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quarta-feira, 1 de julho de 2020

Política ambiental afugenta investidor e pode levar à queda de Salles

Líder do PCdoB afirma que desmatamento no Brasil já pesa no bolso do capital e prevê queda do ministro do Meio Ambiente

(Foto: Reprodução)
Desde que vieram à tona as declarações do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sobre aproveitar a pandemia para deixar “passar a boiada”, em referência à flexibilização das leis ambientais, na famigerada reunião ministerial do dia 22 de abril, a política bolsonarista caiu de vez em descrédito e o Brasil vem sofrendo retaliações no setor.
Na última semana, um debate promovido por banqueiros, entre eles os presidentes dos Itaú Unibanco e do Bradesco, reforçou a preocupação com a forma como o governo brasileiro tem administrado a questão ambiental.
Conforme destacou o jornal Estadão, questões como o aumento do número de queimadas na Amazônia entraram na pauta do encontro, que a princípio trataria de tecnologia bancária. A iniciativa dos banqueiros ocorre em meio à repercussão do assunto junto a investidores estrangeiros, que ameaçam deixar de investir no Brasil, enquanto o presidente Jair Bolsonaro diz ver apenas “desinformação” sobre o seu governo.
Para a líder do PCdoB, deputada Perpétua Almeida (AC), o desmatamento já pesa no bolso do capital. “O próximo a cair será Salles. Itaú e Bradesco alertam para perigo ambiental; investidores ameaçam sair do Brasil se destruição da Amazônia não parar; europeus ameaçam deixar de investir no Brasil por causa do desmatamento”, elencou a líder da legenda.
Durante a feira tecnológica bancária, que ocorreu de forma virtual por conta da pandemia de coronavírus, o presidente do Itaú Unibanco, Candido Bracher, afirmou que “as consequências ambientais podem até vir de uma maneira mais lenta do que as da saúde, como a Covid-19, mas são mais duradouras e difíceis de reverter”.
Presidente do maior banco da América Latina, com quase R$ 2 trilhões em ativos totais, Bracher alertou para o aumento de incêndios na Amazônia no início deste ano, enquanto o Brasil tenta combater a propagação do novo coronavírus. “Estamos vendo neste início de ano incêndios 60% maiores do que foram no ano passado, e nós precisamos, enquanto sociedade, nos mover contra isso”, disse ele, acrescentando que os bancos têm um “peso importantíssimo” no tema.
“Todo mundo falava de sustentabilidade, de problema com o planeta, de aquecimento global, reflorestamento, derrubada, de qualidade do ar, da água. Todo mundo falava sobre isso, mas, de fato, nós temos de reconhecer que fizemos muito pouco em relação a isso”, afirmou o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari.
Para o executivo, a pandemia alertou o mundo sobre a maneira como todos estavam vivendo até então. “Parece que o planeta deu um grito e falou: vocês têm a chance de recuperar o que estão fazendo”, disse Lazari.
Reação
As declarações foram feitas no mesmo dia em que embaixadas do Brasil na Europa receberam uma carta assinada por um grupo de 29 instituições financeiras, com US$ 3,7 trilhões em ativos totais. Nela, ameaçam retirar seus recursos do país caso o governo Bolsonaro não atue para conter o desmatamento na Amazônia. O documento, que ganhou espaço no jornal britânico “Financial Times”, encorpou um coro de críticas às políticas ambientais do governo brasileiro.
Bolsonaro credita o fato de a imagem do país não estar “muito boa” em relação à questão ambiental por “desinformação”.
Liderança do PCdoB com informações do Estadão

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