursos que já foram autorizados no Diário Oficial desta quarta:
1. Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq)
Especialista em Regulação de Serviços de Transportes Aquaviários – Nível Superior: 30 vagas
2. Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel)
Especialista em Regulação de Serviços Públicos de Energia – Nível Superior: 40 vagas
3. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
Analista de Planejamento, Gestão e Infraestrutura em Informações Geográficas e Estatísticas – Nível Superior: 275 vagas
Tecnologista em Informações Geográficas e Estatísticas – Nível Superior: 312 vagas
Pesquisador em Informações Geográficas e Estatísticas – Nível Superior: 8 vagas
Técnico em Informações Geográficas e Estatísticas – Nível Intermediário: 300 vagas
Total: 895 vagas
4. Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT)
Especialista em Regulação de Serviços de Transportes Terrestres – Nível Superior: 50 vagas
5. Agência Nacional de Saúde (ANS)
Especialista em Regulação de Saúde Suplementar – Nível Superior: 35 vagas
6. Comissão de Valores Mobiliários (CVM)
Analista da CVM – Nível Superior: 40 vagas
Inspetor da CVM – Nível Superior: 20 vagas
Total: 60 vagas
7. Banco Central
Analista do Banco Central – Nível Superior: 100 vagas
8. Agência Nacional de Aviação Civil (Anac)
Especialista em Regulação de Aviação Civil – Nível Superior: 70 vagas
9. Ministério da Fazenda
Auditor Federal de Finanças e Controle – Nível Superior: 40 vagas
10. Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio Exterior e Serviços
Analista de Comércio Exterior – Nível Superior: 50 vagas
11. Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos
Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental – Nível Superior: 150 vagas
12. Ministério da Justiça e Segurança Pública
Analista Técnico Administrativo- Nível Superior: 100 vagas
13. Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico
Especialista em Regulação de Recursos Hídricos e Saneamento Básico – Nível Superior: 40 vagas
14. Ministério da Educação (MEC), Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) e Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI)
Analista Técnico de Políticas Sociais (MEC) – Nível Superior: 70 vagas
Analista Técnico de Políticas Sociais (MJSP) – Nível Superior: 30 vagas
Analista Técnico de Políticas Sociais (MDHC) – Nível Superior: 40 vagas
Analista Técnico de Políticas Sociais (MGI) – Nível Superior: 360 vagas
Total: 500 vagas
Ainda falta autorizar
De acordo com o anúncio da ministra, ainda faltam autorizar os seguintes concursos: Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc): 40 vagas; Ministério do Planejamento e Orçamento: 100 vagas; Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea): 80 vagas; Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa): 50 vagas; e Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel): 50 vagas.
Convocações
Quanto aos candidatos que já foram aprovados e serão convocados, a lista anunciada refere-se:
- 160 nomeações do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio);
- 257 nomeações do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama);
- 27 nomeações para a Agência Nacional de Mineração (ANM).
No Diário Oficial que trouxe a autorização dos 14 concursos, a ministra já autorizou a convocação de 102 aprovados em concurso do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), sendo 26 vagas de Analista I – Nível Superior; 44 vagas de Técnico I – Nível Superior; e 32 vagas de Auxiliar Institucional I – Nível Intermediário.
Retorno dos concursos públicos e custo
Dados do ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos indicam que mais de 23 mil vagas foram abertas em 2023 pelo governo Lula por meio de concursos públicos federais de anúncios já feitos, autorizações e convocações.
O cálculo soma 8.146 novas vagas abertas por concurso público, 1.799 nomeações, 5 mil vagas de professores e técnicos em instituições de ensino e 8.141 vagas em cargos temporários.
O custo anual para o orçamento público é estimado em R$ 546 milhões.
*Com informações Agência Brasil
Censo escancara drama da moradia: imóveis vazios e milhões sem teto
País tem 11,4 milhões de imóveis vagos e 6 milhões de pessoas sem casa. Para especialistas, programas de moradia, uso de prédios vazios e IPTU progressivo podem reduzir déficit
Publicado 19/07/2023 14:59

O Censo 2022 expôs um problema que, apesar de antigo, está longe de ser totalmente solucionado: a falta de moradia, que atinge milhões de brasileiros. O déficit habitacional piorou nos últimos anos com a crise econômica, o desemprego, a pandemia e a completa ausência de investimentos em políticas públicas — além do desmonte das que existiam — por parte do governo de Jair Bolsonaro.
De acordo com o Censo, feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há 90 milhões de domicílios no país, dos quais 11,4 milhões, ou 12%, estão vagos — à venda, para alugar ou abandonados. Aqui, não estão incluídas as casas de uso ocasional, como aquelas oferecidas por sites de hospedagem ou usadas em temporada. Em relação ao Censo anterior, de 2010, o aumento de moradias desocupadas foi de 87% — naquele ano, havia pouco mais de seis milhões de imóveis nessa situação. O cenário revela um número recorde de habitações vagas.
Por outro lado, sobra gente sem lugar para morar ou que vive em condições inadequadas. Segundo dados da Fundação João Pinheiro, de 2019, há cerca de seis milhões de pessoas sem lar e quase 25 milhões vivendo em moradias precárias. E também existem aproximadamente um milhão de famílias sob ameaça real e imediata de despejo, seguras ainda pelos desdobramentos da Arguições de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 828, que tramitou no Supremo Tribunal Federal e suspendeu as remoções durante a pandemia.
Na matemática fria, e considerando apenas os que não têm casa, seria possível ocupar esses imóveis vazios e ainda sobrariam milhares. Porém, mesmo com essa margem, a conta não fecha porque os locais não estão disponíveis para quem precisa.
Segundo especialistas, os dados trazidos pelo IBGE ainda demandam análise mais aprofundada, com detalhamento das informações para entender melhor esse aumento de moradias desocupadas, mas dentre as razões que vêm sendo apontadas para explicar essa situação estão, por exemplo, a desvalorização de áreas, como os centros de grandes cidades; mudanças de hábito que incluem a busca por condomínios fechados; questões ligadas a heranças; migração para outras cidades e empobrecimento da população.
Mas, há outro fator especialmente cruel nessa equação: a formação proposital de estoques de imóveis por proprietários, na espera de que sejam valorizados para, então, negociá-los, no processo conhecido como especulação imobiliária. Assim, quem tem dinheiro enriquece mais, enquanto milhões ficam sem ter onde morar ou são empurrados para bairros cada vez mais longínquos e desprovidos de infraestrutura urbana e equipamentos públicos.
Ação do Estado
“Acho que a saída para esse problema é uma visão de Estado sobre quem precisa ter prioridade no país. Constitucionalmente, ter moradia digna é um direito do cidadão e da cidadã. E a gente vê que isso nunca foi respeitado. O próprio Estatuto da Cidade, por exemplo, estabelece o uso da propriedade para fins sociais”, disse, ao Portal Vermelho, o professor José Marcos da Cunha, do Núcleo de Estudos de População “Elza Berquó” (Nepo) da Unicamp.
Para Cunha, o problema é que a lógica da propriedade privada “é o que prevalece num país totalmente desigual, em que as pessoas tiveram acessos diferenciados a vida inteira. Você vê muitos imóveis sobrando, mas esses imóveis não são acessíveis para a maioria da população”. Neste sentido, além de programas como o Minha Casa, Minha Vida, ele defende o uso de locais vazios nas cidades para a moradia popular.
Leia também: Minha Casa, Minha Vida financiará 2 milhões de moradias
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem se dedicado ao tema da moradia como um dos elementos para a superação das desigualdades e da pobreza, ponto central de seu terceiro mandato. No dia 1e de julho, Lula sancionou a lei criada a partir de medida provisória, aprovada no Congresso, do novo programa Minha Casa, Minha Vida, que tem como objetivo contratar 2 milhões de habitações até 2026, com recursos do orçamento da União e de financiamentos via FGTS.
Outra medida que vem sendo aventada pelo governo vai ao encontro da ocupação de imóveis vazios — no caso, a possibilidade de se utilizar prédios e terrenos da União para moradia popular. “Em vez de levar o povo para morar 20 quilômetros distante do centro da cidade, leve o povo para onde já tem escola, asfalto, energia elétrica e linha de ônibus”, disse o presidente ao sancionar a lei do MCMV. Ele defendeu a adaptação de imóveis públicos abandonados para serem usados como unidades habitacionais. Só do INSS, disse, são cerca de 3 mil.
Função social
“Com a ruptura democrática em 2016, que levou ao fim dos conselhos, entre eles o das Cidades, a gente acabou tendo um retrocesso muito grande nesses últimos sete anos no Brasil. No nosso entendimento — e já temos debatido isso com o Governo Federal —, além de retomar o Minha Casa Minha Vida, é preciso adequar imóveis abandonados, muitos deles públicos, mas também particulares, em especial nos grandes centros, para que sirvam de moraria. Os centros das grandes cidades são locais que já têm infraestrutura urbana, serviços e equipamentos públicos e muitos espaços vazios”, explica Getúlio Vargas Júnior, presidente da Conam (Confederação Nacional das Associações de Moradores).
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Outro passo importante que ele cita para avançar no debate para a busca de soluções para o déficit habitacional é a retomada do Conselho das Cidades. “Já existe o compromisso do presidente de retomar, em até dois meses, o Conselho Nacional das Cidades e os movimentos de moradia já estão conversando com o Ministério das Cidades”, pontua Vargas Júnior. Ele também defende que até meados de 2024 seja realizada a Conferência Nacional das Cidades, para envolver a população e os movimentos desde a base.
O dirigente da Conam aponta ainda que, com relação aos projetos habitacionais, “não basta simplesmente retornar para o patamar de 2013 ou 2014, no pré-golpe. É preciso dar um salto de qualidade porque a gente passou por um período muito duro. Se não fosse a ação dos movimentos junto ao STF, com a campanha Despejo Zero, mais de um milhão de famílias poderiam ter sido despejadas, além das que já foram durante a Covid-19, ou seja, a gente teria tido uma pandemia seguida de outra ‘pandemia de despejos’ no Brasil”.
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Os movimentos de moradia também defendem que sejam colocados em prática, de maneira ampla, instrumentos como o IPTU progressivo, previsto no Estatuto da Cidade. A Lei 10.257, que o instituiu, estabelece uma série de dispositivos para as prefeituras implementarem nos seus planos diretores. “Mas, o que temos visto é que aquilo que é bom para o mercado, que agiliza o ordenamento e o loteamentos das cidades, sai do papel com muita facilidade. Mas o IPTU progressivo e outros instrumentos que constam no Estatuto para que as cidades incorporem nos seus planos diretores e façam aquilo que está na Constituição, de que a cidade e a propriedade precisam cumprir a sua função social, a gente vê que ainda não saiu do papel. Esse é um grande desafio que temos pela frente”, diz o presidente da Conam.
Para Getúlio Vargas Júnior, este não será um processo fácil, “mas essas questões precisam ser debatidas para que não se fortaleça a especulação e se priorize o aspecto social, de maneira a priorizar famílias de baixa renda e fortalecer a democratização do acesso à cidade, em contraposição a essa visão predominante que coloca a cidade e a moradia como mercadorias”. E conclui: “É um debate que tem de ser feito logo porque quem precisa morar tem pressa”.
Ministério da Ciência e Tecnologia reajusta em até 94% as bolsas do CNPq
A ministra Luciana Santos diz que as bolsas constituem mais um instrumento para a transferência de conhecimento e geração de inovação
Publicado 19/07/2023 16:15 | Editado 19/07/2023 16:16

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) promoveu nesta terça-feira (18) reajustes que vão de 24% até 94% nas bolsas de fomento e extensão do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
As bolsas são destinadas à formação, capacitação de recursos humanos e à agregação de especialistas.
“O impacto orçamentário é de R$ 202 milhões, com recursos do orçamento do CNPq, do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), do MCTI e de instituições parceiras que contam com bolsistas das modalidades contempladas, tais como o Ministério da Saúde, Embrapa, INPE, Fiocruz, AEB e outros”, diz nota da pasta.
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A ministra do MCTI, Luciana Santos, diz que as bolsas de fomento tecnológico e extensão inovadora constituem mais um instrumento para a transferência de conhecimento e geração de inovação.
“O reajuste que anunciamos reflete o compromisso do nosso governo com as pesquisadoras e pesquisadores do país e com a ciência como instrumento para a superação dos mais diferentes desafios e como pilar do desenvolvimento nacional, sendo a inovação um dos principais elementos da política de reindustrialização do Brasil em novas bases tecnológicas”, afirmou.
De acordo com o presidente do CNPq, Ricardo Galvão, não houve condições de anunciar antes esses reajustes porque os novos valores dependiam de recursos de fontes externas.
“Para isso, foram necessários estudos e negociações com cada parceiro para definirmos os valores viáveis”, explicou.
“Essas bolsas representam o principal instrumento de atração de pessoal qualificado no âmbito de parcerias temáticas do CNPq, além de atuar como importante reforço às equipes do Programa INCT”, completou.