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quinta-feira, 13 de junho de 2019

Daniel Almeida cobra apuração de assassinato de sindicalista no Pará

Os conflitos no campo fizeram mais uma vítima esta semana. Carlos Cabral Pereira era presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Rio Maria (STTR) e da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras (CTB) do Pará. Ele foi executado a tiros na tarde de terça-feira (11) por homens em uma moto. O ativista já havia sido alvo de um atentado, em 1991, quando também foi baleado em uma emboscada.


*Por Christiane Peres, do PCdoB na Câmara

Daniel Almeida cobrou investigação do governo do ParáDaniel Almeida cobrou investigação do governo do Pará
O líder do PCdoB na Câmara, deputado Daniel Almeida (BA), cobrou que o governo do Pará investigue e puna os responsáveis pelo assassinato.

“Ele sempre defendeu os trabalhadores rurais. Não é primeira vez que isso acontece no Rio Maria. A família Canuto quase foi dizimada. Queremos cobrar do governo do Pará imediata investigação e punição dos criminosos”, afirmou o parlamentar.

Carlos Cabral Pereira é o terceiro presidente do sindicato a ser assassinado em Rio Maria, cidade conhecida como "A terra da morte anunciada". Pereira teve a vida marcada pela defesa do direito dos trabalhadores rurais na região.

Histórico de mortes

Carlos era ex-genro de João Canuto, primeiro presidente do STTR de Rio Maria e militante do PCdoB, assassinado por pistoleiros em dezembro de 1985. O segundo presidente a ser assassinado foi Expedito Ribeiro, crime ocorrido em fevereiro de 1991. Carlos Cabral presenciou ainda o assassinato de Braz Oliveira, membro da direção do mesmo sindicato no ano de 1990 e, no mesmo ano, viu de perto três filhos de João Canuto: José, Paulo e Orlando serem sequestrados por um grupo de pistoleiros em um bairro de Rio Maria. José e Paulo foram assassinados, e Orlando, mesmo baleado e algemado, conseguiu fugir e sobreviveu.

A impunidade sempre prevaleceu em relação aos crimes ocorridos contra sindicalistas em Rio Maria nas décadas de 1980 e 1990. No caso de João Canuto, o inquérito que investigou o crime levou 8 anos para ser concluído. Mais de 18 anos após o crime, a Justiça conseguiu julgar apenas dois fazendeiros acusados de serem os mandantes dos crimes: Adilson Laranjeira (ex-prefeito de Rio Maria) e Vantuir Gonçalves. Os dois foram condenados a penas de 18 anos e 6 meses de prisão, no entanto nenhum deles foi preso até hoje para iniciar o cumprimento da pena.

Conforme dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), nas últimas quatro décadas foram assassinadas 53 lideranças (sindicalistas, advogados, religiosas e ambientalistas) no Pará. Desse total, 38 mortes ocorreram nas regiões sul e sudeste do estado. Com o assassinato de Carlos Cabral, são agora 39 assassinatos apenas de lideranças na região – o que mostra o alto índice de violência contra trabalhadores e trabalhadoras rurais e suas lideranças nesta região.

Os históricos conflitos pela posse da terra na região se agravaram ainda mais com as decisões do governo Bolsonaro de suspender a tramitação de todos os processos de desapropriação, compra e arrecadação de terras públicas para assentar novas famílias e de incentivar os fazendeiros a se armarem para expulsar famílias sem-terra das propriedades em conflito.



*Com informações da Comissão Pastoral da Terra

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